Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz! Neste texto, Pe. Lívio Fanzaga nos fala sobre o “drama” de Maria, que vem com todo amor até nós para nos ensinar o caminho da salvação, mas que não pode obrigar-nos a trilhá-lo.
“Em Medjugorje, Nossa Senhora não se limita, na sua longa e paciente catequese, a reiterar algumas verdades cristãs, mas se propõe a levar-nos de volta ao coração mesmo da fé e da visão cristã da vida. Ela lê no fundo dos corações e está bem consciente do quanto hoje penetrou, também no modo de pensar de muitos batizados, uma visão mundana da vida, onde Deus é esquecido e onde a vida após a morte é mal interpretada ou abertamente negada. Não são poucos os homens que pensam que ‘com a morte termina tudo’, como afirma o velho sacristão do famoso romance de Georges Bernanos, Diário de um pároco de aldeia. Estatísticas idôneas afirmam que um número preocupante de frequentadores da santa missa dominical têm dúvidas sobre a continuação da vida após a morte. Recentemente, alguns, não podendo negar a existência do inferno, claramente afirmada no Evangelho e pelo magistério da Igreja, insinuaram que ele estaria vazio ou que seria incompatível com a misericórdia de Deus. Além de tudo isso, deve-se observar o impressionante silêncio, nas pregações e na catequese, sobre a vida após a morte e sobre os temas clássicos em relação ao juízo: o purgatório, o inferno e o paraíso.
Diante dessa falta de perspectiva de eternidade e do vazio de esperança, seja em relação à própria vida pessoal ou à questão final da história humana, Nossa Senhora, solícita em primeiro lugar com a salvação eterna das almas, não poderia deixar de intervir com aquela eficácia que caracteriza suas intervenções maternas. Em Fátima, Nossa Senhora havia mostrado aos três pastorzinhos o inferno, pedindo-lhes orações e sacrifícios porque muitas almas se perdem pelo fato de que não há quem reze e se sacrifique por elas. Em Medjugorje, Ela faz muito mais. Não só, durante as aparições, mostra aos seis videntes o paraíso, o inferno e o purgatório, mas leva dois deles (Vicka e Jakov), juntos e com seus corpos, ao além, conduzindo-os fisicamente a contemplar o destino eterno das almas, numa experiência sem precedentes na história das aparições marianas.
Sem dúvida, fenômenos deste gênero, pela força emotiva e pela credibilidade humana que os caracterizam, têm um grande impacto sobre as pessoas, que redescobrem, através do testemunho dos videntes, a verdade sobre os ‘Novíssimos’, há muito tempo sepultados no esquecimento. Entretanto, é em suas mensagens que a Rainha da Paz não se cansa de recordar-nos que o nosso destino é o céu e que estamos de passagem sobre a terra. Com a delicadeza que a caracteriza, Nossa Senhora compara a nossa existência às flores de primavera, que são cheias de beleza e de esplendor, mas que passam rapidamente: ‘Filhinhos’, afirma com ternura materna, ‘não se esqueçam de que sua vida passa como uma florzinha de primavera, que hoje é maravilhosa, mas da qual amanhã não se encontra vestígio’.
Para uma geração que é incapaz de olhar para cima e para além do tempo finito, imersa nas coisas materiais e na perseguição de objetivos sem importância, Nossa Senhora lembra o destino eterno que a espera. ‘Filhinhos’, diz, ‘decidam-se seriamente por Deus, porque tudo o mais passa, só Deus permanece’. É impressionante como a Rainha da Paz nos recorda incessantemente as palavras do evangelho que nos dizem que a salvação da alma é o que há de mais importante na vida. Não hesita em afirmar que a razão última da sua longa permanência entre nós é a nossa felicidade eterna: ‘Deus me envia para ajudá-los e conduzi-los ao paraíso, que é a meta de vocês’. ‘Queridos filhos, eu estou com vocês para ajudá-los e conduzi-los ao céu. No céu existe a alegria: através dela, vocês já podem viver no céu desde agora (...). desejo conduzi-los todos à santidade completa. Desejo que cada um seja feliz aqui sobre a terra e que cada um de vocês esteja comigo no céu. Este é, queridos filhos, o objetivo da minha vinda aqui e o meu desejo’.
O programa de Maria é, portanto, a salvação eterna das almas. Ela deseja apresentar todos a Deus como um buquê de flores. Conseguirá? Ela afirma que verte lágrimas de sangue por cada filho que se perde. A salvação eterna das almas dependa da livre escolha de cada um e da ajuda que cada um de nós quiser dar com suas orações e sacrifícios.
‘Deus’, adverte a Rainha da Paz, ‘Se oferece e Se doa a vocês, mas deseja que respondam ao Seu chamado com plena liberdade’. É a liberdade de rejeitar o amor de Deus a razão última da existência do inferno. Para preservar-nos disso, Nossa Senhora nos ‘suplica’ que nos convertamos, chegando a dizer: ‘Deus deu a todos a liberdade, que Eu respeito com todo o amor, e Eu, na minha humildade, me inclino diante da liberdade de vocês’.
Nossa Senhora quer salvar e levar para o céu a nossa geração rebelde e incrédula. Porém, não pode obrigar-nos, mas apenas suplicar-nos que aceitemos o caminho da salvação que Ela nos indica.”
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