APOLOGÉTICA CATÓLICA COM O PADRE JÚLIO MARIA DE LOMBAERDE, +
1944 - (RETIRADO DO LIVRO "LUZ NAS TREVAS - RESPOSTAS IRREFUTÁVEIS AS
OBJEÇÕES PROTESTANTES")
Vamos satisfazer aos protestantes e citar-lhe, como de
costume, TEXTOS DA SAGRADA ESCRITURA , da história, do bom-senso e até textos
protestantes. É coisa fácil, e esperamos provar claramente que há deveras sete
sacramentos, nem mais, nem menos
I - NOÇÕES
NECESSÁRIAS
Procuremos, em primeiro lugar, compreender bem o que é um
sacramento, donde vem e para que serve. Esta simples noção fará cair já a maior
parte das objeções, como, perante a exposição clara da verdade, dissipam-se
todos os erros
O catecismo diz que sacramento é um sinal sensível,
instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para produzir a graça em nossas almas
e santificá-las
Desta definição resulta que três coisas são exigidas para
constituir um sacramento. São :
1° Um sinal sensível, representativo da natureza da graça
produzida. Deve ser sensível porque se não pudéssemos percebê-lo, deixaria de
ser um sinal. Este sinal sensível consta sempre de matéria e de forma, isto é,
da matéria empregada e das palavras pronunciadas pelo ministro do sacramento
2° Deve ser instituído por Jesus Cristo, porque só Deus pode
ligar a um sinal visível a faculdade de produzir graça. Jesus Cristo, durante a
sua vida mortal, instituiu pessoalmente os sete sacramentos, deixando apenas à
Igreja o cuidado de estabelecer ritos secundários, realçá-los com cerimônias,
sem tocar-lhes na substância
3° Para produzir a graça. Isto é, para distribuir-nos os
efeitos e méritos da redenção que Jesus Cristo mereceu por nós, na cruz... Os
sacramentos comunicam esta graça, por virtude própria,independente das
disposições daquele que os administra ou recebe. Esta qualidade, chamada pela
teologia ex opere operato,distingue os sacramentos da oração, das boas obras e
dossacramentais, que tiram a sua eficácia ex opere operantes das disposições do
sujeito . Compreendidas estas noções, temos de provar agora verdades negadas
pelos protestantes. Primeiro, que há sacramentos – segundo, que há sete
sacramentos
II. HÁ SACRAMENTOS
Os amigos protestantes ensinam – e isso unicamente para
contradizer a Igreja católica – que os sacramentos são meras cerimônias
exteriores, testemunhando que a graça está na alma, sem o poder de infundi-la.
É um erro fundamental e grosseiro. Para provar irrefutavelmente a necessidade
dos sacramentos, é preciso recorrer à sublime doutrina da graça, ou da nossa
vida sobrenatural. Verdade que o protestantes não negam em seu princípio, mas
em seus meios. Os sacramentos são, de fato, os meios, os canais, para transmitir-nos
a graça divina, os merecimentos de Jesus Cristo . Antes de tudo, notemos que a
religião de Cristo não é simplesmente um meio, é antes de tudo um princípio
Os homens sabem inventar meios; só Deus pode fixar
princípios... Pela adição de princípios aos meios humanos, ele faz ato de Deus:
cria. Esta criação nas almas chama-se a graça. A graça, que a teologia define
um dom sobrenatural de Deus, por causa dos méritos de Jesus Cristo, como meio
de salvação, é tudo na religião católica, é sua seiva, o seu sopro, a sua
alavanca
Arquimedes concebe uma máquina para suspender o mundo, mas
falta-lhe um ponto de apoio e uma alavanca. Descartes sonha o mecanismo do
universo, mas falta-lhe a matéria e o movimento. Jesus Cristo quer levantar as
almas a Deus, e nada lhe falta, ele concebe e ele faz
S. Tomás, na sua linguagem de águia, resolve tudo nestas
palavras do ofício do Santíssimo Sacramento: O filho único de Deus,
misericordiosamente cioso de tornar-nos participantes da sua divindade, tomou
nossa natureza para que Deus, feito homem, fizesse dos homens deuses, - ut
homines deos faceret factus homo (Lect. IV)
III. VIDA SOBRENATURAL
A vida sobrenatural existe... e existindo, ela é obrigatória
para o homem. É a ordem estabelecida por
Deus. Queira ou não queira, o homem tem de viver da graça ou de perder-se
miseravelmente
Quando um Deus vem a este mundo, sofre e morre para
transmitir ao homem o preço, o resgate dos seus méritos, o homem não pode
subtrair-se a tamanho amor; há de escolher: ou Cristo ou o demo, ou a vida de
Cristo que é a graça, ou a vida da carne que é o vício; a salvação ou a
perdição
Gravemos na mente um definição da graça, dada por S.
Agostinho (Sermo 133, cap. XI): “A graça é como o prazer que nos atrai... Não
há nada de duro, na santa violência com que Deus nos atrai... tudo é suave e
benfazejo”. Esta palavra é admirável: A graça é um verdadeiro poder atrativo,
que prevém à vontade, a estimula e a leva a Deus, a atrai por deleitação
interior, e faz amar, como por instinto, Aquele que a nossa razão devia amar
acima de tudo: Deus. Este termo atrativo parece novo em teologia, entretanto
ele é a expressão da palavra de Jesus: Ninguém pode vir a mim, se Aquele que me
enviou não o atrair (Jo 8,22). E esta
outra: Uma vez levando da terra, atrairei tudo a mim – omnia traham ad meipsum
(Jo 12,32)
IV. O QUE É A GRAÇA
A graça em seu princípio é, pois, a vida de Deus em nós:
Participatio quaedam naturae divinae, diz S. Tomás
Para comunicar-nos a sua vida, Deus podia agir imediatamente
sobre a nossa alma; ele o faz às vezes. A simples elevação dos nossos corações,
pela oração, podia produzir este efeito, mas além desta ação imediata de Deus
sobre a alma, além do meio da oração, Deus instituiu meios particulares para
comunicar-nos as suas graças, meios obrigados, indispensáveis: estes meios são
os sacramentos
Vejamos esta necessidade; está admiravelmente descrita por
S. Paulo. Escute bem, amigo protestante, ou melhor, tome a sua Bíblia e leia
este capítulo admirável de S. Paulo aos Romanos (cap. 6): Permanecemos no
pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum (6,1). Ora, se já morremos com
Cristo, cremos que também com ele viveremos (8). O pecado não terá domínio
sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça(14)
Há pois duas vidas em nós: a vida do pecado e a da graça.
Ora, esta graça é o dom de Deus, proveniente dos méritos de Jesus Cristo. É a
seiva desta grava que deve circular em nós: Nós somos os ramos, Cristo é o
tronco (Jo 15, 4-5). Deve haver união completa, íntima entre os meios de
transmissão da graça e a alma que recebe esta graça, como há união completa
entre o troco e os ramos
Na oração e nas boas obras esta união completa não existe...
deve haver outro meio e este meio são os sacramentos. – Os sacramentos
tornam-se, neste sentido, os canais transmissores da graça divina às almas. –
Canais estabelecidos por Jesus Cristo, e portanto necessários
IV. HÁ SETE
SACRAMENTOS
É um dogma da nossa fé que os sacramentos existem, e que
estes sacramentos são em número de sete, conforme o definiu o concílio de
Trento, condenando a tese protestante.
Se alguém disser que os sacramentos não foram instituídos
por Nosso Senhor Jesus Cristo, ou que são mais de sete, ou menos, a saber:
Batismo, crisma, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem e matrimônio,
contra ele seja o anátema (Sessão 7, cân. 1)
São, pois, sete os sacramentos, nem mais, nem menos,contra
os protestantes que nunca tiveram de acordo entre si sobre este ponto
No século XVI, os amigos protestantes rejeitaram os sete
sacramentos... Rejeitar em palavras é fácil, como é fácil rejeitar a existência
da cadeia para os malfeitores; o que não impede que aí acabem às vezes. Depois
admitiram dois: batismo e eucaristia; dois, três ou quatro: os dois acima, e
mais a penitência e a ordem. Hoje em dia, os ritualistas conservam os sete; as
demais seitas reconhecem apenas o batismo, e um simulacro de eucaristia.
Bastaria este desacordo e esta contínua vacilação para mostrar o erro
protestante
A verdade não muda, caro protestante; só o erro anda sempre
claudicando, sempre hesitando e sempre mudando
A Igreja católica sempre ensinou e sempre ensinará que há
sete sacramentos, porque assim recebeu o ensino dos apóstolos, tanto pela
Tradição, como pelo Evangelho, e assim o vai transmitindo aos séculos. Nunca
houve discussão a este respeito na Igreja, embora não encontremos nos primeiros
séculos a enumeração metódica, que hoje empregamos na citação dos sacramentos
Três argumentos temos às mãos para provar a tese dos sete
sacramentos, e todos três são irrefutáveis: 1° A crença dos séculos. 2° o
bom-senso. 3° O Evangelho
Recorramos a estes argumentos :
A-A CRENÇA SECULAR
O primeiro argumento da crença popular desta verdade parece
remontar ao século V. A doutrina dos sete sacramentos encontra-se
explicitamente nas seitas dos nestorianos e nos monofisistas, que se separaram
da Igreja no século V. não é admissível que estes hereges não tenham recebido
da Igreja romana o número de sete sacramento. Se a conservaram como nós, é
porque tal doutrina era um patrimônio comum, transmitido pela tradição
apostólica e conhecido por todos, de modo que teria sido imprudente negar o que
todos aceitavam como indiscutível
B)-O BOM-SENSO
Lembro ao meu amigo
protestante que Deus, sendo o autor da razão humana ou bom-senso, e o autor dos
sacramentos, deve existir entre estes
dois um perfeito acordo
É apenas argumento de conveniência, é certo, mas este
argumento tem o seu valor pela analogia perfeita que estabelece entre as leis
da vida natural e as da vida sobrenatural
S. Tomás explica admiravelmente esta analogia. Os sete
sacramentos reunidos são necessários e bastam para a vida, conservação e
prosperidade espiritual, quer do corpo inteiro da Igreja, quer de cada membro
em particular
Os cinco primeiros são estabelecidos para o aperfeiçoamento
pessoal, os dois últimos para o governo e a multiplicação da Igreja
Na ordem natural, para o aperfeiçoamento pessoal, é preciso:
1° nascer; 2° fortificar-se; 3° alimentar-se; 4ª curar-se na enfermidade; 5°
refazer-se nos achaques da velhice
Para o aperfeiçoamento moral a humanidade carece de: 1°
Autoridade para governar. 2° Propagação para perpetuar-se
Tal é a ordem natural. Temos os mesmos elementos na ordem
espiritual :
1° O batismo é o nascimento da graça
2° A crisma é o desenvolvimento da graça
3° A eucaristia é o alimento da alma
4° A penitência é a cura das fraquezas da alma
5° A extrema-unção é o restabelecimento das forças
espirituais
6° A ordem gera a autoridade sacerdotal
7° O matrimônio assegura a propagação dos católicos e das
suas doutrinas
Os sete sacramentos são, deste modo, como outros tantos
socorros, dispostos ao longo do caminho da vida, para a infância, a juventude, a
idade madura e a velhice; PARA AS DUAS PRINCIPAIS CARREIRAS QUE SE OFERECEM :
SACERDÓCIO E CASAMENTO
Não se pode negar que a analogia é admirável e estabelece
que deve haver sete sacramentos. Se houvesse menos, faltaria qualquer coisa; se
houve mais haveria supérfluo; todas as necessidades estão preenchidas
C) O EVANGELHO
Para o protestante, escravo da letra da bíblia, o último
argumento deve ser o mais decisivo.
Estarão expressos no Evangelho os sete sacramentos? Perguntará o amigo
protestante. Perfeitamente. O que derrota o pobre protestante é o seu apego
estreito à letra e ao número
Nosso Senhor não citou o número de sete sacramentos; só os
sacramentos, e o protestante, não encontrando o algarismo 7, começa logo a
gritar que não há sete sacramentos
A culpa seria assim de Jesus Cristo, que não pronunciou o
número 7, como não pronunciou a palavra sacramento
Mas diga-me, meu caro crente: o senhor acredita no mistério
da Santíssima Trindade, sendo três as pessoas distintas, em uma natureza
divina: o Padre, o Filho e o Espírito Santo? Acredita? Não deveria acreditar,
pois Jesus Cristo nunca pronunciou o algarismo três, falando da Santíssima
Trindade
Ele fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e não
pronuncia o número três. E, entretanto, o meu inteligente protestante conclui:
O Pai é um. O Filho é dois. O Espírito Santo é três e conclui que há três
pessoas em Deus
Mas por que não faz o mesmo cálculo quando se trata dos
sacramentos? O Evangelho não fala de sete sacramentos, mas vai enumerando todos
os sete, instituídos por Jesus Cristo. São sete, nem mais nem menos: e a Igreja,
apoiada nos argumentos comprovativos, colhidos nos Evangelhos, de cada
sacramento, demonstra que são sete, nem mais, nem menos
E se os protestantes não aceitam o número de sete, por que
aceitam o número de dois ou três, tratando-se dos sacramentos, visto estes
números não figurarem no Evangelho? É preciso ser consequente: ou tudo ou nada,
desde que não há razão que milite em favor de um número determinado
V. OS TEXTOS DA BÍBLIA
É tempo de citar os textos pedidos que provam a existência
dos sete sacramentos. Citando um texto que se refere a cada um em particular,
fica provada a existência dos sete, até o meu amigo protestante achar um
algarismo que diminua este número, ou prove que um deles não foi obra de
Cristo, enfim encontrar mais um outro que satisfaça às condições exigidas, sem
redundar num dos sacramentos já existentes
1° BATISMO
Sua instituição e preceito estão positivamente marcados nos
seguintes textos: Em verdade vos digo, disse Jesus a Nicodemos,quem não
renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus (Jo
3,5). Ide, ensinai a todas as gentes, disse Jesus a seus discípulos,
batizando-as, em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19). O
que crer e for batizado, será salvo, promete o Salvador (Mc 16,61). Recebe o
batismo e lava os teus pecados, disse Ananias a Saulo (At 22,16). Os apóstolos
administravam o batismo a todos os que desejavam alistar-se na religião nova.
Três mil pessoas recebem o batismo das mãos de S. Pedro, no dia de pentecostes
(At 2, 38-41). O batismo é, pois, um sacramento instituído por Jesus Cristo
2° A CRISMA
Nova instituição divina, as Escrituras marcando os elementos
constitutivos da crisma. Os atos dos apóstolos provam que o seu rito exterior
consiste na imposição das mãos: os apóstolos Pedro e João, enviados a Samaria,
punham as mãos sobre os que tinham sido batizados, e recebiam estes o Espírito
Santo (At 8, 12-17). Do mesmo modo, S. Paulo, vindo a Éfeso, batizou, em nome
de Jesus, discípulos de João e a eles impôs as mãos, para que o Espírito Santo
baixasse sobre eles (At 19, 1-6). Segundo estes textos, compreende-se
claramente que Pedro e João de um lado, e Paulo de outro, deram o Espírito Santo,
pela imposição das mãos. Ora, uma tal prática seria ridícula, se eles o
fizessem, fora da vontade e das prescrições do Mestre, donde se deve concluir
necessariamente que o próprio Nosso Senhor tenha instituído o sacramento da
crisma numa ocasião que a Sagrada Escritura não refere. Tal é, aliás, a opinião
de muitos teólogos protestantes menos tolos do que os nossos pastores de hoje.
Quanto ao uso cristão, verdadeiramente antigo, da imposição das mãos, diz o
luterano Marhainehe, os apóstolos não o teriam certamente introduzido sem que
recebessem a ordem divina. A crisma, diz o grande Leibniz, o luzeiro
protestante, completa a obra começada pelo batismo (Leib. 1, p. 215.). A crisma
é, pois, um sacramento instituído por Jesus Cristo
3ª A EUCARISTIA
Tendo provado a existência deste sacramento com numerosos
textos no capítulo XV da presente obra, é inútil repetir as mesmas verdades. A
eucaristia, por sua vez, é um sacramento instituído por Jesus Cristo, em que
ele nos dá o seu próprio corpo e o seu próprio sangue, como alimento das nossas
almas: Aquele que come o meu corpo e bebe o meu sangue, esse fica em mim e eu
nele (Jo 6, 57-59)
4° A CONFISSÃO
Outra verdade já provada no capítulo XIV desta obra. Os
pecados serão perdoados aos que vós perdoardes, e serão retidos os que vós
retiverdes, diz o Mestre. O rito exterior encontra-se na confissão dos pecados
e na absolvição judiciária. Quanto ao preceito de confessar-se, é positivo; S.
Paulo escreve: Deus nos confiou o ministério da reconciliação, pôs em nós a
palavra de reconciliação, logo fazemos o ofício de embaixadores em nome de
Cristo (2 Cor 5, 18-20). A confissão, por sua vez, é também um sacramento
instituído pelo próprio Jesus, para comunicar aos pecadores arrependidos o
perdão das suas faltas
5° A EXTREMA-UNÇÃO
É o quinto sacramento instituído por Jesus Cristo, sem que
saibamos em que época o instituiu. A Sagrada Escritura, como para a crisma, nos
transmite apenas o rito exterior e o efeito produzido. O Evangelho diz que à
ordem do Senhor... os apóstolos expeliam muitos demônios e ungiam com óleo a
muitos enfermos, e os curavam (Mc 6,13). Eis um fato, é a ordem do Senhor. A
instituição da extrema-unção decorre destas palavras de S. Tiago: Está entre
vós alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre
ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E o Senhor o aliviará, e se estiver
em algum pecado ser-lhe-á perdoado (Tgo 5, 14-15). Nunca o Apóstolo teria
prometido tais efeitos a uma unção, na enfermidade, sem firmar-se na autoridade
divina da instituição deste sacramento. A extrema-unção é, pois,
verdadeiramente um sacramento instituído por Jesus Cristo para aliviar os
enfermos e dar-lhes o perdão das suas culpas
6° A ORDEM
A ordem é o sacramento que dá o poder de desempenhar as
funções eclesiásticas, e a graça de fazê-lo santamente; em outros termos, é o
sacramento que faz os sacerdotes, ou ministros de Deus. Muitos textos da
Sagrada Escritura provam a existência do sacerdócio e indicam o rito da
ordenação sacerdotal. Lemos de fato que Nosso Senhor fez uma seleção entre os
discípulos: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, diz
ele (Jo 15,16). Aos discípulos eleitos, chamados apóstolos, o divino Mestre
confia as quatro atribuições particulares do sacerdócio: a) oferecer o santo
sacrifício; b) perdoar os pecados; c) pregar o Evangelho e d) governar a Igreja
1° Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19). É a ordem de
reproduzir o que ele tinha feito: mudar o pão em seu corpo e o vinho em seu
sangue divino
2° Os pecados serão perdoados aos que vós os perdoardes (Jo
20,23). É o poder de perdoar os pecados
3° Ide no mundo inteiro, pregando o Evangelho a todas as
criaturas (Mc 16, 15)
4° O Espírito Santo constituiu os bispos para governarem a
Igreja de Deus (At 20,28)
Eis os poderes dados por Jesus Cristo a seus ministros ou
sacerdotes, representados pelos primeiros sacerdotes, que foram os apóstolos
Quando ao rito de ordenação, não é menos claramente
indicado: Não desprezes a graça que há em ti e te foi dada por profecia pela
imposição das mãos do presbitério (1 Tim 4,14). – Chama-se presbitério a
reunião dos bispos e padres que concorreram para a ordenação de Timóteo, de que
S. Paulo foi o principal ministro, como se vê claramente na segunda epístola
dirigida ao mesmo discípulo. Por este motivo, diz ele, te admoesto que reanimes
a graça de Deus, que recebeste pela imposição de minhas mãos (2 Tim 1,6)
O exemplo dos apóstolos nos mostra a transmissão dos poderes
sacerdotais pela ordenação. E por onde Paulo e Barnabé passavam, ordenavam
sacerdotes para cada Igreja (At 14,22)
Tudo isso prova claramente que os apóstolos tinham recebido
de Jesus Cristo a divina investidura de poderes, que iam assim distribuindo
pela imposição das mãos: e esta investidura é o sacramento da ordem
O castelo tão cuidadosamente arquitetado pelos pastores
protestantes para esconderem o grande sacramento da ordem, que faz do sacerdote
católico verdadeiro representante de Deus, com poderes divinos, cai
miseravelmente diante dos textos citados, e faz aparecer a grandeza do
sacerdócio católico e a baixeza do pastorado protestante, que nada é e nada
vale, senão uma exploração, um meio de vida; pois, se os sacerdotes católicos
recebem os seus poderes de Deus, o pastor protestante nada recebe de ninguém:
ele mesmo escolhe-se, nomeia-se, e dá a si os poderes que julga ter
7° O MATRIMÔNIO
É o último na série dos sacramentos. O casamento, que era
antes de Jesus Cristo mero contrato, é um verdadeiro sacramento na nova lei.
Não sabemos exatamente o tempo nem o lugar em que Jesus Cristo instituiu este
sacramento; pensam os teólogos que foi nas bodas de Caná. Outros pensam que foi
na ocasião em que o Salvador restaurou a unidade e a indissolubilidade
primitivas. Interrogado a respeito do divórcio,que nem o direito de separar-se
tem o homem e a mulher, exceto o caso de adultério (Mt 19, 3-5)
Outros ainda pensam que foi instituído depois da
ressurreição, e promulgado por S. Paulo, na epístola aos efésios (5, 25-33)
Pouco importa o tempo e o lugar, o certo é que o matrimônio
foi por Nosso Senhor elevado à dignidade de sacramento, como resulta positiva a
irrefutavelmente da Sagrada Escritura. Não separe o homem o que Deus ajuntou,
disse Jesus Cristo (Mt 19,6)
Este mistério, ou sacramento, é grande em relação a Cristo e
à Igreja, diz S. Paulo (Ef 5,32). Isso é grande em relação a Cristo, porque é
instituição divina; grande em relação à Igreja, que deve mantê-lo na sua
unidade e indissolubilidade
O rito externo foi indicado por S. Paulo: é a mútua tradição
e aceitação do direito sobre os corpos, em ordem aos fins do casamento,
formando a união santa, como é santa a união do Cristo com sua Igreja (Ef 5,25)
É mais uma bomba que pegam os nossos amigos protestantes;
eles, que rejeitam o sacramento, para contentar-se unicamente com o contrato
civil, preferindo – como aliás fazem sempre – a obra humana à instituição
divina
I. CONCLUSÃO
Eis, pois, bem provada a tese em refutação do erro
protestante . Há sacramentos na Igreja que são os canais para transmitir aos
homens a graça divina, proveniente dos méritos de Jesus Cristo
Há sete sacramentos, nem mais, nem menos, porque há
necessidade destes sete e porque um oitavo seria necessariamente repetição de
um outro, e ainda porque Jesus Cristo, não consultando os protestantes,
entendeu instituir sete
Tudo isso é bem provado, tanto pela Sagrada Escritura, como
pelo bom-senso e pela tradição dos séculos cristãos. Só não enxerga quem não
quer enxergar; e não compreende quem não quer compreender, porém a verdade é e
será sempre esta...
Se os protestantes não aceitam os sete sacramentos, devia-se
concluir que nem sabem contar até sete. Neste caso é o pirronismo da ignorância
POBRES PROTESTANTES ILUDIDOS... QUANDO SABEREIS COMPREENDER
A VOSSA BÍBLIA?
LITURGIA DO DIA 10 DE JULHO DE 2013
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