O casamento é um grande sacramento, eu digo em Jesus Cristo
e na sua Igreja é honroso para todos, em todos, e em tudo, isto é, em todas as
suas partes. Para todos: porque as próprias virgens o devem honrar com
humildade. Em todos: porque é tão santo entre os pobres como é entre os ricos.
Em tudo: porque a sua origem, o seu fim, as suas vantagens, a sua forma e
matéria são santas. É o viveiro do Cristianismo, que enche a terra de fiéis,
para tornar completo no céu o número dos eleitos: de sorte que a conservação do
bem do casamento é sobremaneira útil para a república; porque é a raiz e o
manancial de todos os seus arroios
Prouvera a Deus que o seu Filho muito amado fosse chamado
para todas as bodas como o foi para a de Caná; nunca faltaria lá o vinho das consolações
e das bençãos;porque se não as há senão um pouco ao princípio, é porque, em vez
de Nosso Senhor, se fez vir a elas Adônis e, em lugar de Nossa Senhora, se faz
vir a Vênus. Quem quer ter cordeirinhos bonitos e malhados, como Jacó, precisa
como ele de apresentar às ovelhas quando se juntam para conceber umas lindas
varinhas de diversas cores; e quem quer ser bem-sucedido no casamento, deveria
em suas bodas representar a si mesmo a santidade e dignidade deste Sacramento;
mas em lugar disso dão-se aí mil abusos e excessos em passatempos, festins e
palavras. Não é pois de admirar que os efeitos sejam desordenados
Exorto sobretudo aos casados ao amor recíproco que o
Espírito Santo tanto lhes recomenda na Sagrada Escritura: ó casados não se deve
dizer: amai-vos um ao outro com o amor natural, porque os casais de rolas fazem
isto muito bem. nem se deve dizer: amai-vos com amor humano, porque também os
pagãos praticaram esse amor; mas digo-vos encostado ao grande Apóstolo:
Maridos, amai as vossas mulheres, como Jesus Cristo ama a Igreja; ó mulheres,
amai vossos maridos, como a Igreja ama o seu Salvador. Foi Deus quem levou Eva
a nosso primeiro pai Adão, e lha deu por mulher; foi também Deus, meus amigos,
que com sua mão invisível fez o nó do sagrado laço do vosso matrimônio, e que
vos deu uns aos outros: por que não haveis então de amar-vos com amor todo
santo, todo sagrado, todo divino?
O primeiro efeito deste amor é a união indissolúvel dos
vossos corações. Se se grudam duas peças de pinho, uma vez que a cola seja
fina, a união fica tão forte, que será mais fácil quebrar as peças noutros
sítios do que no sítio da junção; mas Deus junta o marido e a mulher em seu
próprio sangue: e por isso é que esta união é tão forte que antes se deve
separar a alma do corpo de um e de outro do que separar-se o marido da mulher.
Ora esta união não se entende principalmente do corpo, mas sim do coração do
afeto e do amor
O segundo efeito deste amor deve ser a fidelidade inviolável
de um ao outro: antigamente gravavam-se os selos nos anéis que se traziam nos
dedos, como a própria santa Escritura testifica. Aqui está o segredo da
cerimônia que se faz nas bodas: a Igreja pela mão do sacerdote benze um anel, e
dando-o primeiramente ao homem, dá a entender que sela e cerra seu coração por
este Sacramento, para que nunca mais nem o nome, nem o amor de qualquer outra
mulher possa nesse coração entrar, enquanto viver aquela que lhe foi dada:
depois o esposo mete o anel na mão da própria esposa, para que ela
reciprocamente saiba que nunca o seu coração deve conceber afeto por qualquer
outro homem, enquanto viver sobre a terra aquele, que Nosso Senhor acaba de lhe
dar
O terceiro fruto do casamento é a geração e a legítima
criação e educação dos filhos. Grande honra é esta para vós, ó casados, que
Deus, querendo multiplicar as almas que possam bendizel'O e louvá-l'O por toda
a eternidade, vos torna cooperadores de obra tão digna, por meio da produção
dos corpos, em que Ele reparte, como gotas celestes, as almas, criando-as e
infundindo-as nos corpos
Conservai pois, ó maridos, um terno, constante e cordial
amor a vossas mulheres: por isto foi a mulher tirada do lado mais chegado ao
coração do primeiro homem, para que fosse amada por ele cordial e ternamente.
As fraquezas e enfermidades de vossas mulheres, quer do corpo, quer do
espírito, não devem provocar-vos a nenhuma espécie de desdém, mas antes a uma
doce e amorosa compaxião, pois Deus criou-as assim para que dependendo de vós,
vos honrem e vos respeitem mais, e de tal modo as tenhais por companheiras que
contudo sejais os chefes e superiores. E vós, ó mulheres, amai ternamente,
cordialmente, mas com um amor respeitoso e cheio de reverência, os maridos que
Deus vos deu: porque realmente por isso os criou Deus de um sexo mais vigoroso
e predominante, e quis que a mulher fosse uma dependência do homem, e osso dos
seus ossos, e carne da sua carne, e que ela fosse produzida por uma costela
deste, tirada debaixo dos seus braços, para mostrar que ela deve estar debaixo
da mão e governo do marido; e toda a Escritura Santa vos recomenda severamente
esta sujeição, que aliás a mesma Escritura vos faz doce e suave, não somente
querendo que vos acomodeis a ela com amor, mas ordenando a vossos maridos que a
exerçam com grande afeto, ternura e suavidade
Maridos, diz São Pedro, portai-vos discretamente com vossas
muleres como com um vaso mais frágil, honrando-as. Mas assim como vos exorto a
afervorar cada vez mais este recíproco amor que vos deveis, estai alerta para
que não se converta em nenhuma espécie de ciúme: porque acontece muitas vezes
que, como o verme se cria na maçã mais delicada e madura, também o ciúme nasce
no amor mais ardente e afetouso dos casados, cja substância aliás estraga e
corrompe; porque pouco a pouco acarreta os desgostos, desavenças e divórcios.
Por certo que o ciúme nunca chega aonde a amizade está de parte a parte fundada
na verdadeira virtude: e eis a razão por que ela é um sinal indubitável de um
amor sensual, grosseiro, e que se dirigiu a objeto em que encontrou uma virtude
defeituosa, inconstante e exposta a desconfianças. É pois uma pretensão tola
quer e dar a entender com os zelos a grandeza amizade: porque o sinal na verdade
é um sinal da magnitude e concordância da amizade, mas não da sua bondade,
pureza e perfeição; pois que a perfeição da amizade pressupõe a firmeza da
virtude da coisa que se ama, e o ciúme pressupõe a incerteza
Se quereis, maridos, que as vossas mulheres vos sejam fiéis,
ensinai-lhes a lição com o vosso exemplo: Com que cara, diz S. Gregório Nazianzeno,
quereis exigir honestidade de vossas muçheres, se vós próprios viveis na
desonestidade? Como lhes pedis o que não lhes dais? Quereis que elas sejam
castas? Vivei castamente com elas, e, como diz São Paulo, saiba cada um possuir
o seu vaso em santificação. Mas, se pelo contrário vós mesmos lhes ensinais as
dissoluções, não é de admirar que sofrais a desonra da sua perda
Mas vós, ó mulheres, cuja honra está inseparavelmente aliada
com a pureza e honestidade, conservai zelosamente a vossa glória, e não
permitais que nenhuma espécie de dissolução empane a brancura da vossa
reputação. Temei toda a sorte de ataques, por pequenos que sejam: nunca
permitais que andem em volta de vós os galanteios. Todo aquele que vem elogiar
a vossa formosura e a vossa graça deve ser-vos suspeito. Porque quem gaba uma
mercadoria que não pode comprar, ordinariamente é muito tentado a roubá-la. Mas
se ao vosso encômio alguém adicionar o desprezo de vosso marido, ofende-vos
sobremaneira, porque a coisa é clara, que não somente quer perder-vos, mas já
vos tem na conta de meio perdida, pois que metade do contrato é feito com o
segundo comprador, quando se está desgostoso do primeiro. As senhoras, tanto
antigas como modernas, acostumaram-se a levar pendentes das orelhas muitas
pérolas, pelo prazer, diz Plínio, que têm em as ouvir tilintar e chocalhar,
tocando umas nas outras. Mas quanto a mim, que sei que o grande amigo de Deus,
Isaac, enviou à casta Rebeca pendentes de orelhas como os primeiros penhores do
seu amor: eu creio que este ornamento místico significa que a primeira coisa
que um marido deve ter de uma mulher, e que a mulher lhe deve fielmente guardar,
é a orelha, para que nenhuma linguagem ou ruído possa aí entrar, senão o doce e
amigável gorjeio das palavras castas e pudicas, que são as pérolas orientais do
Evangelho. Porque é preciso lembrar-se sempre de que as almas se envenenam pelo
ouvido, como o corpo pela boca - [Fonte: Filotéia ou Introdução à Vida Devota -
S. Francisco de Sales, Parte III, cap. 38]
SÃO BENTO , ABADE E PAI DOS MONGES , (BRANCO, PREF. COMUM OU
DOS SANTOS - OFÍCIO DA MEMÓRIA) - LEITURA DO LIVRO DO GÊNESIS - Naqueles dias,
18Então Judá adiantou-se e disse a José: "Rogo-te, meu senhor, que
permitas ao teu servo dizer uma palavra aos ouvidos do meu senhor, e não se
acenda a tua ira contra o teu servo, porque tu és como o próprio faraó. 19Meu
senhor havia perguntado aos seus servos: Tendes ainda vosso pai? 20E nós
havíamos respondido ao meu senhor que tínhamos um velho pai e um irmãozinho,
filho de sua velhice, do qual o irmão havia morrido; e que, como ele foi
deixado o único de sua mãe, seu pai o amava. 21Disseste aos teus servos:
Trazei-o para junto de mim, a fim de que o veja com meus olhos. 23E disseste
aos teus servos: Se vosso irmãozinho não vier convosco, não sereis admitidos na
minha presença. 24Quando voltamos para a casa do teu servo, nosso pai,
referimos-lhe as palavras do meu senhor. 25E, quando nosso pai nos mandou
voltar para comprar alguns víveres, 26respondemos-lhe: Não podemos descer. Mas,
se nosso irmão mais novo 27Teu servo, nosso pai, nos replicou: Sabeis que minha
mulher me deu dois filhos. 28Um desapareceu de minha casa, e eu disse:
Certamente foi devorado. E não mais o revi até hoje. 29Se me tirais ainda este,
e lhe acontecer alguma desgraça, fareis descer os meus cabelos brancos à
habitação dos mortos, sob o peso da dor. 1Então José, já não se podendo conter
diante de todos os assistentes, exclamou: "Fazei sair todo o mundo."
Desse modo, ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer aos seus irmãos.
2Pôs-se a chorar tão alto que os egípcios da casa do faraó o ouviram. 3E disse
aos seus irmãos: "Eu sou José! Meu pai vive ainda?" Mas não lhe
puderam responder, porque estavam pasmados de se encontrar diante dele.
4"Aproximai-vos", disse-lhes ele; e eles aproximaram-se. E ele
disse-lhes: "Eu sou José, vosso irmão, que vendestes para o Egito. 5Mas
agora não vos entristeçais, nem tenhais remorsos de me ter vendido para ser
conduzido aqui. É para vos conservar a vida que Deus me enviou adiante de vós -
Palavra do Senhor
SALMO RESPONSORIAL(104)
REFRÃO: LEMBRAI AS MARAVILHAS DO SENHOR!
1. Mandou vir, então, a fome sobre a terra e os privou de
todo pão que os sustentava; um homem enviara à sua frente, José que foi vendido
como escravo. -R.
2. Apertaram os seus pés entre grilhões e amarraram seu
pescoço com correntes, até que se cumprisse o que previra, e a palavra do
Senhor lhe deu razão. -R.
3. Ordenou, então, o rei que o libertassem, o soberano das
nações mandou soltá-lo; fez dele o senhor de sua casa, e de todos os seus bens
o despenseiro. -R.
EVANGELHO: MATEUS 10, 7-15
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO MATEUS -
Naquele tempo, 7Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.
8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os
demônios. Recebestes de graça, de graça dai! 9Não leveis nem ouro, nem prata,
nem dinheiro em vossos cintos, 10nem mochila para a viagem, nem duas túnicas,
nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento. 11Nas cidades
ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber;
ficai ali até a vossa partida. 12Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa.
13Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for,
vosso voto de paz retornará a vós. 14Se não vos receberem e não ouvirem vossas
palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi até mesmo o pó
de vossos pés. 15Em verdade vos digo: no dia do juízo haverá mais indulgência
com Sodoma e Gomorra que com aquela cidade - Palavra da salvação
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