A
CORREÇÃO FRATERNA , GRANDE MEIO DE SALVAÇÃO
Quem
não corrige seu próximo, causa dano não somente a ele mas também a si próprio.
Ver-se-á privado dos méritos e benefícios do cumprimento desse dever, e acabará
por escandalizar os que constatam sua negligência
I
- A correção, grande meio de salvação : Santo Afonso Maria de Ligório escreveu uma bela obra intitulada "A oração,
grande meio de salvação". Seu conteúdo é preciosíssimo e
irrefutável. Numa de suas
páginas, o Santo chega a afirmar que quem reza se salva e quem não reza se
condena. Ao penetrarmos no âmago dos ensinamentos de Nosso Senhor,
chegamos a uma conclusão parecida: a correção fraterna é um grande meio de
salvação, pois bem pode o destino eterno de alguém depender da aceitação às correções
que lhe sejam feitas. Esta é a matéria que a Liturgia de hoje nos leva a
considerar: o dever da correção fraterna e a necessidade de bem recebê-la
II
- Qual é o filho a quem seu pai não corrige? : "Se teu
irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te
ouvir, terás ganho teu irmão". É claro o conselho do Divino Mestre, quanto
à necessidade de corrigir aqueles que pecam contra nós. Nas ofensas pessoais,
injúrias, ou mesmo nos defeitos que observemos na conduta de outros - sobretudo
faltas concernentes à Fé e aos costumes, com risco de produzir algum escândalo
- não podemos deixar de advertir nosso próximo, seja por indiferença nossa,
seja, pior ainda, por desprezo. E para pôr em prática a norma do Senhor,
expressa no versículo acima, nosso zelo deve ser cheio de fervor. São João
Clímaco compara, com muita unção, a crueldade de alguém que retira o pão das
mãos de um menino faminto, com a daquele que tem a obrigação de corrigir e não
o faz.1 Este último causa dano não só a seu próximo mas também a si próprio.
Ver-seá, por essa omissão, privado dos méritos e benefícios do cumprimento
desse dever e acabará por escandalizar os que constatam sua negligência. O
mesmo se passa no campo da botânica, pois quanto mais fértil um terreno, mais
se deve trabalhá-lo para evitar que se transforme em bosque e, depois, em mata.
Evidentemente, na aplicação deste preceito, não se deve agir com alguma paixão,
por menor que seja. A isenção de ânimo é fundamental. Toda caridade deverá ser
empregada na delicadíssima tarefa da reconciliação
A
obrigação de advertir : A primeira responsabilidade -
reconhecer o próprio erro - é de quem o comete. Porém, o zelo, a prudência e o
amor a Deus cabem a quem tem a obrigação de advertir. "Aquele que poupa a
vara quer mal ao seu filho; mas o que o ama corrige-o continuamente" (Pr
13, 24). Portanto, é falsa ternura deixar de aplicar uma necessária correção,
julgando com essa omissão poupar alguma amargura a quem dela necessita. Quem
assim se omite, em realidade não só é conivente com a falha praticada, mas
demonstra querer mal a quem precisaria do apoio de uma palavra esclarecedora
Esse sentimentalismo,
desequilíbrio e equivocada indulgência confirmam em seus vícios os que erram. É
importantíssimo que pais, educadores, etc., cumpram nessa matéria seu dever,
pois assim nos ensina o Livro dos Provérbios: "A loucura está ligada ao
coração do menino, mas a vara da disciplina a afugentará" (22, 15). Aliás,
é sinal de muito amor avisar de suas faltas os inferiores; quando um pai assim
procede com seu filho, deseja-lhe o bem e a virtude. A reciprocidade nesse amor
deve ser uma característica de quem recebe o aviso ou repreensão: "Não
rejeites, meu filho, a correção do Senhor, nem caias no desânimo quando Ele te
castiga, porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e acha nele a sua complacência
como um pai em seu filho" (Pr 3, 11-12). Se o superior deixa de advertir
os que lhe estão confiados, é claro sinal de que não se sente amado como um
pai; ou não ama o inferior como filho, e neste caso não é raro que dele venha
até a murmurar. Ao escrever aos hebreus, São Paulo não receia afirmar: "Sede
perseverantes sob o castigo. Deus trata-vos como filhos. E qual é o filho a
quem seu pai não corrige? Se, porém, estais isentos do castigo, do qual todos
são participantes, então sois bastardos e não filhos legítimos" (Hb 12,
7-8). Pois, de fato, o remorso, a dor de nossas faltas, o peso de consciência,
constituem um inestimável dom de Deus
"Não
poupes a vara a teu filho" : Cornélio a Lápide,
em sua famosa obra de comentários sobre as Sagradas Escrituras, assim se
exprime sobre esta questão: "Não poupes ao menino a correção; se o
castigares com a vara, ele não morrerá, diz o Livro dos Provérbios (Noli
subtrahere a puero disciplinam; si enim percusseris eum virga, non morietur).
Castiga-o com a vara e salvarás sua alma do inferno (Tu virga percuties eum et
animam eius de inferno liberabis) (23, 13-14). A correção é para o menino o que
o freio é para o cavalo e o aguilhão para os bois. "Os pais que são
demasiadamente indulgentes com seus filhos não os castigam, mas os expõem aos
suplícios do inferno. Quem tem excessiva indulgência para com seu filho, é o
seu mais cruel inimigo. Assim, pais e mães, se amais vossos filhos,
aplicai-lhes a vara das correções, para não acontecer que eles vão parar no
inferno; se os livrais daquelas, será para condená-los a este. Escolhei!
"Repetimos: a salvação e a felicidade dos filhos resultam de uma boa
educação e da justa severidade dos pais
Pelo contrário, uma
condescendência licenciosa e a falta de correção são o princípio da má conduta
e da condenação dos filhos: eles caem em excessos e crimes que os levam à
desgraça eterna. Quantos filhos, no inferno, maldizem os seus pais e os
encherão de imprecações durante os séculos dos séculos, por terem negligenciado
repreendêlos, corrigi- los e castigá-los, tornando-se assim causa de sua eterna
perdição! "Compreende-se o ódio desses desgraçados, porque tais pais lhes
deram, não a vida, mas a morte; não o Céu, mas o inferno; não a felicidade, mas
a desgraça sem fim e sem limites. O menino guarda até sua velhice e até a morte
os costumes de sua infância e de sua juventude, de acordo com as palavras da
Sagrada Escritura: ‘O caminho pelo qual o jovem começou a andar desde o
princípio, dele não se afastará mesmo quando envelhecer. (Adolescens juxta viam
suam etiam cum senuerit non secedet ab ea) (Pr 22, 6). A árvore que cedo se
entorta continua com sua má inclinação até ser cortada e lançada ao fogo"2
Dever
de gratidão de quem é corrigido : Na vida comum, não é
raro acontecer o caso de sairmos de casa distraidamente com algum desalinho em
nossa apresentação: meias de cores diferentes, roupa mal-colocada, etc. Basta
que, por caridade, alguém nos advirta para nós nos manifestarmos cheios de
gratidão; se, pelo contrário, ninguém nos avisasse, ficaríamos ressentidos. Ora,
maior motivo temos para agradecer a quem nos admoesta pela nossa falta de
virtude, sobretudo naquilo que possa vir a constituir escândalo
Inclusive as
considerações daqueles que trilham as veredas do paganismo mostram irem no
mesmo sentido os ditames da sabedoria humana neste particular. Plutarco afirma
que nós deveríamos pagar bem aos nossos adversários porque dizem as verdades a
nosso respeito. Os amigos, segundo ele, só sabem bajular, adular e lisonjear. 3
É, aliás, o que encontramos nas relações habituais de hoje em dia, ou seja, não
nos deparamos com alguma correção a não ser quando se estabelece uma inimizade,
só aí acabamos por conhecer o que realmente os outros pensam sobre nós. Hugo de
São Vítor sintetiza de modo sábio os bons efeitos da correção. Quando é aceita
com humildade e gratidão, ela detém os maus desejos, coloca freio às paixões da
carne, derruba o orgulho, apazigua a intemperança, destrói a superficialidade e
reprime os maus movimentos do espírito e do coração.4 Por isso é que ganhamos
um irmão quando somos ouvidos com boa disposição da parte de quem corrigimos,
pois lhe devolvemos a verdadeira paz de alma e o reconduzimos ao caminho da
salvação
III
- Correção amistosa diante de testemunhas : "Se não te escutar, toma contigo uma ou
duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou
três testemunhas". O empenho de salvar nosso irmão deve ser penetrado de
forte zelo. Caso tenha sido infrutífera a advertência a sós, não se deve
abandoná-lo, pelo contrário, é preciso insistir
A orientação dada aqui
pelo Divino Mestre não visa preencher o procedimento exigido pelo Deuteronômio:
"Sobre o depoimento de duas ou três testemunhas morrerá aquele que tiver
de ser morto. Mas não será morto sobre o depoimento de uma só. [...] Ambos os
contendores comparecerão diante do Senhor, na presença dos sacerdotes e dos
juízes que estiverem em exercício naqueles dias" (Dt 17, 6; 19, 17). Pelo
contrário, ela tem por objetivo utilizar o instinto de sociabilidade como
poderoso elemento de pressão psicológica para tentar "ganhar o
irmão". Ainda estamos num âmbito de privacidade, e por isso a reputação
social do infrator encontra-se resguardada. Por outro lado, a presença de
testemunhas poderá criar-lhe certo temor saudável e, quiçá, tornar-lhe
impossível deixar de admitir sua culpa. Se ele vier a reconhecê-la, verificar-
se-á o efeito visado na primeira investida, expresso no versículo anterior. A
eficácia deste meio baseia-se no apreço que o transgressor possa devotar ao
conceito que desfruta junto aos outros. Não se trata, portanto, de colocá-lo
entre a espada e a parede, judicialmente falando, pois bem poderia uma ação
desse teor mais suscitar um irreversível ódio do que propriamente conduzi- lo a
um sentimento de dor por sua falta
Esses tais outros a
serem convocados não devem exercer a função de testemunhas de acusação em
juízo, mas sim a de auxiliares na correção amistosa. Portanto, a fama e o
decoro do infrator serão objeto de todo o cuidado possível. "O que devemos
fazer, caso não tenhamos persuadido nosso irmão, o Senhor o diz com estas
palavras: ‘E se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas', etc. Quanto
mais desavergonhado e obstinado for ele, tanto mais convém aplicar-lhe o
medicamento, mas sem movê-lo à cólera e ao ódio. Quando vê que a enfermidade
não cede, o médico não desiste, mas é então que ele mais se prepara para
vencê-la
Veja, pois, como nossa
meta não deve ser a vingança, mas sim a emenda pela correção; isto obtido, não
manda o Senhor que em seguida se tomem dois, mas só quando ele não quiser
emendarse. E nem mesmo neste caso quer que ele seja enviado ao povo, mas que
seja corrigido diante de um ou de dois, conforme previne a Lei, a qual diz:
‘Que toda palavra saída da boca de duas ou três testemunhas seja tomada em
consideração'. É como se dissesse: tendes um testemunho, fizestes a vossa
parte".5 Segundo São Jerônimo, isso pode ser entendido também desse modo:
"Se ele não quis te escutar, apresentao tão-somente a um irmão; e se não
atender a este, apresenta-o a um terceiro, seja para que ele se corrija por
vergonha ou por teu conselho, seja para que veja que ages diante de
testemunhas".6 . E a este comentário deve-se acrescentar o que diz a
Glosa: "Ou para que, caso ele diga que não pecou, as testemunhas provem
que pecou".7
IV
- O bem da própria Igreja : "Se recusa ouvi-las, dize-o à Igreja. E
se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um
publicano". Ao chegar a esse estágio, tornou- se patente que o método
amigável fracassou; o culpado persistirá em seu ódio, em suas mazelas, ou em
seus erros, e nesse caso não caberá senão recurso à Igreja, aquela instituição
prometida por Nosso Senhor Jesus Cristo que seria fundada sobre a pedra chamada
Pedro. Permanece ainda em foco o zelo pela alma do culpado e por seu bem
particular, mas outro bem se torna presente: o da própria Esposa de Cristo
Já
não pertencem ao Rebanho : Se ele não der ouvidos à voz da
Igreja, deverá ser considerado como um publicano ou gentio. Será indispensável
haver um rompimento de relações. Nenhum vínculo nos unirá a ele. Ver-se-á
excluído tal qual os pagãos ou os publicanos, que não eram admitidos pelos
judeus na comunicação do culto e das orações. A consideração de todos a seu
respeito será como a de uma pessoa perniciosa que poderia colocar em risco a
perseverança dos demais; daí a necessidade de evitarem o seu convívio
Pobre daquela pessoa
que não ouve a voz da Igreja ou que despreza o timbre e a sonoridade dessa voz.
Poderá ela levantar-se contra sua autoridade, discutir sobre seus deveres, menosprezar
suas correções ou condenações. A palavra do Senhor, porém, é firme como uma
rocha: "O Céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não
passarão" (Mt 24, 35)
Tal pessoa já não
pertencerá ao Rebanho do Bom Pastor; não mais terá direito ao nome de católico,
apostólico e romano... Quem dá as costas à Igreja de Jesus Cristo será
considerado como um gentio ou publicano aos olhos de Deus. Essa denúncia deve
ser feita com espírito cristão. Assim procederam os criados da parábola quando,
com tristeza, comunicaram a falta do seu companheiro ao rei (cf. Mt 18, 31). Se
os acusadores se movessem por espírito de ódio ou de vingança, por puro egoísmo
ou por inveja, deveriam ser tidos por delatores rasteiros; mas, procedendo
assim, eles não podem ser vistos como personagens abjetos e mal conceituados
Deus
manda que os repreendamos e nos afastemos : O católico,
quando acusa, o faz por amor e com amor. Levando em consideração que o pecador
não poucas vezes poderá vir a constituir um perigo para o bem comum e, portanto,
para a própria sociedade, não denunciá-lo será uma omissão contra a caridade,
ou até mesmo comodidade egoísta e covarde. Não é incomum encontrarmos essa
omissão como vício praticado até no interior de algumas comunidades religiosas;
omissão que acaba por transformar-se em desabafo e se desdobra, muitas vezes,
em comentários difundidos entre os demais sobre as infrações destes ou daqueles
culpados, verdadeiras murmurações que às vezes ultrapassam os limites da
calúnia
Essa falta de caridade
tem conseqüências maléficas sobre o próprio infrator, que muito lucraria se
fosse conhecido como tal. Pois a situação de repudiado por todos os seus
conhecidos faria crescer nele o senso de vergonha e poderia servir-lhe de um
bom meio de conversão, conforme ensina São Jerônimo: "Entretanto, se
tampouco a esses ele quer escutar, então deve-se dizer isso a muitos, para que
o detestem e, assim, aquele que não pôde ser salvo pela vergonha salve-se pelas
afrontas".8 Por isso mesmo, é um dever denunciar o pecador, e assim o
sublinha a Glosa: "Ou dize-o também a toda a Igreja, para fazê-lo passar
maior vergonha. Depois de tudo isso deve seguir- se a excomunhão, a qual
precisa ser feita pela boca da Igreja, isto é, pelo sacerdote que, quando
excomunga, toda a Igreja excomunga com ele".9 Vale aqui também o princípio
latino: corruptio optimi, pessima. Vemos o quanto é mais pernicioso um cristão
que enverede pelos caminhos do mal do que, às vezes, os próprios maus, como
assevera São Jerônimo: "Pelas palavras
‘seja ele para ti como um pagão e um publicano', o Senhor nos dá a entender que
devemos detestar mais quem com o nome de cristão pratica obras de infiéis do
que quem é claramente pagão. Dá-se o nome de publicanos àqueles que buscam as
riquezas do mundo e exigem impostos por meio de tráficos, fraudes, furtos e
perjúrios horríveis"
Virtude
da parte do acusador e do acusado : Nunca será demasiado
insistir que a nota não só tônica, mas essencial, dessa denúncia deverá ser o
amor ao próximo por amor a Deus, pois quem se encoleriza contra o seu irmão
será réu no tribunal de Deus (cf. Mt 5, 22). A indignação egoísta e malfazeja, o
sarcasmo, a zombaria, a vingança, etc., não podem penetrar nem sequer as zonas
ocultas de nosso coração, pois ali está Deus para analisar nossos sentimentos e
intenções. Eles são a fonte de nossos atos, e por isso todo rancor deve ser
erradicado com intransigência
Da parte do acusado,
também será exigida a virtude para sua conversão, pois não lhe fará pouca
resistência a mesma soberba que o levou a andar mal. "Quem encontrará um
homem que deseja ser repreendido? Onde encontraremos aquele sábio, de quem diz
Salomão nos Provérbios: ‘Repreende o justo e ele te amará'? (Prov 9,
8)".12 A manifestação de arrependimento e emenda da parte do corrigido é
saudada com uma bela exclamação do Eclesiástico (cf.Eclo 20, 4), afirmando que
por esse meio se consegue mais facilmente fugir do pecado. E São Basílio faz
uma analogia entre a disposição de “um enfermo que aceita os penosos
tratamentos indicados pelo médico para obter sua cura, e a humildade de um
homem que realmente deseja sua salvação eterna, pois este também aceita com
gáudio a correção que se lhe faça, por mais amarga e áspera que esta possa
ser.13 O receber mal as repreensões constitui não só uma ofensa a Deus, mas até
mesmo conduz a rejeitar toda semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem
assim procede não tardará em perder todas as suas virtudes e, por orgulho,
caminhará de queda em queda, aproximando-se a cada passo do espírito de
satanás”
O poder dado a Pedro :
"Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a Terra será ligado no
Céu, e tudo o que desligardes sobre a Terra será também desligado no Céu".
Devemos manifestar nossa gratidão cheia de júbilo por essa concessão feita pelo
Redentor aos primeiros Pastores da Igreja e estendida a todos os seus
sucessores. Trata-se de um nobilíssimo poder, elevado, amplo e necessário para
a perpetuidade do depósito da Fé, a conservação dos bons costumes e da
tradição, em suma, da boa ordem. Ele foi concedido em plenitude a Pedro (cf. Mt
16, 18-19) e é em decorrência da autoridade dele que os outros o têm. "Esses
vastíssimos poderes que tocam tanto ao foro externo quanto ao interno - quer
dizer, o direito de pronunciar sentenças judiciais e o de absolver os pecados -
não são confiados, como é natural, à massa dos fiéis mas aos superiores
regularmente instituídos
E se a fórmula pela
qual eles lhes são conferidos assemelha-se à que Jesus usou quando nomeou São
Pedro chefe supremo da Igreja, é natural também que não lhes conceda senão uma
jurisdição subordinada à autoridade do Supremo Pastor".14 Orígenes faz uma
interessante observação sobre o plural: "nos céus", usado por Jesus
quando se refere aos poderes dados a Pedro, e o singular ao dirigir-se aos
Apóstolos: no céu, "porque este poder não é tão perfeito quanto aquele
dado a Pedro".15
É de muito valor a
apreciação de São Jerônimo a respeito desta passagem: "Como o Senhor havia
dito: ‘E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um
publicano' (Mt 18, 17), e poderia acontecer que o irmão, assim desprezado,
respondesse ou pensasse da seguinte maneira: ‘se vós me desprezais, eu também
vos desprezo, se vós me condenais, eu também vos condeno', o Senhor deu aos
Apóstolos um poder tal que não pode restar dúvida aos condenados por eles de
que a sentença humana está confirmada pela sentença divina. Por isso diz: ‘Em
verdade vos digo que tudo quanto ligardes', etc.".16 Cabe aqui também
reproduzir as sábias considerações feitas por São João Crisóstomo: "E não
disse àquele que preside na Igreja: ‘Liga quem assim peca', mas: ‘Tudo quanto
ligares'. O que era deixar tudo em mãos do ofendido. E os vínculos permanecem
indestrutíveis. Logo, o pecador terá de sofrer os últimos castigos; a culpa
disso, porém, não a terá quem o denunciou, mas quem não quis submeter- se.
Vê-se como o Senhor condena o pecador a uma punição aqui na Terra e a outra no
além. Porém, se ameaça com o castigo na Terra é para não chegar ao suplício no
além, mas antes para que o obstinado se abrande pelo temor da ameaça, pela
expulsão da Igreja, pelo perigo de ser atado na Terra e ficar ligado também nos
céus. Sabendo disso, é natural que o homem - se não no princípio, ao menos ao
passar por tantos tribunais - desista de sua ira. De onde ter o Senhor
estabelecido um, dois e até três juízos, e não expulsar imediatamente o
culpado, pois, caso se recuse a ouvir o primeiro tribunal, pode ceder ao
segundo; se rechaça também o segundo, ainda lhe resta o terceiro. Se rejeita
também este, podem ainda assustá-lo o castigo futuro e a sentença e justiça de
Deus".17
V
- A humanidade sempre precisará de perdão : "Digo-vos ainda isto: se dois de vós
se unirem sobre a Terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai
que está nos Céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em Meu nome, aí
estou Eu no meio deles". Sem nenhum receio, pode-se afirmar que nestes
dois versículos encontra-se a síntese de toda a obra do Salvador. Jesus é o elo
entre todos aqueles que tomam a deliberação de se unir em Seu nome, pois,
nessas circunstâncias, Ele estará no meio deles. Por sua intercessão, será
comovida a misericórdia do Pai e saberão os discípulos o que pedir, pois neles
gemerá o Espírito (cf. Rom 8, 26), e assim, tudo obterão. Jesus estará agindo
sobre todos e cada um, oferecendolhes Seu amor, Seu poder e Sua sabedoria. E
essa é a verdadeira Igreja que vive de compaixão, misericórdia e piedade, pois
a humanidade, que sempre pecará, sempre necessitará do perdão do Divino
Redentor, dado por meio de Sua Igreja
FONTES
: 1 CLÍMACO, São João. Scala Paradisi - Gradus IV (De obedientia); 2 LAPIDE,
Cornelius a ; Commentaria in Scripturam Sacram ; 3 Cf. PLUTARCO. De capienda ex
inimicis utilitate ; 4 Cf. SAINT-VICTOR, Hugues de. De institutione novitiorum
líber, cap. X ; 5 CRISÓSTOMO, São João. Homiliæ in Matthæum, hom. 60, § 1 ; 6
JERÔNIMO, São. Commentariorum in Evangelium Matthæi Libri Quattuor, Cap. XVIII,
Vers. 15 seqq ; 7 AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea ; 8 JERÔNIMO, São. Op.
cit., ibidem ; 9 AQUINO, São Tomás de. Catena Aurea ; 10 JERÔNIMO, São. Op.
cit., ibidem ; 11 CRISÓSTOMO, São João.
Op. cit. Ibidem ; 12 AGOSTINHO, Santo. Epístola 210, § 2 ; 13 Cf. BASÍLIO, São.
Sermones viginti quator - De moribus. Sermo II - De doctrina et admonitione ; 14
FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. v. II ; Madrid: Ediciones Rialp S.A., 2000. p. 310 ;
15 Apud AQUINO, São Tomás de Catena Aurea ; 16 JERÔNIMO, São. Op. cit., Cap.
XVIII, vers. 18 ; 17 CRISÓSTOMO, São João. Op. cit., ibidem
LITURGIA
DO DIA 02 DE JUNHO DE 2014
PRIMEIRA LEITURA (AT 19,1-8)
Leitura
dos Atos dos Apóstolos - 1Enquanto Apolo estava em
Corinto, Paulo atravessou as regiões montanhosas e chegou a Éfeso. Aí encontrou
alguns discípulos e perguntou-lhes: 2“Vós recebestes o Espírito Santo quando
abraçastes a fé?” Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe o
Espírito Santo!” 3Então Paulo perguntou: “Que batismo vós recebestes?” Eles
responderam: “O batismo de João”. 4Paulo disse-lhes: “João administrava um
batismo de conversão, dizendo ao povo que acreditasse naquele que viria depois
dele, isto é, em Jesus”. 5Tendo ouvido isso, eles foram batizados no nome do
Senhor Jesus.6Paulo impôs-lhes as mãos e sobre eles desceu o Espírito Santo.
Começaram então a falar em línguas e a profetizar. 7Ao todo, eram uns doze
homens. 8Paulo foi então à sinagoga e, durante três meses, falava com toda
convicção, discutindo e procurando convencer os ouvintes sobre o reino de Deus -
Palavra do Senhor
SALMO
RESPONSORIAL (Sl 67)
Reinos
da terra, cantai ao Senhor
— Eis que Deus se põe
de pé, e os inimigos se dispersam! Fogem longe de sua face os que odeiam o
Senhor! Como a fumaça se dissipa, assim também os dissipais, como a cera se
derrete, ao contato com o fogo, assim pereçam os iníquos ante a face do Senhor!
— Mas os justos se
alegram na presença do Senhor; rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!
Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! O seu nome é Senhor:
exultai diante dele!
— Dos órfãos ele é pai,
e das viúvas protetor; é assim o nosso Deus em sua santa habitação. É o Senhor
quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, quem liberta os prisioneiros e os
sacia com fartura
EVANGELHO
(JO 16,29-33)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João - Naquele
tempo, 29os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não
usas mais figuras. 30Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que
alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”. 31Jesus
respondeu: “Credes agora? 32Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos
dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o
Pai está comigo. 33Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No
mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” - Palavra da Salvação
MENSAGEM DE NOSSA
SENHORA EM MEDJUGORJE – “Hoje convido-os a enamorarem-se do Santíssimo Sacramento
do altar. Filhinhos, adorem-No em suas paróquias e, assim, estarão unidos com o
mundo inteiro. Jesus se tornará amigo de vocês e não falarão dEle como de
alguém que apenas conhecem. A unidade com Ele será alegria para vocês e
tornar-se-ão testemunhas do amor de Jesus, que Ele tem por cada criatura.
Filhinhos, quando adoram a Jesus, vocês estão também perto de Mim” – MENSAGEM DO DIA 25.09.95
A
IGREJA CELEBRA HOJE , SÃO MARCELINO E SÃO PEDRO
– Mártires . Os santos de hoje, pertenceram ao clero romano no século IV e
viveram no contexto da grande perseguição contra a Igreja de Cristo, por parte
do Imperador Diocleciano. Foram mártires por causa do amor a Jesus. Os santos
demonstram com a vida e até com a morte, no caso dos mártires, que o amor
precisa ser o mais importante. Foram presos, e na cadeia souberam que o
responsável daquela prisão estava deprimido. E quiseram saber o porquê. E a
filha deste, estava sendo oprimida pelo maligno. Eles então, anunciaram Jesus
àquele pai, e disseram do poder do Senhor para libertá-la. Conseguiram
liberação, foram até a casa desta família, anunciaram Jesus, oraram pela
libertação daquela criança e que graça, toda a família se converteu, aceitando
o santo Batismo. Este pai de família também foi preso e martirizado. Pedro e
Marcelino foram instrumentos da Divina Providência para que a evangelização
chegasse a essa família e a tantas outras pessoas. Estes santos foram
decapitados no ano de 304. Peçamos a intercessão destes santos para que a nossa
evangelização seja centrada no amor de Deus, para que muitas famílias se
convertam e se tornem sinais visíveis deste amor que santifica e salva, o amor
de Deus. São Marcelino e São Pedro,
rogai por nós!
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