SOBRE O ADVENTO : JÁ É HORA DE LEVANTARMOS DO SONO
Começamos hoje o tempo do Advento, tempo de preparação para o Natal e
tempo particular de conversão, de mudança de vida, de bons propósitos e de
fazer uma boa confissão, para que possamos caminhar de dia, honestamente,
revestidos de Nosso Senhor Jesus Cristo. É tempo de penitência, com o roxo dos
paramentos, com o silêncio do órgão que não toca sozinho, com a obrigatória
ausência de flores, com o Glória que é omitido
“Irmãos (…) é já hora de nos levantarmos do sono. (…) Deixemos, pois, as
obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz.” . Caros católicos,
começamos o novo ano litúrgico como terminamos o último, com o Evangelho que
nos fala do final dos tempos, da vinda gloriosa de Cristo como juiz universal.
É fácil compreender porque terminamos assim o ano litúrgico no domingo passado:
terminamos o ano litúrgico assim porque assim terminará esse mundo. Todavia,
porque começar o ano litúrgico pelo fim? A resposta é simples. A primeira coisa
que um ser inteligente, como nós seres humanos, concebe é o seu objetivo, a sua
finalidade. Antes de agir, antes de pensar em outra coisa concebemos o
objetivo, a finalidade da nossa ação. Somente depois de concebermos o nosso fim
é que estabelecemos os meios para buscar o fim. (O fim é o primeiro no
pensamento e o último na execução: finis est primus in intentione, sed
ultimus in ordine executionis) Por exemplo, primeiro pensamos: meu objetivo
é ir a Roma. Em seguida, pensamos nos meios adequados para chegar até lá. Dessa
forma, a Igreja coloca logo no início do ano litúrgico o nosso fim, o juízo,
para que possamos agir sempre tendo em vista esse juízo e para que busquemos a
nossa salvação, para que possamos ser julgados dignos de alcançar o reino de
Deus pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desde o início do ano litúrgico,
desde o início de nossas vidas, devemos agir para alcançar o céu, para sermos
julgados justos
Portanto, o que importa é a nossa salvação. É a única coisa que
realmente importa. Vivemos, porém, em uma época de grande crise na sociedade e
também de uma grande crise na Igreja: crise de fé, crise moral, crise
litúrgica. Tal crise resulta na descristianização quase completa dos povos. E
diante de tamanha crise, por fraqueza na fé, por falta de esperança e desânimo,
surgem algumas falsas soluções, que agravam os problemas, que dificultam a
nossa salvação. Diante da crise, é preciso colocar em prática a verdadeira
solução. Vejamos, então, quais são algumas dessas falsas soluções, para
evitá-las e vejamos qual é a verdadeira solução para colocá-la em prática
A primeira falsa solução é falsa porque vai contra a fé. Ela consiste em
aderir a falsas revelações, a revelações não aprovadas pela Igreja. Muitas
dessas aparições são contrárias à fé, propondo, por exemplo, a igualdade de
todas as religiões. Algumas são também cismáticas, com a nomeação direta de um
novo Papa em substituição ao Papa que se encontra no Vaticano. Algumas outras
aparições são simplesmente bobas e sem substância. Diante da crise, da fé que
começa a fraquejar, a pessoa recorre a fenômenos extraordinários, a soluções
instantâneas, a falsos profetas. Muitas dessas falsas aparições têm justamente
um certo caráter conservador, com uma liturgia mais digna, com uma moral mais
séria. Porém, nem tudo o que é conservador é bom. Não pode ser uma verdadeira
solução aquela que se opõe à fé ou a fragiliza. A primeira falsa solução são as
falsas aparições ou os falsos profetas que existem e são muitos em nossos dias
A segunda falsa solução diante dos males consiste em uma atenção
excessiva ao mal, justamente. Passa-se, então, a estudar e a considerar
unicamente o demônio e sua ação no mundo, passa-se a considerar a maçonaria e
sua atuação, etc. Ou, então, passa-se a aguardar o fim do mundo como iminente,
passa-se a se preocupar excessivamente para saber se estamos no fim dos tempos
ou não. É evidente que é necessário conhecer o demônio e sua ação, para nos
defendermos e não cairmos em tentação. É evidente que é necessário conhecer a
atuação da maçonaria na história e sua condenação constante pelos Papa até os
dias de hoje, dada a incompatibilidade total de princípios da Igreja e da
maçonaria. É evidente que é bom conhecer os sinais dos fins dos tempos, embora
não possamos saber se esses sinais anunciam o fim dos tempos ou se são uma
prefiguração do fim dos tempos, pois NS diz que ninguém sabe a hora em que Ele
virá. Todavia, caros católicos, embora seja bom e necessário conhecer tudo
isso, não podemos nos limitar a isso, pois isso claramente não é o mais
importante: o mais importante é união com Nosso Senhor Jesus Cristo. Apegar-se
excessivamente a essas coisas tende a nos tirar o ânimo, tende a nos levar ao
desespero, tende a nos paralisar. Esse apego excessivo tende a nos fazer
esquecer, na prática, que Deus é o mestre da história. Assim, ocupados
excessivamente com o mal e suas causas, deixaremos de fazer o bem que podemos e
devemos fazer, mesmo com a crise que vivemos
Outra falsa solução consiste em se limitar a coisas polêmicas de
doutrina e de liturgia ou em preocupar-se demasiadamente com o que dizem os
outros. É evidente que devemos ter um conhecimento dessas coisas, um
conhecimento, porém, prudente e sóbrio, em conformidade com o nosso estado. Não
devemos nos preocupar excessivamente com o que diz tal ou tal pessoa, por mais
que importante que seja, ao ponto de nos paralisar ou de nos fazer desesperar,
quando ela diz algo imprudente ou incorreto. Não seremos julgados pelo que
dizem os outros, mas pela nossa fé e pela nossa caridade. Não seremos tampouco
julgados simplesmente pelo conhecimento de questões polêmicas e complexas, mas
pela fé naquilo que Deus nos revelou e pelas obras correspondentes a essa fé
Outra falsa solução consistiria em buscar a solução em dons e carismas
extraordinários ou no sentimentalismo. Erro, infelizmente, bastante comum, que
coloca a união com Deus onde ela não está. A união com Deus, a fé e a caridade
não são sentimentos. A fé é a adesão de nossa inteligência às verdades
reveladas por Deus e a caridade é colocar em prática os mandamentos. Os dons e
carismas não indicam santidade e não devem ser buscados. O Padre Royo Marín,
grande teólogo, diz: “seria temerário desejar ou pedir a Deus essas graças gratis
datae (carismáticas), uma vez que não são necessárias nem para a salvação
nem para a santificação e requerem – muitas delas ao menos – uma intervenção
milagrosa de Deus. Vale mais um pequeno ato de amor a Deus que ressuscitar um
morto.” (Royo Marín, Teologia de la Perfección Cristiana, p. 888). E como não
se deve desejar ou buscar esse tipo de graças, o resultado, diz o Padre Jordan
Aumann, pode ser esse: “uma pessoa pode ficar sob o poder do demônio em razão
de um desejo descontrolado de experimentar fenômenos místicos extraordinários
ou graças carismáticas.” (Spiritual Theology, p. 411). Portanto, o
sentimentalismo, ou a busca por dons extraordinários também é uma falsa solução
Outras duas soluções insuficientes são o apostolado e o estudo da
doutrina da fé e da moral quando se fazem independentemente de uma vida
interior sólida e com espírito demasiado natural, como diz o Padre
Garrigou-Lagrange (De sanctificatione Sacerdotum, pp. 5 e ss.)
Caros católicos, como podemos constatar, a verdadeira solução diante da
crise consiste em buscar a santidade, em buscá-la com verdadeira determinação.
A verdadeira santidade não consiste em penitências, não consiste em certas
orações ou práticas de piedade, não consiste em simplesmente conhecer a
doutrina. É óbvio que a santidade supõe orações, supõe práticas de piedade,
supõe penitências e supõe o conhecimento da doutrina conforme o nosso estado,
mas ela não se resume a isso. A santidade consiste na perfeição da caridade, na
nossa união com Deus, na prática de seus mandamentos
Resumidamente, essa santidade consiste, de um lado, na negação de nossa
vontade própria. Nosso Senhor diz: aquele que quiser vir após mim, negue-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. E no Pai Nosso rezamos “seja feita a vossa
vontade”. Trata-se, portanto, de conformar inteiramente nossa vontade com a
vontade de Deus, infinitamente bom. Além da negação de si mesmo, essa santidade
consiste, por outro lado, também em um espírito de oração, de união constante
com Deus, que só pode vir da oração mental, quer dizer da meditação católica.
Quem quer ser realmente santo deve parar alguns minutos por dia e considerar
uma verdade sobrenatural, uma virtude, um exemplo de Cristo, de Nossa Senhora
ou dos santos e procurar adequar sua vida a essa verdade, a essa virtude, a
esse exemplo, avaliando como tem se comportado até aqui, considerando o que é
preciso corrigir, inflamando a sua vontade no amor ao bem e à verdade, tomando
uma resolução em conformidade com o que foi meditado e pedindo ajuda a Nosso
Senhor, a Nossa Senhora e aos Santos para que possa cumprir a resolução. A
meditação católica não é yoga nem meditação transcendental, que negam a razão e
buscam, no fundo, a ausência de qualquer desejo. A meditação católica consiste,
ao contrário, em usar a nossa razão e a nossa vontade, auxiliadas pela graça,
para que possamos amar a Cristo e a verdade e sofrer por Ele e pela verdade,
como Ele nos amou e sofreu por nós
É, então, pela santidade, caros católicos, que podemos combater a crise
e restaurar tudo em Cristo. É a santidade a verdadeira solução. É a santidade
que supõe uma fé viva, que supõe o conhecimento da doutrina católica. É a
santidade que faz todas as coisas para que Deus seja mais conhecido, amado e
servido. É a santidade que ajuda o nosso próximo a alcançar o céu
Se Deus permite tantos males, é para que possamos tirar deles um bem
superior, que é uma fé mais firme, diante de um mundo descrente. Ele quer
também que tenhamos uma grande esperança na sua bondade e misericórdia, sempre
prontas para nos socorrer. Ele quer que tenhamos uma confiança completa na sua
divina providência que governa todas as coisas. Ele quer que diante dos males,
nos unamos a Ele, que é o bem infinito. Diante da crise e dos males, não
devemos nos paralisar, nos desanimar, nos desesperar, achar que está tudo
perdido. Ao contrário, devemos fazer todo o bem que podemos e devemos fazer aqui
e agora. Devemos fazer todo esse bem com entusiasmo e alegria, sem nos deixar
abater. Já é hora de nos levantarmos do sono, como diz São Paulo. Nosso
exemplo, nesse tempo do advento, que é extremamente mariano, deve ser Nossa
Senhora, inabalável durante a paixão e morte de Cristo, aguardando com fé viva
e esperança firme a ressurreição. Nesse tempo de paixão da Igreja, devemos nos
manter firmes na fé, na esperança, na caridade, sabendo que a verdadeira
solução é o apostolado que decorre da santidade, que é fruto dela. Busquemos a
verdadeira solução, caros católicos, que é a santidade
LITURGIA DO DIA 06 DE DEZEMBRO DE 2013
PRIMEIRA LEITURA (IS 29,17-24)
LEITURA DO
LIVRO DO PROFETA ISAÍAS . Assim fala o
Senhor Deus: 17Dentro de pouco tempo, não se transformará o Líbano
em jardim? E não poderá o jardim tornar-se floresta? 18Naquele dia,
os surdos ouvirão as palavras do livro e os olhos dos cegos verão, no meio das
trevas e das sombras. 19Os humildes aumentarão sua alegria no
Senhor, e os mais pobres dos homens se rejubilarão no Santo de Israel; 20fracassou
o prepotente, desapareceu o trapaceiro, e sucumbiram todos os malfeitores
precoces, 21os que faziam os outros pecar por palavras, e armavam
ciladas ao juiz à porta da cidade e atacavam o justo com palavras falsas. 22Isto
diz o Senhor à casa de Jacó, ele que libertou Abraão: “Agora, Jacó não mais
terá que envergonhar-se nem seu rosto terá de enrubescer; 23quando
contemplarem as obras de minhas mãos, hão de honrar meu nome no meio do povo,
honrarão o Santo de Jacó, e temerão o Deus de Israel; 24os homens
de espírito inconstante conseguirão sabedoria e os maldizentes concordarão em
aprender” - Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL (SL 26)
O SENHOR É
MINHA LUZ E SALVAÇÃO
— O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a
proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?
— Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isso que eu desejo: habitar
no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e
contemplá-lo no seu templo
— Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!
EVANGELHO (MT 9,27-31)
PROCLAMAÇÃO
DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO + SEGUNDO
MATEUS - Naquele tempo, 27partindo
Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando
Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes:
“Vós acreditais que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então
Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E
os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para
que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua
fama por toda aquela região - Palavra da
Salvação
Mensagem de dia 25 de abril de 1994 - "Hoje, peço a
todos vocês que se decidam a rezar pelas Minhas intenções. Filhinhos, peço a
cada um de vocês que Me ajude a realizar o Meu plano através desta paróquia.
Agora peço-Ihes, filhinhos, de modo especial, que se decidam a caminhar pela
estrada da santidade. Somente assim vocês estarão próximos de Mim. Amo-os e
desejo conduzir todos vocês Comigo ao Paraíso. Mas, se não rezarem e não forem
humildes e obedientes as mensagens que Ihes dou, não posso ajudá-los" – Mensagem de Nossa Senhora em Medjugorje
A IGREJA CELEBRA
HOJE , SÃO NICOLAU - O santo deste
dia é São Nicolau, muito amado pelos cristãos e alvo de inúmeras lendas. Filho
de pais ricos com profunda vida de oração, nasceu Nicolau no ano 275 em Pátara,
na Ásia Menor. Tornou-se sacerdote da diocese de Mira, onde com amor
evangelizou os pagãos, mesmo no clima de perseguição que os cristãos viviam . São
Nicolau é conhecido principalmente para com os pobres, já que ao receber por
herança uma grande quantia de dinheiro, livremente partilhou com os
necessitados. Certa vez, Nicolau sabendo que três pobres moças não tinham os
dotes para o casamento e por isso o próprio pai, na loucura, aconselhou a
prostituição, jogou pela janela da casa das moças três bolsas com o dinheiro
suficiente para os dotes das jovens. Daí que nos países do Norte da Europa,
usando da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava
presentes às crianças no mês de dezembro . Sagrado Bispo de Mira, Nicolau
conquistou a todos com sua caridade, zelo, espírito de oração, e carisma de
milagres. Historiadores relatam que ao ser preso, por causa da perseguição dos
cristãos, Nicolau foi torturado e condenado a morte, mas felizmente se salvou
em 313, pois foi publicado o edito de Milão que concedia a liberdade religiosa
. São Nicolau participou do Concilio de Nicéia, onde Jesus foi declarado
consubstancial ao Pai. Entrou Nicolau no Céu em 324 ao morrer em Mira com fama
de santidade e de instrumento de Deus para que muitos milagres chegasse ao povo
. São Nicolau, rogai por nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário