CARDEAL FRANCIS
ARINZE FALA PARA LITURGISTAS
A Sagrada Eucaristia ocupa um lugar
central no culto público da Igreja e na sua vida. Sua celebração deve, então,
receber de todos nós a maior atenção. Por essa razão, estou feliz de saber que
esta "Gateway Liturgical Conference" está consagrada especialmente
para a atenção com a celebração digna da Sagrada Eucarisita , de acordo com a
encíclica do Santo Padre, Ecclesia de Eucharistia, e a instrução Redemptionis
Sacramentum , da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.
Isso também está no sentido do presente Ano da Eucaristia.
No desenvolvimento do tema atribuído
para mim, "Normas Litúrgicas e Piedade Litúrgica", eu tenho a
intenção de começar examinando por que devem existir normas litúrgicas, como o
que a Igreja acredita e como ela reza estão relacionados, e quem tem autoridade
para emitir normas para a liturgia. Este será o momento para explicar
claramente o que entendemos por piedade litúrgica. Criatividade é uma questão
que surge frequentemente, no que se refere à liturgia. Ela deve ser examinada.
O desejo para fazer celebrações litúrgicas interessantes também merece ser
analisado.
Algumas pessoas querem introduzir
danças na liturgia. A discussão dessa tendência não pode ser evitada. Nós vamos
concluir perguntando-nos se a observação das normas litúrgicas é uma chamada
para o formalismo ou rubricismo, ou um promotor da fé e da piedade.
2. Razões para Normas Litúrgicas
A sagrada liturgia é um exercício do
ofício sacerdotal de Jesus Cristo. É o culto público realizado pelo Corpo
Místico de Cristo, pela Cabeça e por Seus membros (cf Sacrosanctum Concilium
[SC] 7).
Celebrações litúrgicas possuem alguns
elementos que são de instituição divina. Esses são os aspectos mais importantes
dos sete sacramentos. Existem elementos que são de instituição eclesial. Ao
decidir sobre esses elementos, a Igreja tem um grande cuidado para ser fiel à
Sagrada Escritura, para honrar a tradição transmitida através dos séculos, para
manifestar sua fé e alegrar-se nela, e para levar todos os fiéis para o culto
de Deus, seguindo o exemplo de Cristo, e mostrando amor e serviço para seu
próximo. Entre esses dois, podemos falar de um terceiro: aqueles elementos da
liturgia que são encontrados desde os primeiros anos em todas ou praticamente
todas as grandes tradições litúrgicas e que devem, portanto, retornar pelo
menos a um período muito próximo dos apóstolos, e talvez mesmo a Nosso Senhor.
O fato de podermos não ter conhecimento certo sobre isso em um dado caso é uma
forte razão para evitar inovações ou negligências precipitadas. (cf Varietates
Legitimae [VL] 26-27, Instrução Geral para o Missal Romano [IGMR] 397,
Liturgiam authenticam [LA] 4-5, Redemptionis Sacramentum [RS] 9)
Celebrações litúrgicas devem ser
experiência da fé tradicional que é confessada, celebrada e comunicada, da
esperança que é expressada e confirmada, e da caridade que é cantada e vivida.
Como as celebrações litúrgicas são
atos públicos realizados em nome da Igreja universal, com o próprio Jesus
Cristo como o Sacerdote-Chefe, segue-se que ao longo dos séculos, a Igreja
necessariamente desenvolveu normas de acordo com as quais seu culto público é
expressado. Normas litúrgicas protegem esse tesouro que é o culto Cristão. Elas
manifestam a fé da Igreja, promovem-na, celebram-na e comunicam-na. Elas também
manifestam a fé da Igreja como uma família constituída hierarquicamente, uma
comunidade de culto, amor e serviço, e um corpo que promove união com Deus e
santidade de vida e dá aos pecadores esperança de conversão, perdão e vida nova
em Cristo.
Além disso, normas litúrgicas ajudam
a proteger a celebração dos mistérios sagrados, especialmente a Sagrada
Eucaristia, de serem danificados por adições ou subtrações que danificam a fé e
podem, por vezes, até tornar uma celebração sacramental inválida. O povo de
Deus tem, assim, celebrações garantidas na linha da fé tradicional da fé
Católica e não é deixado à mercê de idéias pessoais, sentimentos, teorias ou
idiossincrasias.
O Papa João Paulo II é muito
insistente no papel importante das normas relativas à celebração da Eucaristia.
"Essas normas são uma expressão concreta da natureza eclesial da
Eucaristia; este é seu significado mais profundo. Liturgia nunca é propriedade
privada de alguém, seja ele o celebrante ou a comunidade na qual os mistérios
são celebrados" (Ecclesia de Eucharistia [EE] 52). O amor à Igreja leva a
pessoa a observar essas normas: "Sacerdotes que, com fé, celebram a Missa
de acordo com as normas litúrgicas, e a comunidade que às mesmas adere,
demonstram de modo silencioso mas expressivo seu amor à Igreja" (ibid). Nosso
respeito pelos mistérios de Cristo nos leva a respeitar essas normas: "A
ninguém é permitido aviltar esse mistério confiado a nossas mãos: é demasiado
grande para que alguém possa permitir-se tratá-lo a seu livre arbítrio, não
respeitando seu caráter sagrado nem a sua dimensão universal" (ibid).
3. Lex orandi, lex credendi
Os sacramentos estão ordenados à
santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e, por fim, a prestar
culto a Deus; como sinais, têm também a função de instruir. Não só supõem a fé,
mas também a alimentam, fortificam e exprimem por meio de palavras e coisas,
razão pela qual se chamam "sacramentos da fé". (cf SC 59)
A fé da Igreja manifestou-se na forma
como a Igreja reza e especialmente em como ela celebra a Sagrada Eucaristia e
os outros sacramentos. Existem palavras e conceitos que adquiriram um
significado profundo na vida, fé e oração da Igreja ao longo dos séculos.
Exemplos são pessoa, trindade, majestade divina, encarnação, paixão,
ressurreição, salvação, mérito, graça, intercessão, redenção, pecado,
arrependimento, perdão, propiciação, misericórdia, penitência, reconciliação,
comunhão e serviço. Existem gestos e posturas que ajudam a expressar o que a
Igreja acredita. Exemplos são o Sinal da Cruz, inclinar a cabeça, ajoelhar-se,
sentar-se, ouvir e ir em procissão.
"A fé da Igreja é anterior à fé
do fiel, que é convidado a aderir a ela. Quando a Igreja celebra os
sacramentos, confessa a fé recebida dos apóstolos." (Catecismo da Igreja
Católica, 1124). Esse é um argumento forte em favor do grande cuidado na
formulação, nos gestos e nas normas das celebrações litúrgicas.
A relação entre a fé da Igreja e sua
celebração litúrgica foi encapsulada em um dito antigo, lex orandi, lex
credendi (a lei da oração é a lei da fé), ou legem credendi lex statuat
supplicandi (deixar a lei da oração determinar a regra da fé). Essa afirmação
da fé Católica é creditada a Prosper de Aquitaine, do 5º século (Ep. 8). Ela é
citada no Indiculus ou Capítulos Pseudo-Celestinos. O Papa Celestino reinou de
422 a 432 (cf. Ds 246).
A Igreja crê como ela reza. A
liturgia é um elemento constitutivo da santa e viva tradição da Igreja (cf. Dei
Verbum 8). É por isso que a Igreja não permite ao ministro ou à comunidade
modificar ou manipular qualquer sacramental ou mesmo o rito litúrgico geral.
"Mesmo a suprema autoridade da Igreja não deve mudar a liturgia
arbitrariamente, mas tão somente em obediência à fé e com respeito religioso ao
mistério da liturgia" (Catecismo da Igreja Católica, 1125)
A Redemptionis Sacramentum é incisiva
nesse ponto: "A mesma Igreja não tem nenhum poderio sobre aquilo que tem
sido estabelecido por Cristo, e que constitui a parte imutável da Liturgia.
Posto que, caso seja rompido este vínculo que os sacramentos têm com o mesmo
Cristo que os tem instituído e com os acontecimentos que a Igreja tem sido
fundada, nada seria vantajoso aos fiéis, mas sim poderia ser gravemente danoso.
De fato, a sagrada Liturgia está estreitamente ligada com os princípios
doutrinais por que o uso de textos e ritos que não têm sido aprovados leva a
uma diminuição ou desaparecimento do nexo necessário entre a lex orandi e a lex
credendi." (RS 10)
4. Autoridade sobre a Liturgia
As reflexões acima nos levam a
perguntar quem tem autoridade sobre a sagrada liturgia. Quem decide sobre os
textos, as cerimônias, as normas? Nós não podemos nos dar o luxo de ser vagos
nisso.
O Concílio Vaticano Segundo não é
ambíguo: "Regular a sagrada Liturgia compete unicamente à autoridade da
Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as normas do direito, no
Bispo. Em virtude do poder concedido pelo direito, pertence também às
assembléias episcopais territoriais competentes, de vários gêneros,
legitimamente constituídas, regular, dentro dos limites estabelecidos, a
Liturgia." Então o Concílio adiciona a advertência: "Por isso,
ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar,
suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica". (SC 22)
Essas regras não são um sinal de
falta de respeito por quem quer que seja. Elas derivam do fato de que a
liturgia é uma celebração da Igreja universal. "As orações dirigidas a
Deus pelo sacerdote que preside, na pessoa de Cristo, à assembléia, são ditas
em nome de todo o Povo santo e de todos os que estão presentes. Os próprios
sinais visíveis que a sagrada Liturgia utiliza para simbolizar as realidades invisíveis
foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja." (SC33)
Dessas considerações segue que uma
atitude de "faça por si mesmo" não é aceitável no culto público da
Igreja. Ela causa dano ao culto da Igreja e à fé das pessoas. O povo de Deus
tem o direito de que a liturgia seja celebrada como a Igreja quer que ela seja
(cf RS 12). Os mistérios de Cristo não podem ser celebrados de acordo com gosto
ou capricho pessoal. " O 'tesouro' é demasiado grande e precioso para se
correr o risco de o empobrecer ou prejudicar com experimentações ou práticas
introduzidas sem uma cuidadosa verificação pelas competentes autoridades
eclesiásticas" (EE 51).
5. Piedade Litúrgica
Quando nós dizemos piedade, nós
pensamos em geral em honra e reverência dada a alguém que é, de alguma forma,
responsável por nossa existência e bem estar. Entretanto, a virtude da piedade
refere-se, antes de tudo, a Deus, que é nosso criador e constante provedor. Mas
nós podemos também falar de piedade para nossos pais, parentes próximos, país,
tribo ou povo.
Como uma virtude Cristã, a piedade é
um dos dons do Espírito Santo. Ela nos move ao culto de Deus, que é o Pai de
todos nós, e também a fazer o bem a outros como reverência a Deus. Com o
salmista, nós cantamos: "Como são amáveis as vossas moradas, Senhor dos
exércitos! Minha alma desfalecida se consome suspirando pelos átrios do Senhor.
Meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo."(Salmo 83(84):2-3).
Celebrações litúrgicas tornam-se atraentes para pessoas piedosas. O sino da
igreja que toca para a Missa é um som bem-vindo: "Que alegria quando me
vieram dizer: 'Vamos subir à casa do Senhor...'.Eis que nossos pés se estacam
diante de tuas portas, ó Jerusalém!" (Salmo 121(122):1-2). A alma piedosa
tem alegria pura em estar na igreja e mais ainda em juntar-se ao culto divino:
"Verdadeiramente, um dia em vossos átrios vale mais que milhares fora
deles. Prefiro deter-me no limiar da casa de meu Deus a morar nas tendas dos
pecadores." (Salmo 83(84):11)
A piedade litúrgica, como uma bela
manifestação de virtude da religião, é ao mesmo tempo um composto de amor a
Deus, fé nEle, adoração, respeito, reverência, alegria pura em Seu serviço, e
desejo de servi-Lo da melhor forma que pudermos. O espírito da fé e reverência
que se mostra, por si próprio, na fiel observância das normas litúrgicas, é
mais favorável à promoção da piedade litúrgica.
6. Criatividade nas Celebrações
Litúrgicas
Alguém pode perguntar se existe algum
espaço para a criatividade na liturgia. A resposta é que existe, mas ela deve ser
entendida corretamente.
Antes de tudo, é necessário ter em
mente que o culto público da Igreja é algo que recebemos na fé através da
Igreja. Não é algo que inventamos. Na verdade, a essência dos sacramentos foi
estabelecida pelo próprio Cristo. E os ritos detalhados, incluindo palavras e
ações, foram cuidadosamente elaborados, guardados e transmitidos pela Igreja ao
longo dos séculos. Portanto, não seria uma atitude própria para um indivíduo ou
comitê ficar pensando e planejando a cada semana como inventar uma nova forma
de celebrar a Missa.
Além disso, a prioridade na Missa e
em outros atos litúrgicos é o culto a Deus. A liturgia não é um campo para
auto-expressão, livre criação e demonstração de habilidades pessoais.
Idiossincrasias tendem a atrair atenção à pessoa no lugar dos mistérios de
Cristo que estão sendo celebrados. Elas também podem perturbar, complicar,
molestar, enganar ou confundir os fiéis.
No entanto, também é verdade que as
normas litúrgicas permitem alguma flexibilidade. Com referência à ação
litúrgica central e mais importante, a Missa, por exemplo, nós podemos falar de
três níveis de flexibilidade. Primeiramente, existem no Missal e no Lecionário
alguns textos alternativos, ritos, cantos, leituras e bênçãos, a partir das
quais o sacerdote pode escolher (cf. IGMR 24, RS 39). Depois, existem escolhas
que são de competência do Bispo diocesano ou da Conferência dos Bispos.
Exemplos são a regulação da celebração, normas relativas à distribuição da
comunhão sob ambas espécies, construção e ordenamento ordenamento de igrejas,
traduções e alguns gestos (cf. SC 38, 40; IGMR 387, 390). Algumas dessas
alternativas requerem recognitio da Santa Sé. Os mais exigentes níveis de
variabilidade dizem respeito à inculturação no sentido mais estrito. Ela
envolve ação pela Conferência dos Bispos, após a realização de profundos
estudos interdisciplinares e recognitio da Santa Sé.
A Redemptionis Sacramentum é,
portanto, capaz de dizer que "se tem dado um amplo espaço a uma adequada
liberdade de adaptação, fundamentada sobre o princípio de que toda celebração
responda à necessidade, à capacidade, à mentalidade e à índole dos
participantes, conforme às faculdades estabelecidas nas normas litúrgicas"
(RS 39). A última frase é importante: "conforme às faculdades
estabelecidas nas normas litúrgicas". O parágrafo da Redemptionis
Sacramentum conclui com uma observação crucial, recordando que "também se
deve recordar que a força da ação litúrgica não está na mudança freqüente dos
ritos, mas sim, verdadeiramente, em aprofundar na palavra de Deus e no mistério
que se celebra". O que as pessoas estão procurando todo Domingo no seu
pastor não é uma novidade, mas uma celebração dos sagrados mistérios que nutra
a fé, manifeste devoção, desperte piedade, conduza a oração e incite a caridade
ativa na vida quotidiana.
7. Tornando a Missa Interessante
Muitos sacerdotes estão preocupados
em tornar a celebração da Eucaristia interessante. E eles não estão errados. A
Missa não é uma monótona realização de rituais. É uma celebração vital dos
mistérios centrais da nossa salvação.
Deve-se tomar cuidado para
preparar-se bem para cada celebração. Os textos a serem lidos, cantados ou
proclamados devem ser bem estudados em tempo suficiente. As vestimentas e todos
os acessórios e mobiliários do altar devem estar em bom estado. As pessoas que
exercem as tarefas de sacerdotes celebrantes, servidores de altar, líder de
canto, leitores etc. devem estar no seu melhor. A homilia deve dar às pessoas
sólido alimento litúrgico, teológico e espiritual. Se tudo isso é feito, a
Missa não será monótona.
Mas quando tudo isso é dito e feito,
nós temos que voltar ao fato de que a Missa não é para entreter as pessoas. Tal
horizontalismo está fora de lugar. As pessoas não vão à Missa para admirar o
pregador, ou o coro, ou os leitores. O movimento prioritário ou direção da
Missa é vertical, em direção a Deus, não horizontal, um em direção ao outro. O
que as pessoas necessitam é uma celebração cheia de fé, uma experiência
espiritual que lhes chama a Deus e, portanto, também ao seu próximo. Como um
subproduto, tal celebração vai capturar o interesse e a atenção das pessoas.
Também é útil observar que a
repetição de fórmulas e símbolos da fé, ou de palavras e gestos familiares, não
necessariamente tornam a celebração desinteressante. Isso importa, entretanto,
até o ponto no qual essas fórmulas são compreendidas, daí a importância da
catequese. Nas nossas vidas diárias, é desinteressante para nós repetir nossos
nomes ou os nomes daqueles que amamos? Nós não amamos nosso hino nacional e o
cantamos com piedade? Quanto mais quando isso tem a ver com nossa identidade
Cristã!
Se ajuda repetir, eu posso lembrar
que as celebrações litúrgicas permitem flexibilidade, que pode ser feita de
acordo com normas aprovadas. A Redemptionis Sacramentum exorta o Bispo a não
asfixiar as opções previstas pelas normas litúrgicas: "o Bispo deve ter
sempre presente que não se impeça a liberdade prevista nas normas dos livros
litúrgicos, adaptando a celebração, de modo inteligente, seja à igreja, seja ao
grupo de fiéis, seja às circunstâncias pastorais, para que todo o rito sagrado
universal esteja verdadeiramente acomodado ao caráter dos fiéis". (RS 21)
É por essa razão que o Bispo faz bem em não ser tentado a introduzir restrições
desnecessárias em sua diocese, como ordenar que apenas uma particular Oração
Eucarística seja usada na Missa. A autoridade do Bispo nunca é mais firme do
que quando ele a usa para garantir que as normas gerais que salvaguardam a
tradição são observadas.
Um conselho geral sobre se a
celebração litúrgica é interessante ou não é simplesmente celebrar com fé e
devoção e de acordo com as normas aprovadas, e deixar o resto para a graça de
Deus e para a cooperação das pessoas com ela.
8. Dança na Liturgia
Algumas pessoas querem introduzir
dança na sagrada liturgia. A liturgia do Rito Latino nunca possuiu tal prática.
Nós temos, portanto, que perguntar quem quer trazer a dança para comprovar o
motivo pelo qual eles querem introduzi-la.
Se nós dizemos que a razão é tornar a
Missa interessante, a resposta é aquela que acabamos de considerar. Nós vamos à
Missa para cultuar a Deus, não para ver um espetáculo. Nós temos o salão
paroquial e o teatro para shows.
Outros podem dizer que é bem-vinda
alguma dança para expressar plenamente nossa oração, pois nós somos corpo e
alma. A resposta é que a liturgia, de fato, aprecia gestos e posturas
corporais, e cuidadosamente incorporou muitos deles, como ficar de pé,
ajoelhar, genufletir, cantar e dar o sinal da paz. Mas o Rito Latino não inclui
a dança.
Não é fácil para os dançarinos não
chamar atenção para si. Apesar de algumas danças muito requintadas em algumas
culturas poderem ajudar a elevar a mente, não é verdade que, para muitas
pessoas, as danças são uma distração, em vez de ajuda à oração?
Danças facilmente apelam aos sentidos
e tendem a insistir na necessidade de aprovação, diversão, desejo de repetição,
e à premiação dos artistas com aplausos da platéia. É para experimentar isso
que vamos à Missa? Nós não temos teatros e salões paroquiais, presumindo que a
dança em questão é aceitável, que podem lugar para elas?
É verdade que em muitas partes da
África e da Ásia pode haver um hábito cultural de um gracioso movimento
corporal que, com o devido estudo e aprovação da Igreja local, pode ser aceito
em uma celebração litúrgica. O rito Etíope possui conhecidos movimentos
rítmicos graciosos e procissão para o Evangelho. O Rito Romano da Missa
aprovado para a República Democrática do Congo possui movimentos de entrada
similares.
Mas isso é muito diferente do que as
pessoas na Europa ou América do Norte pensam quando o conceito de dança é
evocado. Será que nós podemos culpar as pessoas que associam dança com Sábado à
noite, baile, teatro ou, simplesmente, diversão inocente? Os livros litúrgicos
aprovados pelos Bispos e pela Santa Sé para a Europa e América do Norte
compreensivelmente não autorizam a importação da dança para a igreja, deixando
apenas a celebração do Sacrifício Eucarístico. (veja o artigo no boletim
oficial da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos:
Notitiae 106-107, June-July 1975, pp. 202-205).
9. Formalismo e Ritualismo não são o
Objetivo
De tudo o que nós dissemos acima,
segue que uma exortação para ser fiel às normas litúrgicas não é um convite
para formalismo, ritualismo ou rubricismo. As pessoas não estão sendo
convidadas para uma realização de ações externas secas e sem alma. Jesus, nosso
Salvador, citando o profeta Isaías, já condenou aqueles que não internalizam no
seu espírito os ritos externos que efetuam:
Este povo somente me honra com os
lábios; seu coração, porém, está longe de mim. Vão é o culto que me prestam,
porque ensinam preceitos que só vêm dos homens (Mt 15:8-9, Is 29,13).
As celebrações litúrgicas não são
primariamente a observação de norma, mas a celebração dos mistérios de Cristo
pela Igreja e na Igreja, com fé e amor, e com respeito à tradição. A observação
das normas é consequência e fruto da fé e do respeito. Não é o objeto final do
culto. É uma qualidade dele.
Além disso, normas litúrgicas não são
leis ou regulamentos arbitrários ajuntados para agradar algum historiador,
esteticista ou arqueologista. Elas são manifestações do que nós cremos e do que
nós recebemos da tradição, da "norma dos santos Padres" (cf. SC20, IGMR
6), das quais as gerações dos nossos predecessores na fé disseram, observaram e
celebraram. Para saber que nós estamos fazendo, dizendo, ouvindo e vendo o que
milhões de Cristãos fizeram ao redor do mundo por centenas de anos e estão
fazendo hoje, devem nos ajudar a entrar em uma participação empenhada e orante.
Além disso, pela conformação da nossa pessoa por inteiro a tudo o que a
liturgia representa, nós temos que sofrer uma transformação e tornar-nos cada
vez mais próximos de Deus.
Oração interior e sacrifício têm
prioridade. Daí a importância, nas celebrações litúrgicas, da preparação
tranquila, do silêncio, da reflexão, do ouvir e da oração pessoal. "A mera
observância externa das normas, como resultado evidente, contraria a essência
da sagrada Liturgia, com a que Cristo quer congregar a sua Igreja, e com ela
formar 'um só corpo e um só espírito'". (RS5)
Ao mesmo tempo é necessário repetir
que o espírito de rejeição de regras e regulamentos, que passariam então a ser
considerados como uma violação da própria autonomia, deve ser corrigido. É
errado e não razoável manter um espírito de "Ninguém vai dizer o que eu
tenho que fazer". Esta seria uma falsa compreensão de liberdade.
"Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade para fazer o
que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é digno e
justo." (RS 7)
É uma bênção e um privilégio para nós
pertencermos à Igreja que, na sua sagrada Liturgia, celebra os mistérios de
Cristo e tem Cristo por Si próprio como o Sacerdote Chefe em cada ato
litúrgico. Rezemos para a Santíssima Virgem Maria, Mãe do nosso Salvador, para
que obtenha para nós uma crescente compreensão das razões para as normas
litúrgicas, a disponibilidade para observá-las e a graça de crescer diariamente
na piedade litúrgica, amor a Deus e compromisso para amar e servir nosso
próximo
LITURGIA DO DIA 17 DE JULHO DE 2013
PRIMEIRA LEITURA: ÊXODO 3, 1-6.9-12
BEATO
INÁCIO DE AZEVEDO , PRESBÍTERO E MÁRTIR - (VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DOS
MÁRTIRES - OFÍCIO DA MEMÓRIA) - LEITURA DO LIVRO DO ÊXODO
- Naqueles dias, 1Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu
sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho para além do
deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. 2O anjo do Senhor
apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça
ardia, mas não se consumia. 3"Vou me aproximar, disse ele
consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça
não se consome." 4Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver,
chamou-o do meio da sarça: "Moisés, Moisés!" "Eis-me aqui!"
respondeu ele. 5E Deus: "Não te aproximes daqui. Tira as
sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. 6Eu
sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus
de Jacó". Moisés escondeu o rosto, e não ousava olhar para Deus. 9Agora,
eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes
fazem os egípcios. 10Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito
os israelitas, meu povo". 11Moisés disse a Deus: "Quem sou
eu para ir ter com o faraó e tirar do Egito os israelitas?" 12"Eu
estarei contigo, respondeu Deus; e eis aqui um sinal de que sou eu que te
envio: quando tiveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus sobre esta
montanha" - Palavra do Senhor
SALMO
RESPONSORIAL(102)
REFRÃO: O
SENHOR É INDULGENTE, É FAVORÁVEL
1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! -R
2. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. -R.
3. O Senhor realiza obras de justiça e garante o direito aos oprimidos; revelou os seus caminhos a Moisés, e aos filhos de Israel, seus grandes feitos. -R.
1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! -R
2. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. -R.
3. O Senhor realiza obras de justiça e garante o direito aos oprimidos; revelou os seus caminhos a Moisés, e aos filhos de Israel, seus grandes feitos. -R.
EVANGELHO: MATEUS 11, 25-27
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO MATEUS
- Naquele tempo, 25Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas
palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas
coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. 26Sim,
Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 27Todas as
coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e
ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo -
Palavra da salvação
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM MEDJUGORJE – “Hoje
estou com vocês de uma forma especial, segurando em meus braços o Menino Jesus.
Filhinhos, convido-os a abrirem-se ao Seu convite. Ele convida-os a alegria.
Filhinhos, vivam alegremente as mensagens do Evangelho, que estou repetindo
desde o tempo em que estou com vocês. Filhinhos, Eu sou a Mãe de vocês e desejo
revelar-lhes o Deus do amor e o Deus da paz. Não desejo que a vida de vocês
esteja na tristeza, mas transcorra na alegria, para a vida eterna, de acordo
com o Evangelho. Somente assim a vida de vocês tera sentido” –
MENSAGEM DO DIA 25.12.96
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