Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz!
Damos continuidade à publicação de alguns trechos de um livro que relata as
experiências de Maria Simma, uma alma mística dos nossos dias que, durante
quase toda a sua vida, teve – e ainda tem – um contato frequente com as almas
do purgatório.
Maria Simma nasceu em 1915, tendo sido
favorecida com um carisma que encontramos em algumas almas escolhidas, por
exemplo, em Santa Faustina. Recentemente, a Ir. Emmanuel, que todos conhecemos,
fez uma entrevista com ela e publicou um pequeno livro, que ainda não foi
traduzido para o português, mas esperamos que o seja em breve.
São João Maria Vianney declarou: “Se
soubéssemos o poder que essas queridas almas têm sobre o coração de Deus, se
soubéssemos as graças que podemos conseguir através de sua intercessão, elas
não seriam tão esquecidas; é preciso rezar muito por elas, para que elas também
rezem muito por nós”.
Passemos então ao livro.
DEVEMOS TORNAR CONHECIDOS ESSES CASOS
OU SILENCIÁ-LOS?
“Conta Maria Simma:
‘Por que as almas do purgatório se dirigem justamente à senhora?”, perguntam-me
com frequência. Com certeza, não é pela minha piedade. Há pessoas muito mais
piedosas que eu. No entanto, não é a elas que as almas se dirigem.
Acontecimentos sobrenaturais não são ‘termômetros de santidade’; a pedra de
toque da perfeição é ainda, e permanece, o amor, amor verdadeiro e
desinteressado a Deus e ao próximo: sofrer por amor aos outros imitando o
Cristo. Sem cruz e sofrimento não podemos passar por esse mundo. Uma alma do
purgatório me disse, certa vez: ‘O sofrimento mais eficaz é aquele que
suportamos com paciência e oferecemos, depositando-o nas mãos da Mãe de Deus,
para que ela o utilize em benefício de quem quiser, pois ela sabe onde é mais
útil e mais necessário’.
Está claro que é
muito mais fácil recomendarmos a uma pessoa que sofra com paciência do que
suportarmos, nós mesmos, o sofrimento com coragem. Sei muito bem o que é
sofrer, mas justamente por ser difícil é que o sofrimento tem tanto valor. Não
saberia dizer por que razão as almas do purgatório se dirigem justamente a mim.
Certamente, podem dirigir-se também a outras pessoas. Conheci, no Vorarlberg,
duas pessoas, aliás, já falecidas, às quais elas se dirigiam. Com certeza, hoje
ainda há muitas outras às quais as pobres almas vêm solicitar ajuda, mas que
são conhecidas por poucas pessoas. A missão delas é bem diferente da minha.
Seria muito mais
fácil manter essas coisas secretas do que torná-las públicas e tomar seu partido,
porque encontramos tanta incompreensão e desprezo. Mas, os caminhos de Deus são
insondáveis, é preciso grande humildade para conhecê-los e é justamente o que,
tantas vezes, falta hoje em dia.”
PRIMEIRAS APARIÇÕES
“Desde a infância
tive grande amor pelas almas do purgatório. E minha mãe também lhes dava muito
valor e nos repetia sempre:
‘Quando tiverem um
pedido importante, dirijam-se às almas, são as ajudantes mais reconhecidas’.
No ano de 1940, pela
primeira vez, me apareceu uma alma.
Acordei à noite com
alguém indo e vindo em meu quarto. Olhei para ver quem poderia estar ali. Nunca
fui medrosa. Seria mais fácil pular em cima de uma pessoa do que ter medo. Vi
então, em meu quarto, um estranho andando lentamente de um lado para o outro.
Tratei-o com dureza: ‘Como entrou aqui, o que está procurando?’
Fez como se nada
tivesse ouvido e continuou andando de um lado para o outro. ‘Quem é você?’,
perguntei, e como não obtivesse resposta, pulei da cama e quis agarrá-lo.
Peguei o ar, nada mais havia ali.
Fui para a cama e
novamente o vi e ouvi, andando de um lado para o outro. ‘Agora estou bem
acordada’, pensei, ‘vejo e ouço esse homem, por que não posso agarrá-lo?’ Mais uma
vez levantei-me; aproximei-me lentamente dele, quis pegá-lo e novamente peguei
no vazio. Não havia simplesmente nada ali. Dessa vez, comecei a sentir uma
certa inquietação. Deitei-me de novo, eram mais ou menos 4 horas da manhã; não
voltou mais, mas não consegui mais pegar no sono.
Depois da missa, fui
falar com meu diretor espiritual e contei-lhe tudo.
‘Se isso lhe
acontecer novamente’, instruiu-me em poucas palavras, ‘não pergunte quem
é você, mas o que quer de mim?’. Na noite seguinte, ele
voltou: era o mesmo homem da véspera. Perguntei então: ‘O que quer de mim?’.
Dessa vez, respondeu: ‘Mande celebrar três missas por mim e estarei salvo!’
Percebi então que devia ser uma alma do purgatório. Contei ao meu confessor,
que o confirmou. De 1940 a 1953 vieram duas a três almas por ano,
principalmente no mês de novembro. Não vi nisso nenhuma missão especial. Contei
ao vigário da região, Alfonse Matt, que também era meu diretor espiritual. Ele
me aconselhou a nunca rejeitar uma alma e tudo aceitar de boa vontade.
EXPIAR POR OUTRAS ALMAS
Finalmente, as almas
me pediram para sofrer por elas. Foram sofrimentos pesados. Quando vem uma
alma, acorda-me batendo na porta, chamando-me ou puxando-me, e assim por
diante. Pergunto-lhe imediatamente: ‘O que quer?’ ou ‘O que devo fazer por
você?’. Só então pode explicar-me o que lhe falta.
Assim perguntou-me
uma alma: ‘Você poderia sofrer por mim?’ Pareceu-me estranho, pois até então
nenhuma alma me havia pedido tal coisa. Perguntei-lhe então: ‘Sim, mas o que
devo fazer?’ Respondeu: ‘Durante três horas sentirá fortes dores no corpo
inteiro, porém, depois dessas três horas, pode levantar-se e continuar seu
trabalho como se nada tivesse acontecido. Você pode assim poupar-me 20 anos de
purgatório’. Portanto, aceitei. Abateram-se sobre mim tais dores que quase não
sabia mais onde estava, embora continuasse consciente de ter aceitado expiação
por uma alma e de que esses sofrimentos deviam durar três horas. Parecia-me que
essas horas há muito já haviam passado e que, na verdade, tratavam-se de mais
de três dias, se não de três semanas. Quando tudo terminou, verifiquei que realmente
haviam sido três horas. Muitas vezes tive que sofrer apenas cinco minutos, mas
como esse tempo me pareceu longo!”
OS RECADOS DAS ALMAS TORNAM AS
APARIÇÕES CONHECIDAS
“As almas às vezes
diziam quem eram, como se chamavam, quando e onde haviam morrido.
Encarregavam-me de dar recados a seus parentes.
Assim, aos poucos, a
coisa tornou-se pública, o que foi muito desagradável, pois, por mim, jamais
teria falado disso a ninguém, excetuando-se o meu diretor espiritual.
Por vezes, precisava
pedir aos parentes para devolverem um bem injustamente adquirido, designado com
exatidão. Havia casos em que nem mesmo os membros da família tinham
conhecimento do fato, e, no entanto, era verdade. As almas aparecem mais
frequentemente no primeiro sábado do mês ou numa festa de Nossa Senhora e
também durante a Quaresma; na Semana Santa, principalmente, muitas têm
permissão de vir, depois novamente em novembro e durante o Advento.
Fonte: “Maria Simma, Segredos revelados pelas almas do Purgatório”,
Associação Maria Porta do Céu, Edições Loyola.
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