A PERDA DE TEMPO ,
UM MAL IRREPARÁVEL
"SÓ O NÃO FAZER BEM NENHUM É JÁ UM GRANDE MAL" (SÃO
FRANCISCO DE SALES)"
Se observamos atentamente a vida de muitos cristãos, acharemos que eles
não parecem estar no mundo para mais nada senão para não fazerem coisa alguma,
ou, ao menos, coisas de proveito. Todas as horas do dia e da noite são gastas
em atender ao corpo, à sua pessoa, à sua comodidade e bem-estar, sem as
empregarem nalguma ocupação útil, sem terem um ideal digno e elevado, sem
trabalharem nem pouco nem muito por Deus, pela sua alma, nem pelo bem do
próximo. A cama, a mesa, o jogo, a conversa, o passeio, o
café, o teatro, as excursões recreativas..., eis aqui o único campo que
estes personagens inúteis cultivam; eis aqui os ídolos a quem eles prestam
culto. Estão inteiramente dominados pelo vício da ociosidade; levam uma vida só
de gozo e moleza; de cristãos não têm senão o nome
Sem chegar ao extremo destes, há outra classe de pessoas, principalmente
entre as senhoras e moças de certa classe, que passam por boas porque
‘não fazem mal a ninguém’ ; que praticam, em pequeno grau, a piedade;
que ouvem a Missa nos dias de festa ; que rezam algumas orações que sabem de
cor, ao levantar e ao deitar, e poucas mais durante o dia; que pertencem,
talvez, a alguma confraria piedosa, a cujos exercícios de regra assistem raras
vezes e para passar o tempo; que se confessam e comungam de vez em quando; que
acodem a ouvir alguns sermões, se o pregador tem fama e é do seu agrado, ou a
alguma grande solenidade religiosa, onde se possam mostrar piedosas e, ao mesmo
tempo, satisfazer em parte, o seu desejo de exibição...; mas, afora isto (que,
afinal, é tudo muito superficial) não fazem mais
Adotar uma vida de piedade sóbria e regrada; abraçar aquelas práticas
ascéticas que exigem alguma mortificação ou vencimento de si mesmo; privar-se
dos seus gostos, dos seus caprichos, dos seus divertimentos favoritos, das
imodéstias e das modas, de empregar o tempo proveitosamente; impor-se algum
sacrifício a favor do próximo; tomar parte nalguma obra de caridade ou de zelo,
como, por exemplo, visitar os pobres, ajudar na catequese, atender a alguma
outra necessidade espiritual ou temporal da sua paróquia, etc., tudo isto é completamente alheio ao plano de vida que levam as
pessoas de que vimos falando
Entre o espelho, o passeio, as visitas, alguns entretenimentos levianos,
a leitura de romances, a assistência a espetáculos..., entre estas, digo, e
outras frivolidades semelhantes, empregam as horas do dia, as de todos os dias,
e assim passam as semanas, os meses e os anos, como se vê, numa completa
ociosidade; porque esta não consiste só em não fazer nada, mas também em fazer
coisas inúteis ou pueris, que não trazem benefício nenhum nem a si nem aos
demais, como são todos os passatempos que acabamos de enumerar e outros deste
teor
Finalmente, entre as pessoas verdadeiramente virtuosas, pode dar-se
também, e tem-se dado (se bem que muitíssimo menos acentuado, menos grosseira e
mais sutil), certa espécie de ociosidade; pois é tal a índole deste vício, que
como filho da preguiça, ataca em menor ou maior grau todos os homens, mesmo
os mais espirituais, sendo poucos os que não sintam alguma vez a sua influência
perniciosa
E assim, são efeitos desta ociosidade ou preguiça espiritual essa
inapetência, esse tédio que de vez em quando experimentam estas almas no
cumprimento das suas próprias obrigações, ou no exercício das práticas de piedade,
e que faz com que omitam ou que encurtem ou que vão deixando para
depois, ou que executem com frouxidão e negligência o trabalho, a meditação, a
recitação do Ofício Divino, o exame particular, a leitura espiritual, as obras
de caridade ou de zelo, etc., ocupando-se, entretanto, de outras coisas que são
mais do seu agrado, ou em recreação mais do seu agrado, ou em leitura
espiritual, as obras de caridade ou de zelo, etc., espirituais, sendo poucos os
que são excessivamente prolongadas, ou em conversas e visitas inúteis, ou
talvez em divagações da imaginação e do espírito, pensando em coisas quiméricas
e inoportunas, e comprazendo-se em fazer castelos no ar, em vez de se aplicarem
em coisas de mais próxima realização e em cumprirem com fiel exatidão o plano
de vida que costumam ter estabelecida para o devido emprego do tempo
Examina-te, querido leitor, e vêm em que grau e proporção pagas tributa
à ociosidade pra que resolvas fazer um esforço generoso para a combater e
evitar, se queres agradar ao Senhor e adiantar no caminho da perfeição; pois
é um dos vícios que mais retardam o progresso na vida espiritual. 'Se entre
todas as graças - escreve o preclaríssimo padre Faber - a
maior é a perseverança, porque é a que dá às outras um valor durável, a
preguiça ou ociosidade espiritual é, pelo contrário, entre todos os vícios que
atacam a vida espiritual, o mais pernicioso, porque é a antítese da
perseverança' ('O Progresso da Vida Espiritual', cap. XIV)
Certamente, santidade e ociosidade são duas coisas incompatíveis. Se os
Santos chegaram ao grau de perfeição que admiramos neles, foi porque nunca
estiveram ociosos. Santo Afonso Maria de Ligório fez o voto de
não desperdiçar um momento de tempo
'Compreendemos - escreve por este mesmo motivo o mesmo padre
Faber - que um homem como esse, que com toda a sua discrição e humildade,
se atreveu a fazer um voto de tal natureza, devia levar uma vida que não podia
ter outro fim o de o porém nos altares' (Idem)
A nós não se nos pede tanto, nem seria prudente que sem uma inspiração
muito particular do alto e o conselho de um diretor experimentado, fizéssemos
um voto semelhante; mas o que nos exige Nosso Senhor é
que evitemos a ociosidade não demos motivos para que possam dizer a nós como
aos obreiros da parábola da vinha: 'Como estais aqui ociosos todo o dia?' (Mt
XX, 6)
Que grande pena e que cegueira tão deplorável inutilizar em bagatelas o
tempo que Deus nos concede para negociarmos com Ele a nossa salvação e irmos
acrescentando o cabedal dos nossos merecimentos, aos quais há de corresponder
depois o grau de glória de que gozaremos no Céu! E que linguagem tão insensata a daquelas pessoas que, deixando
deslizar a sua vida na ociosidade, se expressam nestes ou em termos
semelhantes: 'Vamos a tal ou tal divertimento, a fazer esta ou aquela visita, a
ver tal ou tal espetáculo... para evitar o aborrecimento e passar o
tempo'. São Bernardo não suportava esta expressão. 'Oh! -
exclamava o santo - para passar o tempo que a Misericórdia do Criador te
concedeu benignamente para fazeres penitência, para obteres o perdão
dos teus pecados, para adquirires a graça, para mereceres a glória!'
Oh! Para 'passar o tempo, em que devias trabalhar com toda a tua
diligência para atraíres sobre ti a piedade divina, aspirares à companhia dos
anjos e bem-aventurados do Céu, suspirares pela herança divina e chorares tuas
iniquidades passadas' (De Diversis, Serm.17)
A perda de tempo é um grande mal, e um mal irreparável. O tempo que
deixamos correr na ociosidade, já não voltará mais. Podemos empregar
proveitosamente o tempo presente, único de que dispomos, e o tempo vindouro,
que o Senhor se digne conceder-nos; e faremos bem nisso, sem dúvida, para
compensarmos de alguma maneira a nossa preguiça e inação passadas; mas fazer
que volte o tempo passado, para o empregarmos melhor, isso é já um impossível
Pensa nisso, amadíssimo leitor, e pensa além disso, nos graves perigos
que traz consigo a perda de tempo, quer dizer, a ociosidade. As
Sagradas Escrituras assinalam esta como fonte e mãe de muitos pecados,
resumindo a gravidade deste vício nestas palavras do Eclesiástico: 'Muitas são
as maldades que a ociosidade ensinou' (Ecl XXXIII, 29). Os mesmos Livros Santos
chamam estultíssimo ao homem que entrega ao ócio (Prov XII,
11). E o profeta Ezequiel enumera a ociosidade dos habitantes de Sodoma entre
as causas principais da sua depravação e iniquidade (Ez XVI, 49)
São Bernardo chama à ociosidade 'mãe
das frivolidades, madrasta das virtudes, sentina de todas as tentações e maus
pensamentos', e acrescenta que 'a luxúria aflige mais e seduz mais
o homem quando está ocioso' (De modo bene vivendi, Serm.
51) . Santo Agostinho, depois de evocar a triste queda
de três personagens do Antigo Testamento: Davi, Salomão e Sansão, diz a
propósito disto : 'Enquanto estiveram entregues às suas ocupações
mantiveram-se santos; mas na ociosidade pereceram' (Ad. Frat. in erem., Serm. 17).'Sempre se viu - escreve um escritor ascético - correr
claro e cristalino o arroio pelo declive de uma colina; mas, parando na
planície, torna-se limoso; e, mais tarde, agitando-se as suas águas, que
encontra nela? Inúmeros répteis: Reptilia quorum non est numerus.Eis
aqui o coração do homem que dorme na inércia e na ociosidade' (Padre
Chaignon, Meditações Sacerdotais)
Alma devota que lês isto, evita a ociosidade com todo o empenho e
diligência (não a confundas com o divertimento moderado e honesto) ;
e ainda que em ti não se ache muito acentuada essa ociosidade e não te julgues
em ocasião próxima de te veres induzido por ela às graves desordens que
acabamos de apontar, tem presente que, se não aproveitas bem o tempo, se és
mais ou menos preguiçosa e negligente no cumprimento dos teus deveres, nas
práticas de piedade ou de zelo, que a tua situação e circunstâncias te permitam
realizar, não adiantarás na virtude, estarás sempre estacionada e
envolta nos mesmos defeitos, e não corresponderás aos desígnios de Deus,
que te quer mais trabalhadora, mais diligente no Seu serviço, mais
perfeita, mais santa. E no fim da vida te encontrarás muito vazia de
merecimentos
Resolve-te, pois, a empregar bem o tempo que o Senhor te oferece para te
santificares cada dia mais e mais; crescer em graça, em virtude, em méritos e
depois na glória por toda a eternidade
Procuremos, caríssimo leitor, seguir nisto, como em tudo, os
ensinamentos e os exemplos dos Santos, inimigos declarados da ociosidade. Interrogada, um dia, Santa Joana Francisca de Chantal, por
que não queria descansar nenhum momento e por que era tão avara do tempo,
respondeu : 'Porque já não é meu: consagrei-o ao Senhor, e não posso
tirar dele nenhum só instante, sem que cometa uma injustiça contra Aquele a
quem pertence'. E São Francisco de Sales, aquele varão
apostólico, que tão bem soube empregar os dias todos de sua vida, fecundíssima
certamente, em obras de caridade e de zelo pela glória divina e pela
salvação das almas, costumava dizer com a mais profunda humildade: 'Quando
reflito sobre o emprego que fiz do tempo de Deus, temo que não me
queira dar a Sua eternidade, reservada somente aos que fazem bom uso dele'
Verdadeiramente, é de Deus e não nosso, porque Ele é que no-lo concede
na Sua amorosa Providência para que o consagremos inteiramente a Ele e o
empreguemos no Seu divino serviço. Ditosos nós, se assim o fizermos! Que paz
interior teríamos durante a nossa vida; que esperança tão doce e consoladora na
hora da nossa morte; que galardão tão grande por toda a
eternidade!" – [Da obra: A perfeição cristã, segundo o
espírito de São Francisco de Sales]
LITURGIA DO
DIA 14 DE DEZEMBRO DE 2013
Primeira
Leitura (Eclo 48,1-4.9-11)
Leitura do Livro do Eclesiástico - Naqueles dias, 1o profeta
Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. 2Fez
vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. 3Pela
palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. 4Ó
Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de
ser semelhante a ti? 9Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num
carro de cavalos também de fogo,10tu, nas ameaças para os tempos
futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para
conduzir o coração do pai ao filho, e restabelecer as tribos de Jacó. 11Felizes
os que te viram, e os que adormeceram na tua amizade! - Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL (Sl 79)
Convertei-nos, ó Senhor,
resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
— Pastor de Israel, prestai ouvidos.
Vós que sobre os querubins vos assentais. Despertai vosso poder, ó nosso Deus,
e vinde logo nos trazer a salvação!
— Voltai-vos para nós, Deus do
universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a!
Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a e ao rebento que firmastes!
— Pousai a mão sobre o vosso Protegido,
o filho do homem que escolhestes para vós! E
nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos
vosso nome!
EVANGELHO Mt
17,10-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo
Mateus - Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus:
“Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus
respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo:
Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo
o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então
os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista - Palavra da
Salvação
Mensagem do dia 14 de abril de 1982 - “Deveis saber que o demônio existe. Ele
um dia se apresentou diante do trono de Deus e pediu permissão para tentar a
Igreja por um certo período com a intenção de destruí-la. Deus permitiu ao
demônio de pôr a Igreja à prova por um século, mas acrescentou: ‘Tu não a
destruirás!’ Este século no qual vós viveis está sob o poder do demônio,
mas, quando se realizarão os segredos que eu vos foram confiados, o seu
poder será destruído. Agora mesmo ele já começa a perder o seu poder e por essa
razão ele tornou-se ainda mais agressivo: destrói os casamentos, levanta
discórdias entre as almas consagradas, causa possessão e provoca
homicídios. Protegei-vos, pois, com o jejum e a oração, sobretudo com a oração
comunitária. Carregai convosco objetos bentos e colocai-os também em vossas
casas. Retomai o uso da água benta!” – Mensagem de Nossa Senhora em Medjugorje
A IGREJA CELEBRA HOJE , SÃO JOÃO DA CRUZ - O santo deste dia é conhecido como “doutor místico”: São João da Cruz. Nasceu em Fontiveros, na
Espanha, em 1542. Seus pais, Gonçalo e Catarina, eram pobres tecelões. Gonçalo
morreu cedo e a viúva teve de passar por dificuldades enormes para sustentar os
três filhos: Francisco, João e Luís, sendo que este último morreu quando ainda
era criança. Como João de Yepes (era este o seu nome de batismo) mostrou-se
inclinado para os estudos, a mãe o enviou para o Colégio da Doutrina. Em 1551,
os padres jesuítas fundaram um colégio em Medina (centro
comercial de
Castela). Nele, esse grande santo estudou Ciências Humanas. Com 21 anos, sentiu o chamado à vida
religiosa e
entrou na Ordem Carmelita, na qual pediu o hábito. Nos tempos livres, gostava
de visitar os doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro. Ocasião em
que passou a ser chamado de João de Santa Maria. Devido ao talento e à virtude,
rapidamente foi destinado para o colégio de Santo André,
pertencente à Ordem, em Salamanca, ao lado da famosa Universidade. Ali estudou
Artes e Teologia. Foi nesse colégio nomeado de “prefeito dos estudantes”, o que
indica o seu bom aproveitamento e a estima que os demais tinham por ele. Em
1567 foi ordenado sacerdote. Desejando uma disciplina mais rígida, São João da
Cruz quase saiu da Ordem para ir ingressar na Ordem dos Cartuxos, mas,
felizmente, encontrou-se com a reformadora dos Carmelos, Santa Teresa D’Ávila,
a qual havia recebido autorização para a reforma dos conventos masculinos.
João, empenhado na reforma, conheceu o sofrimento, as perseguições e tantas
outras resistências. Chegou a ficar nove meses preso num convento em Toledo,
até que conseguiu fugir. Dessa forma, o santo espanhol transformou, em Deus e
por Deus, todas as cruzes num meio de santificação para si e para os irmãos.
Três coisas pediu e acabou recebendo de Deus: primeiro: força para trabalhar e
sofrer muito; segundo: não sair deste mundo como superior de uma comunidade; e
terceiro: morrer desprezado e escarnecido pelos homens. Pregador, místico,
escritor e poeta, esse grande santo da Igreja faleceu após uma penosíssima
enfermidade, em 1591, com 49 anos de
idade. Foi canonizado no ano de 1726 e, em 1926, o
Papa Pio XI o declarou Doutor da Igreja. Escreveu obras bem conhecidas como: Subida do Monte Carmelo; Noite escura da alma (estas duas fazem parte de um todo,
que ficou inacabado);Cântico espiritual e Chama viva de amor. No
decurso delas, o itinerário que a alma percorre é claro e certeiro. Negação e
purificação das suas desordens sob todos os aspectos. São João da Cruz é o
Doutor Místico por antonomásia, da Igreja, o representante principal da sua
mística no mundo, a figura mais ilustre da cultura
espanhola e
uma das principais da cultura universal. Foi adotado como Patrono da Rádio,
pois, quando pregava, a sua voz chegava muito longe. São João da Cruz, rogai por nós!
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