São
Pio X (em italiano: Pio X, latim eclesiástico: Pius
PP. X), OFS, nascido Giuseppe
Melchiorre Sarto; Riese, 2
de Junho de 1835 — Roma, 20
de Agosto de 1914), foi o 257.º Papa. O seu pontificado decorreu de 4
de agosto de 1903 até a data da sua morte. Ficou conhecido
como o "Papa da Eucaristia" e foi o primeiro Papa a ser canonizado
desde Pio
V (1566–72)
10 de agosto de 1903 :
« […] O Papa, acompanhado dos cardeais, do pessoal da Corte
Pontifícia, dos Guardas Nobres e dos Guardas Suíços, apareceu às 8:30 no
pórtico da Basílica. Diante da Porta Santa, Pio X, revestido das vestes
pontificais, usando a mitra, está sentado no trono. Os cardeais assentam-se em
bancos especiais. Rampolla, Cardeal Arcipreste da Basílica, acompanhado do
capítulo e do clero, profere em latim o discurso de costume ao novo Papa. Pio
X, em seguida, admite o capítulo e o clero para beijar os múleos. Enquanto
isso, o coro da Capela Sistina canta o Tu es Petrus. O Papa,
então, é elevado na sede gestatória, rodeado pelos flabelos e precedido pelos
dignitários e cardeais. Ele ingressa às 9:30 na Basílica pela porta central. É
acolhido pela aclamação da multidão enquanto que da loja da bênção soam as
trombetas de prata. A Guarda Palatina presta as honras. O Papa dá sua bênção e
faz sinal com a mão para que se fizesse silêncio e parassem as aclamações.
Diante do altar do Santíssimo Sacramento, o Papa desce de sede gestatória. Ele
permanece alguns minutos em adoração diante do Santíssimo Sacramento, exposto
de forma solene. Todos os cardeais ajoelhados formam como que uma coroa em
torno dele. A cena é magnífica. […]
Foto de Papa São
Pio X quando criança
Os
mestres de cerimônias pontifícias vão naquele instante à frente do Papa e
queimam estopas por três vezes, clamando: “Santo Padre, assim passa a glória do
mundo”. Finalmente, o Papa chega ao altar enquanto o coro da Sistina canta o Ecce
sacerdos Magnus. Na abside, à direita e à esquerda do trono, foram
construídas tribunas para a família do Papa, os Cavaleiros de Malta, o corpo
diplomático, o patriciado romano. […] Depois do Sacro Colégio, os bispos e
padres proferem o ato de obediência, os cardeais beijando os pés, os joelhos e
o rosto do Papa; os Bispos, os pé e os joelhos; os padres, apenas os pés
A expressão serena do Papa Pio X. Que morte gloriosa! S. José, dai-nos a graça de ter uma Boa Morte!
A missa começa de acordo com o cerimonial das
missas papais. Após o canto da epístola e do Evangelho em latim e grego, o
Cardeal diácono Macchi, acompanhado pelos auditores da rota e dos advogados
consistoriais, chega ao altar, enquanto o Pontífice sobe o trono e recita as
ladainhas especiais para a coroação. No momento da elevação, as trombetas de
prata ressoam do alto da cúpula, enquanto o Corpo de Armas do Vaticano se
ajoelha. A assistência observa um silêncio religioso. Após o Papa ter se
assentado em seu trono e comungado com o cerimonial habitual, o diácono e o
subdiácono comungam igualmente. A Missa termina, o Papa se levanta novamente na
sede gestatória, entre os flabelos, sob um baldaquino suntuoso, e é levado a um
pódio especialmente erigido em frente ao altar da confissão. Neste momento, o
Cardeal Decano recita a oração do novo Pontífice eleito e, em seguida, o
Cardeal subdiácono retira a mitra, enquanto o Cardeal diácono coloca a tiara e
pronuncia a entronização. O Papa então lê em voz alta algumas orações, em
seguida sobe ao trono e dá a benção solene à assistência, que aclama
calorosamente o Pontífice enquanto este atravessa a igreja para se dirigir ao
altar da Pietà. O Papa recebe os votos do Sacro Colégio, e, depois, pela escada
interior da capela do Santíssimo Sacramento, finalmente entra em seus
apartamentos»
Magníficas
obras pela restauração da Cristandade
O glorioso, árduo e fecundo pontificado desse
Vigário deCristo durou 11 anos. Nesse período, foram lançados mais
de 3.000 documentos oficiais, com o objetivo de Instaurare omnia in Christo —
conforme seu lema. E tem estreita analogia com esta sua afirmação: “Se alguém
pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as
coisas em Cristo”
Nesse sentido de restaurar todas as coisas em Cristo, foram numerosas e admiráveis as obras empreendidas
pelo Santo Pontífice para defender a Civilização Cristã gravemente ameaçada
Em seu esplêndido livro de memórias, o Cardeal
Merry del Val, Secretário de Estado de São Pio X, enumera de passagem algumas dessas obras :
“A reforma da Cúria Romana; a fundação do Instituto
Bíblico; a construção de seminários centrais e a promulgação de leis para a
melhor disciplina do clero; a nova disciplina referente à primeira comunhão e à
comunhão freqüente; o restabelecimento da música sacra; a vigorosa resistência movida contra os
fatais erros do chamado modernismo e a corajosa defesa da liberdade da Igreja na França, Alemanha, Portugal, Rússia e outros países, sem aludir a outros atos de
governo, justificam certamente que Pio X tenha sido destacado como um grande Pontífice
e um diretor humano excepcional. Posso testemunhar que todo esse enorme
trabalho foi devido principalmente e — muitas vezes — exclusivamente à sua
própria idéia e iniciativa. A História haverá de proclamá-lo como
algo mais que um Papa cuja bondade ninguém seria capaz de
discutir
Os limites que me impus ao traçar estas breves
Memórias me impedem de entrar a fundo no estudo das diversas e importantes
questões a que mais acima me referi; mas há uma delas cuja importância creio
merecer especial atenção neste curto relato, e esta é a compilação do novo
Código de Direito Canônico”
O Cardeal, fidelíssimo Secretário de Estado de São Pio X, passa a narrar o intenso trabalho do Santo Padre
para reorganizar e aprimorar o novo Código, uma vez que o anterior era um
emaranhando confuso, uma legislação que se prestava a diversas interpretações.
Foram 11 anos de trabalho quase ininterrupto, mas ao cabo dos quais a admirável
codificação ficou praticamente pronta nos últimos dias de São Pio X, em 1914. Seu sucessor, Bento XV, rendeu-lhe uma
merecida homenagem, promulgando o novo Código elaborado por seu augusto
predecessor
Mansidão do cordeiro, força do leão
Uma palavra a respeito de uma característica em que
se destacou no mais alto grau São Pio X: sua extrema bondade, ao lado de uma indomável
energia. Sobre isso, nada melhor que darmos a palavra a quem o conheceu mais de
perto, e devotadamente o serviu por 11 anos — seu próprio Secretário de Estado,
o Cardeal Merry del Val :
“Seria um grande erro crer que esta característica
[a bondade] tão atraente de Pio X o retratasse plenamente ou resumisse seus
dotes e qualidades; nada mais longe da verdade. Ao lado dessa bondade, e de
modo feliz combinada com a ternura de seu coração paternal, possuía uma
indomável energia de caráter e uma força de vontade que podiam testemunhar, sem
vacilação, os que realmente o conheceram, embora em mais de uma ocasião
surpreendesse, e até causasse estranheza àqueles que somente haviam tido
ocasião de experimentar sua delicadeza e reserva habituais
Mantinha um absoluto senhorio de si e dominava os
impulsos de seu ardente temperamento. Não vacilava em ceder em assuntos que não
considerava essenciais, e até estava disposto a considerar e aceitar a opinião
de outros se isso não implicasse em risco para algum princípio; mas não havia
nele nenhuma debilidade
Quando surgia alguma questão na qual se fazia
necessário definir e manter os direitos e liberdade da Igreja, quando a pureza e integridade da verdade católica
requeriam afirmação e defesa, ou era preciso sustentar a disciplina
eclesiástica contra o relaxamento ou influência mundanas, Pio X revelava então
toda a força e energia de seu caráter e o intrépido valor de um grande
Pontífice consciente da responsabilidade de seu sagrado ministério e dos
deveres que julgava ter que cumprir a todo custo
Era inútil, em tais ocasiões, que alguém tratasse
de dobrar sua constância; toda tentativa de intimidá-lo com ameaças, ou de
afagá-lo com sedutores pretextos ou recursos meramente sentimentais, estava
condenada ao fracasso”
A conjuração do movimento modernista
Esse santo varão, que derramava copiosas lágrimas
considerando a paixão da Santa Igreja, era entretanto de uma severidade ímpar contra o mal. Depois
de esgotar todos os recursos ao seu alcance para levar alguém à conversão,
severamente condenava. Estava sempre disposto a perdoar, por assim dizer,
maternalmente. Mas se a pessoa persistisse no erro e, pior, procurasse
contaminar outros com seus desvios, o Santo Papa a
reprovava energicamente. Foi o que ocorreu quando condenou o movimento
modernista — “síntese de todas as heresias”, conforme o definiu —, que se
infiltrara sub-repticiamente nas próprias fileiras católicas, com a finalidade
de modernizar, adaptar e deturpar inteiramente o ensinamento tradicional da Igreja
Assim, o Santo Padre lançou várias advertências aos
mentores desse movimento, os quais não as levaram em consideração, pois se
obstinavam no mal e procuravam corromper outros membros da Igreja e até mesmo da alta Hierarquia eclesiástica. Publicou
então sua estupenda Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, fulminando o modernismo [Ver quadro ao
lado]. Tal documento completava a condenação já expressa no Decreto Lamentabili
Sane Exitu, de 3 dejulho do mesmo ano
O neomodernismo de nossos tempos
Como se pôde observar, vem de há muito a tentativa
de infiltração no interior da Santa Igreja, por parte de inimigos velados ou declarados, a fim de
“modernizar”, adaptar aos novos tempos e adulterar o Magistério tradicional e
infalível da Santa Igreja Católica Apostólica Romana
Peçamos ao ínclito Papa São Pio X o discernimento, a argúcia, a energia e a
combatividade que ele teve ao enfrentar destemidamente as raízes dos erros que,
em nossos dias, professa o chamado progressismo católico, continuador do
modernismo de sua época
Urna mortuária do Papa São Pio X
São Pio X condena o modernismo
“Os mais perigosos inimigos da Igreja”
“Não se afastará, portanto, da verdade quem os
tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas
dentro da Igreja, tramam seus perniciosos desígnios; e por isto, é por
assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto
mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre
as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes, que são a Fé e suas
fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado. Batida pois esta raiz da
imortalidade, continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que
coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem
contaminar. E ainda vão mais longe; pois, pondo em obra o sem número de seus
maléficos ardis, não há quem os vença em manhas e astúcias, porquanto fazem
promiscuamente o papel ora de racionalistas, ora de católicos, e isto com tal dissimulação, que arrastam sem
dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo ousados como os que mais o são,
não há conseqüências de que se amedrontem e que não aceitem com obstinação e
sem escrúpulos (nº 3) [...]
Já não se trata aqui do velho erro, que à
natureza humana atribuía um quase direito à ordem sobrenatural. Vai-se muito
mais longe ainda; chega-se até a afirmar [na doutrina modernista] que a nossa
santíssima religião, no homemJesus Cristo assim como em nós, é fruto inteiramente da
natureza. Nada pode vir mais a propósito para dar cabo de toda ordem
sobrenatural” (nº 10). (Encíclica de São Pio X sobre as Doutrinas Modernistas, Pascendi
Dominici Gregis, de 8-9-1907, Editora Vozes Ltda, Petrópolis, 1948, pp. 4-5;
10-11)
|
Era o segundo de dez
filhos de uma família rural da província de Treviso.
Ordenado em 1858,
estudou direito canónico e a obra de São Tomás de Aquino.
Em10 de Novembro de 1884 foi elevado a Bispo de Mântua, e em 1896 a Patriarca de Veneza sendo
eleito Papa em 4 de Agosto de
1903 com 55 dos 60 votos possíveis no conclave
O seu lema era "Renovar
todas as coisas em Cristo", expresso na sua encíclica E
Supremi Apostolatus.1 Por
esta razão, foi um defensor intransigente daortodoxia doutrinária e governou a Igreja Católica com mão firme numa época em que esta
enfrentava um laicismo muito
forte e diversas tendências domodernismo,
encarado por ele como a síntese
de todas as heresias nos
campos dos estudos bíblicos e teologia
Pio X introduziu grandes
reformas na liturgia e
codificou a Doutrina da
Igreja Católica, sempre num sentido tradicional e facilitou a
participação popular naEucaristia. Foi um Papa
pastoral, encorajando estilos de vida que reflectissem os valores cristãos.
Permitiu a prática da comunhão eucarística frequente e fomentou o acesso das
crianças à Eucaristia quando da chegada à chamada idade da razão. Promoveu ainda
o estudo do canto gregoriano e do catecismo(ele próprio foi autor de um
catecismo, designado por Catecismo de São Pio
X). Criou a Pontifícia Comissão Bíblica e colocou as bases do Código de
Direito Canônico, promulgado em 1917 após a sua morte. Publicou 16 encíclicas. No Brasil foi o
fundador da Diocese de Taubaté,
no Estado de São Paulo,
e daArquidiocese de
Aracaju em Sergipe
Pio X não receou provocar
uma crise com a França quando
condenou o presidente francês por visitar Victor Emmanuel III,
Rei de Itália, com quem a Igreja estava de más relações desde a tomada dos Estados Papais na unificação italiana, em 1870.
Entre as consequências deste embate cita-se a completa separação entre Igreja e
Estado em França e a expulsão dos Jesuítas. Teve como secretário de Estado o
famoso cardeal Merry del Val
Na lápide do seu túmulo
na Basílica de São Pedro no Vaticano, lê-se: A sua tiara era
formada por três coroas: pobreza, humildade e bondade. Foibeatificado em 1951 e canonizado em 3 de Setembro de 1954 por Pio XII. A Igreja celebra a sua memória
litúrgica no dia 21 de Agosto. É actualmente opatrono dos
peregrinos enfermos e é considerado por alguns[quem?],2 como
o maior dos Papas do século XX
Foi o único Papa do
século XX a ter tido extensa experiência pastoral ao nível da paróquia. Favoreceu o uso de termos
vernaculares na catequese. O seu estilo directo e as denúncias
de atropelos à dignidade humana
não lhe trouxeram grande apoio por parte das sociedades aristocráticas
europeias na época pré-Primeira Guerra
Mundial
Nenhum comentário:
Postar um comentário