SANCTI IOANNIS
MARIAE VIANNEY, ORA PRO NOBIS!
O sacerdote representa Cristo. O que significa dizer isso? O que
significa “representar” alguém? Na linguagem comum, significa
dizer – geralmente – receber a delegação de uma pessoa para estar presente em
seu lugar, falar e agir em seu lugar, porque aquele que é representado está
ausente da ação concreta. Nos perguntamos: o sacerdote representa o Senhor do
mesmo modo? A resposta é não, porque, na Igreja, Cristo nunca está ausente, a
Igreja é o seu corpo vivo e a Cabeça da Igreja é ele, presente e operante nela.
Cristo nunca está ausente [...]
Hoje, em plena emergência educativa, o munus docendi da Igreja,
exercido concretamente através do ministério de cada sacerdote, torna-se
particularmente importante. Vivemos em uma grande confusão acerca das opções
fundamentais da nossa vida, sobre o que é o mundo, de onde viemos, para onde
vamos, o que devemos fazer para agir bem, como devemos viver, quais são os
valores realmente pertinentes. Em relação a tudo isso existem tantas filosofias
contrastantes, que nascem e se espalham, criando uma confusão acerca da decisão
fundamental, como viver, porque não sabemos mais, geralmente, de quê e por quê
somos feitos e onde andamos
Nesta situação, realmente, realiza-se de novo a Palavra do Senhor:
“Tenho compaixão do povo, são como ovelhas sem pastor”. O Senhor havia dito
isso quando viu milhares de pessoas que o seguiam no deserto, porque, em meio à
diversidade das correntes daquele tempo, não sabiam mais qual era o real
significado das Escrituras. O Senhor, movido de compaixão, interpretou a
Palavra de Deus – Ele próprio é a Palavra de Deus – e deu a orientação. E
essa é a função in persona Christi do sacerdote, aquela de
tornar presente, em meio à confusão, à desorientação de nosso tempo, a luz da
Palavra de Deus, a Luz que é o próprio Cristo neste nosso mundo. Então, o
sacerdote não ensina as suas próprias ideias. O sacerdote não fala “de si”, não
fala “para si”, para criar para si, talvez, admiradores ou um partido próprio.
Não fala de coisas próprias. O sacerdote ensina em nome de Cristo presente,
propõe a Verdade que é o próprio Cristo, a Sua Palavra, o Seu modo de viver, e
de andar adiante
[...]
Aquela do sacerdote, por consequência, não raro, poderia parecer com a
“voz que clama no deserto” (Mc 1, 3), mas exatamente nisso consiste a
sua força profética: no não ser mais aprovado, nem aprovável, por qualquer
cultura ou mentalidade dominante, mas no mostrar a única novidade capaz de
operar uma autêntica e profunda renovação do homem, isto é, que Cristo é o
Vivente, é o Deus próximo, o Deus que opera na vida e pela vida do mundo e nos
doa a Verdade, o modo de viver
Queridos irmãos e irmãs, o Senhor confiou aos sacerdotes uma grande
tarefa: serem anuciadores da Sua Palavra, da Verdade que salva; serem sua voz
no mundo para trazer o que é útil para o verdadeiro bem das almas e o autêntico
caminho de fé (cf. 1 Cor 6, 12). São João Maria Vianney sirva de
exemplo para todos os sacerdotes. Ele era homem de grande sabedoria e força
heroica no resistir às pressões culturais e sociais do seu tempo para poder
conduzir as almas a Deus: simplicidade, fidelidade e objetividade eram as
características essenciais da sua pregação, transparência de sua fé e de sua
santidade. O Povo cristão dali era edificado e, como acontece com os
verdadeiros mestres de todos os tempos, ali reconhecia a luz da Verdade. Ali
reconhecia, em definitivo, aquilo que se deveria sempre reconhecer em um
sacerdote: a voz do Bom Pastor
No Rito Romano Tradicional, a festa de São João Maria Vianney é
comemorada em 8 de agosto
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