Entretanto, é justo, também, que tu castigues os
maus. Haverá, pois, algo mais justo do que os bons receberem o bem e os maus o
castigo? Como , então, pode ser justo ao mesmo tempo que tu castigues os maus e
lhes perdoes? Ou será que, sob certo aspecto, tu castigas os maus com justiça e,
sob outro, lhes perdoas, igualmente, com justiça? Com efeito, é justo que tu
castigues os maus, pois o mereceram; mas é, também, justo que lhes perdoes, não
em virtude dos méritos, que não têm, e , sim, porque isso condiz com a tua
bondade. Ao perdoares aos maus, tu és justo em relação a ti mesmo, não a nós,
assim como és misericordioso em relação a nós, e não a ti
Com efeito, ao salvar-nos, quando, com toda
justiça, poderias nos condenar, és misericordioso, não porque tu experimentas
um afeto, coisa esta estranha à tua natureza, mas para que nós percebamos o
efeito da tua bondade. Da mesma maneira és justo não porque tu operas em
virtude daquilo que é condizente com a tua bondade suprema
Desta forma, portanto, não há contradição em dizer
que tu castigas e perdoas sempre com justiça
Santo Anselmo de Cantuária. Proslógio, cap. X.
Fonte: Santo Anselmo, São Paulo: Nova Cultural,
2005, p.146
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