DIANTE
DO MAL , COMO AGIRMOS ?
A vida cristã é uma
cristianização da vida. Em suma, ela abarca todos os seus aspectos.
Santifica-se de acordo com seu temperamento, sua família, sua história, seu
país, seu sexo, seu passado e, também, de acordo com as circunstâncias
providenciais nas quais se está situado. Ora, a época na qual devemos nos
santificar é marcada por uma crise sem
precedentes na história da Igreja. Essa
crise deve ser a ocasião providencial de um progresso da vida cristã. É
precisamente aqui que reside o problema, tanto somos tentados a evitar a Cruz
de Cristo, e a não carregá-la como convém. Pior, diante desse escândalo do mal
incessantemente renovado, duas escolhas
opostas nos espreitam
O ENDURECIMENTO : O
primeiro é de se endurecer diante do mal e, sobretudo, dos fautores do mal.
Isso é comum, próprio
de uma alma reta, generosa, porém ainda muito cheia de si mesma e não o
bastante da misericórdia de Cristo. Tal era o caso dos Apóstolos
João e Tiago, prontos a fazer cair fogo do Céu sobre os samaritanos, e, felizmente, freados pelo próprio Jesus
Cristo
Se o endurecimento prossegue, a
alma cai no puritanismo, até mesmo no farisaísmo, onde ela perde pouco a pouco o olhar compassivo que tanto convém aos discípulos
de Cristo. Seu zelo se torna amargo
e se caracteriza pelo emprego abusivo da ironia, a abundância de julgamentos apressados e temerários e a severidade com
a qual seu ódio louvável pelo erro é transferido ilegitimamente sobre os
pecadores
Esse defeito tem várias causas.
Ele pode provir, em particular, do que os autores espirituais chamam de acídia. Esse mal, muito cedo
diagnosticado na Antiguidade cristã, se caracteriza pelo aborrecimento pela
vida cristã no que ela tem de espiritual. É um tipo de paralisia que invade a
alma diante do esforço da vida cristã e, mais precisamente, diante do bem
divino. A alma não encontra mais alegria na vida interior, na contemplação, na
oração. A alma fica como que aborrecida com a ideia de imergir nas verdades sobrenaturais,
nos bens espirituais. Se a alma sucumbe a essa paralisia, ela se apressa em
fugir de seu dever espiritual, depois, de seu dever em geral, e o foge segundo
seu temperamento
Para algumas delas, a fuga
consistirá em se abster puramente e simplesmente de um dever árduo: um pouco de oração e de adoração, uma
correspondência não entregue, uma admoestação difícil de se fazer, etc..
Para outros, isso consistirá em se atribuir um dever onde não existe. Isso é a
preguiça ativa, daqueles que estão dispostos a fazer tudo… salvo o que o Bom Deus lhes pede hic et nunc . Essa acídia assume uma forma particular na
alma de alguns beatos falsos. Seu aborrecimento diante das
exigências da vida espiritual encontra uma escapatória honrável no zelo amargo.
Visto que eles se recusam a colocar todo
o ardor desejado na vida interior, eles se desculpam se consagrando a
um zelo pela religião por demais humano. Tal pai de família perderá seu tempo
na internet, pretendidamente para se informar sobre a crise da Igreja que ele
vive com ardor… no lugar de se colocar de joelhos. Tal mulher partirá numa
cruzada contra todos aqueles que faltam com a modéstia nas vestes. Tal outro
arquivará todas as publicações “inimigas” que lhe parecem desastrosas. Por mais
úteis e boas que sejam essas ocupações, elas estão desviadas de sua bondade
moral por uma intenção acídica. Esse
zelo humano esconde a ausência de zelo pela vida interior. Este é um
defeito que, infelizmente, é encontrado mais particularmente nos meios
dos “Tradicionalistas” . Tendo boas razões para isso: o zelo amargo
supõe ter… zelo. E o zelo supõe ter
princípios, regras de vida. E nem todo mundo os tem… ao menos não os
mesmos. Esse defeito, felizmente, tem
remédio[1], mas, antes de indicá-los, convém abordar o segundo escolho
O AMOLECIMENTO : Ao inverso dos precedentes, outros cristãos são tentados a entregar
os pontos diante do progresso do mal. Essa é uma tentação mais comum, tanto é verdade que é mais fácil sucumbir
tranquilamente que lutar galhardamente. Enquanto que seria preciso manter
no espírito de fé e içar sua alma incessantemente acima de si para se unir a
Deus, é mais fácil rebaixar as exigências da vida cristã e ceder ao compromisso
Assim que uma alma sente
aborrecimento pela vida interior, ou perde a coragem diante das dificuldades da
vida cristã, ela é rapidamente tentada a encontrar “acomodações com o Céu”. Essa tentação toma diversas formas, aqui
ainda, de acordo com as pessoas. Um Lammenais, um Sangnier são exemplos de um
enfraquecimento mais doutrinal, mais intelectual e político. No lugar de reagir
por um crescimento da alma diante das dificuldades de uma restauração da
“cristandade”, eles adaptaram a doutrina
cristã às suas forças por demais humanas
“Para que serve lutar para defender uma ordem política e cristã
ultrapassada? Sigamos a evolução do
mundo permitida por Deus“ . Alguns seriam tentados a sucumbir a essa
tentação nessa crise da Igreja. Não tomamos o bonde errado nos opondo aos
erros modernos? Não somos duros demais? Paremos de condenar incessantemente,
paremos de contrariar as pessoas com histórias de saia, de véu, de missa
ralliée ou não ralliée. Vamos em frente, e deixemos os rabugentos para trás. “A
Fraternidade São Pio X é dura demais, é por isso que ela não avança muito !!”
Esse tipo de linguagem foi
mantida nos anos pré-conciliares por numerosos eclesiásticos, decepcionados ao
ver o pouco sucesso de seu apostolado e a descristianização de seu país. A
solução parecia completamente encontrada: visto que não se conseguia mais mudar
o mundo, era preciso mudar os métodos de apostolado. E esse foi o
aggiornamento. Da mesma forma, diante da
crise da Igreja que se prolonga, poderíamos ser tentados a sucumbir ao
desencorajamento e ao compromisso. Essa tentação, muito compreensível,
muito humana, continua uma tentação. E ela é a tentação de fugir dos meios sobrenaturais para
se dobrar aos cálculos humanos, às soluções enviesadas, simplistas
ou sofísticas
O amolecimento pode tomar outra
forma, dessa vez “sobrenaturalista”. No lugar de viver nessa crise da Igreja e de se santificar nesse combate doutrinal,
foge-se da luta para se refugiar em uma “mística” da oração, da piedade, onde o
combate pela fé passa para um segundo plano. Este é um modo de querer a santidade
fora da crise da Igreja e, portanto, das exigências reais da vida cristã
Outrossim isso é colocar a
virtude moral da piedade antes da virtude teologal da fé, é colocar seu “conforto” espiritual antes da honra de Cristo. É uma
nova forma de quietismo, que é apenas uma forma da acídia mais sutil e adornada
de misticismo. Em resumo, quando uma alma experimenta a letargia
diante das exigências da vida cristã, ela pode tender a conformar essas
exigências com suas forças completamente humanas
O REMÉDIO : A VIDA INTERIOR - O equilíbrio entre esses dois excessos é
delicado. Diante do enrijecimento ou do desencorajamento que espreitam os
cristãos atingidos pela crise da Igreja, notemos inicialmente que não somos
julgados sobre os resultados, mas sobre
nossa caridade combativa a serviço de Deus, como recordava tão bem Juan
Donoso Cortés aos católicos tão prontos a se desencorajar:
“E que não me digam que, se a derrota é certa, a luta é inútil.
Em primeiro lugar, a luta pode atenuar, abrandar a catástrofe e, em segundo
lugar, para nós que temos a glória de sermos católicos, a luta é o cumprimento
de um dever, e não o resultado de um cálculo. Agradecemos a Deus por nos ter
concedido o combate; e não peçamos, além desse favor, a graça do triunfo Àquele
cuja infinita bondade reserva àqueles que combatem generosamente por sua causa
uma recompensa muito maior e preciosa para o homem que a vitória sobre a terra”
Notemos também uma diferença
maior entre esses dois escolhos. Como recordava o pe. Calmel, é mais grave cair no amolecimento doutrinal
que no endurecimento . Além
disso, “Deus vomita os mornos“. Mas, sobretudo, nunca perdoa a perda dos
princípios. Nosso Senhor dizia aos fariseus: “Façam o que eles dizem, mas não façam o
que eles fazem“. Não se pode dizer o mesmo dos frouxos e dos
liberais, precisamente porque eles se opõem ou renunciam os princípios
Quando um princípio é assentado
com toda a inflexibilidade de um axioma e a diplomacia de um lenhador, ele pode
assustar em seu rigor, mas a verdade continua. Talvez ela não
seja esclarecida pelo exemplo, aquecida pela caridade, revestida de delicadeza
e de um belo estilo, mas ela existe e uma alma bem nascida sempre poderá
encontrar sua verdadeira face . Contudo, quando um princípio é
abandonado, seu dilapidador pode ser amável o quanto puder, bem criado, estar
confortável numa sala, discorrer belamente, (mas ele não passará) de um belo
lampadário privado de sua chama, que não ilumina mais ninguém
Portanto
não há equivalência entre os dois excessos, e é bom se lembrar
disso. O que fazer? Se é verdade que uma
reforma é necessária, ela só pode ser
aquela da santidade, de uma vida mais interior, mais contemplativa, mais
apostólica
Nos dois escolhos que
assinalamos, uma das causas comuns é essa fuga de uma vida interior, de uma
lassidão pelos bens espirituais. Ora, todos os autores espirituais são
unânimes, o gosto pelas coisas de Deus só pode ser encontrado por uma maior
imersão nesses bens espirituais, pois, ao contrário dos bens materiais, cuja
satisfação só traz insatisfação, a contemplação e o amor pelos bens espirituais
engendram um maior desejo por eles. Nesse domínio, a máxima procede: o amor
engendra o amor
O mundo não precisa então de um endurecimento moral, mas de uma
misericórdia na medida de seu mal, de sua doença. E
somente o contato privilegiado com Deus, de uma fé alimentada pela contemplação
afetuosa, pode oferecer essa unção benéfica que adocica o remédio necessário, porém extenuante, de uma verdade forte
O mundo precisa ainda menos de um amolecimento doutrinal. Não
se trata de mudar nossas posições doutrinais ou morais na crise da Igreja,
também não se trata de se contentar em pregá-las em sua pureza, mas se trata de
contemplá-las e vivê-las de um modo mais autêntico, mais santo, para sermos
mais capazes de transmiti-las. E
somente uma vida interior ardente, situada sobre a luz da fé, alimentada pelo
estudo e a contemplação, fortificada pela meditação e a participação mais
calorosa da missa e dos sacramentos da Igreja, pode conservar em uma alma o
equilíbrio entre o amor ardente e fiel pela pureza da doutrina e o amor
misericordioso e paciente pela alma humana
Em resumo, que os princípios da
vida teologal continuem princípios. Ou seja, que eles existam e se manifestem. Que eles sejam a fonte de uma
vida de contemplação e de fé comunicativa que irradia sobre todos os aspectos
da vida cristã
Somente essa reforma poderá
fazer da Tradição o que ela deve ser: o ferro de lança, ou para tomar uma
imagem mais evangélica, o apóstolo do mundo. E essa reforma interior deve ser a
resolução de cada um
A verdade deve ser transmitida
por apóstolos que sejam como “encarnações a mais” de Jesus Cristo, ONDE A VERDADE E A CARIDADE FORMAM APENAS UMA ÚNICA
COISA, COMO UMA CHAMA QUE ILUMINA E AQUECE TODOS AQUELES QUE SE APROXIMAM DELA
LITURGIA
DO DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2014
PRIMEIRA
LEITURA (TG 5,1-6)
LEITURA DA CARTA DE SÃO TIAGO -
1E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair
sobre vós. 2Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas
pelas traças. 3Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles
vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo!
Amontoastes tesouros nos últimos dias. 4Vede: o salário dos trabalhadores que
ceifaram os vossos campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o
clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. 5Vós
vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos
corações para o dia da matança. 6Condenastes o justo e o assassinastes; ele não
resiste a vós - Palavra do Senhor
SALMO
RESPONSORIAL (SL 48)
FELIZES OS HUMILDES DE ESPÍRITO
PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS!
— Este é o fim do que espera
estultamente, o fim daqueles que se alegram com sua sorte; são um rebanho
recolhido ao cemitério, e a própria morte é o pastor que os apascenta
— São empurrados e deslizam
para o abismo. Logo seu corpo e seu semblante se desfazem, e entre os mortos
fixarão sua morada. Deus, porém, me salvará das mãos da morte e junto a si me
tomará em suas mãos
— Não te inquietes, quando um
homem fica rico e aumenta a opulência de sua casa; pois ao morrer não levará
nada consigo, nem seu prestígio poderá acompanhá-lo
— Felicitava-se a si mesmo
enquanto vivo: “Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!” Mas vai-se ele
para junto de seus pais, que nunca mais e nunca mais verão a luz!
EVANGELHO
(MC 9,41-50)
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE
JESUS CRISTO + SEGUNDO MARCOS - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
41Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem
receber a sua recompensa. 42E se alguém escandalizar um desses pequeninos que
creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao
pescoço. 43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! 44É melhor entrar na Vida sem
uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca
se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! 46É melhor entrar na Vida sem
um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva
a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que,
tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre, e o fogo
não se apaga’”. 49Pois todos hão de ser salgados pelo fogo. 50Coisa boa é o
sal. Mas se o sal se tornar insosso, com que lhe restituireis o tempero? Tende,
pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros - Palavra da Salvação
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM
MEDJUGORJE – “O convite que Eu faço,
para vocês viverem as Mensagens que Eu Ihes dou, é quotidiano; de modo especial,
filhinhos, desejaria aproximá-los mais do Coração de Jesus. Por este motivo,
filhinhos, hoje Eu os convido à oração dirigida ao Meu querido Jesus, a fim de
que todos os corações de vocês sejam Dele. Convido-os, ainda, a se consagrarem
ao Meu Coração Imaculado. Desejo que vocês se consagrem pessoalmente, também
como família e como paróquia, de tal modo que todos venham a pertencer a Deus,
por Meu intermédio. Portanto, filhinhos, rezem muito para conseguir compreender
o valor das Mensagens que eu Ihes dou. Não peço nada para Mim mesma, mas peço
tudo para a salvação das almas de vocês. Satanás é forte, e por isso,
filhinhos, aproximem-se do Meu Coração Materno, com contínua oração” –
MENSAGEM DO DIA 25.10.88
A
IGREJA CELEBRA HOJE , SÃO GABRIEL DAS DORES - Nascido a 1838 em
Assis, na Itália, dentro de uma família nobre e religiosa, recebeu o nome de
batismo Francisco, em homenagem a São Francisco. Na juventude andou desviado
por muitos caminhos, e era dado a leitura de romances, festas e danças. Por
outro lado, o jovem se sentiu chamado a consagrar-se totalmente a Deus, no
sacerdócio ministerial. Mas vivia ‘um pé lá, outro cá’. Ou seja, nas noitadas e
na oração e penitência. Aos 18 anos, desiludido, desanimado e arrependido,
entrou numa procissão onde tinha a imagem de Nossa Senhora. Em meio a tantos
toques de Deus, ouviu uma voz serena, a voz da Virgem Maria, que dizia que
aquele mundo não era para ele, e que Deus o queria na religião. Obediente a
Santíssima Virgem, na fé, entrou para a Congregação dos Padres Passionistas.
Ali, na radicalidade ao Evangelho, mudou o nome para Gabriel, e de acordo
também com a sua devoção a Nossa Senhora, chamou-se então: Gabriel da Dores. Antes
de entrar para a Congregação, já tinha a saúde fraca, e com apenas 23 anos
partiu para a glória, deixando o rastro da radicalidade em Deus. Em meios as
dores, São Gabriel viveu o santo Evangelho. São Gabriel das Dores, rogai por nós!
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