NEM OURO NEM PRATA:
A NOSSA MISSÃO NÃO É A TRANSFORMAÇÃO MATERIAL DO MUNDO
Aí está um
paralítico, pedindo esmola diante da chamada Porta Formosa do Templo de
Jerusalém. Pede dinheiro para poder garantir o seu sustento, uma vez que não é
capaz de construir por si mesmo a sua vida. Pede dinheiro como um sucedâneo da
liberdade que lhe falta, como um sucedâneo da vida que lhe é negada. E então
aparecem João e Pedro. Como são pobres daquilo que o mendigo lhes pede: "não
tenho ouro nem prata"! Em contrapartida, como são ricos daquilo em que
o paralítico não pensa e não ousa pedir, mas que é o mais importante: "Mas
o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e
anda!" (At 3,6)
Ao invés do
sucedâneo, o paralítico recebe o impensado, o inesperado, aquilo que não ousava
pedir. Recebe o que realmente importa: a própria vida. Recebe-se a si mesmo. A
partir desse momento, pode erguer-se sobre os próprios pés, pode seguir o seu
caminho, pode saltar - como diz o texto da Sagrada Escritura -, o que é um
sinal de liberdade. E pode entrar no Templo, o que significa dizer
"sim" ao Deus Criador, inserir-se no coro que entoa o "sim"
da Criação inteira, tornar-se um "sim" a si mesmo e ao seu Criador
"Não tenho
ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno,
levanta-te e anda!" Nesta palavras, descreve-se de maneira válida para
todos os tempos o conteúdo do ministério sacerdotal. Nem ouro nem prata: a
nossa missão não é a transformação material do mundo. Numa época em que
experimentamos tão a fundo a penúria material, a fome de tantos milhões de
pessoas, numa época em que só parece contar o que é quantificável - ou seja,
aquilo que se pode medir, calcular e tomar nas mãos como "fato" -,
sentimo-nos imensamente pobres. E é compreensível que sintamos uma e outra vez
a tentação de não ficar só em palavras - ao menos aparentemente -, palavras que
parecem tão pequenas e tão impotentes diante das verdadeiras necessidades do
mundo. Não, essa tentação de converter também o sacerdócio em assistência
social e ação política, a fim de termos enfim algo de tangível e efetivo para
oferecer, tem de ser vencida
Aos poucos, temos
começado a perceber que os homens não sentem fome apenas de pão e de dinheiro,
mas que efetivamente sentem fome de palavras - dessas palavras em que lhes
damos um pouco de nós mesmos, em que lhes damos amor. No fundo, é sobretudo de
amor que vive todo o homem. Começamos a compreender que pecamos se não lhes
damos esse dom, se o ocultamos envergonhados. E começamos igualmente a tomar
consciência de que mesmo os milhões de pessoas que efetivamente passam fome
neste mundo não se podem sentir satisfeitos, e na verdade nem ao menos são
tratados de maneira justa, se apenas lhes damos um pouco de dinheiro para o
pão. Também eles - e sobretudo eles - sentem fome de algo mais, fome de
palavras, fome de receber as atenções do nosso amor
Mais ainda: as
nossas palavras, a nossa atenção, que pouco são! Não bastarão nunca! Temos que
dar mais, e é nisso que consiste a grandeza do ministério sacerdotal. Temos que
dar aquilo que o homem não procurava, que muitas vezes nem ao menos conhece, e
no entanto constitui a sua autêntica necessidade. Por isso, não temos o direito
de regular a nossa oferta pela procura: se o fizéssemos, privaríamos o ser
humano do mais essencial, levá-lo=íamos a resignar-se com os sucedâneos e
afastá-lo-íamos daquilo que importa e que é capaz de devolvê-lo a si mesmo.
Temos que dar o nome de Jesus Cristo. É por esse Nome que a humanidade procura
com tanta fome, mesmo que não o saiba, no meio das suas revoltas por causa das
privações deste mundo. Ele é o dom que pode dar ao homem a sua liberdade, a
liberdade de andar com os seus próprios pés, de caminhar, saltar e entrar no
Templo do Senhor para tornar-se louvor, para dizer "sim" ao Criador,
que em todas as angústias deste mundo continua a ser o nosso Salvador e nos
quer incorporar ao seu "Sim"
Dar aos homens o
nome de Jesus Cristo: este é o conteúdo permanente do ministério sacerdotal.
Sempre me comovo quando, ao distribuir a comunhão, posso e devo dizer: O Corpo
de Cristo - quando dou aos homens algo que é infinitamente mais do que tudo o
que sou e tenho; quando lhes dou muito mais do que seria capaz de lhes dar
apenas como ser humano; quando posso pôr o próprio Deus vivo nos seus corações
Da mesma forma, é
inaudito poder dizer-lhes no Sacramento da Penitência: Eu te absolvo. A ti, não
ao elemento de uma coletividade anônima qualquer em que todos dizem: "Sim,
é verdade, todos nós somos pecadores", e "Bem, no fim Deus terá
piedade de nós", quando na verdade - como diz um poeta moderno - "não
conseguimos deixar de ruminar o nosso passado mal digerido". Não, nada de
coletividades em que, em última análise, eu, com o meu passado de culpas e misérias,
não me sinto diretamente interpelado. Eu te absolvo
Um amigo contou-me
de um sacerdote, prisioneiro de guerra dos russos, a quem um clérigo
não-católico procurou com o pedido de que o confessasse. O sacerdote
perguntou-lhe: "Mas por que o senhor recorre a mim?" E a resposta
foi: "Porque não quero conselhos, mas a absolvição". Isso é o que
significa dar o nome de Jesus, dar o próprio Jesus, e dizer: "Estás livre.
A tua culpa já não conta, foi-te tirado o peso do teu passado. Podes
levantar-te, andar por ti mesmo, caminhar para Deus, saltar e louvar"
E inaudito é
também podermos conferir na hora da morte a unção para a
ressurreiçãoressurreição é o único remédio verdadeiro para a morte, de forma
que até nessa hora em que ocorre a máxima paralisia neste mundo possamos dizer:
"Levanta-te! Porque hás de erguer-te e retomar o teu caminho, e olhar o
teu Deus nos olhos e louvá-lo. e já ninguém poderá roubar-te a tua
liberdade"
Dar aos homens o
nome de Jesus. Isto pressupõe, no entanto, que nós mesmos estejamos nesse Nome,
que ele tenha sido invocado sobre nós. E aqui se revela o mistério mais
profundo do sacerdócio: ninguém pode pronunciar por si mesmo o nome de Jesus;
só Ele é que nos pode dar a autoridade necessária para fazê-lo
Ao chamar o
Profeta Jeremias, Deus disse-lhe: "Pus as minhas palavras na tua
boca" (Jer 1,9). É justamente o que diz a cada um de vós [ordenandos]
nesta hora: "Ponho as minhas palavras na tua boca". A partir de
agora, podes e deves pronunciar as palavras dEle. Poderás dizer: Isto é
o meu Corpo! Este é o meu sangue! E poderás dizer: Eu te
absolvo. Com o teu eu? Não, porque nenhum homem pode dar-te poder para
tanto. E também nenhuma comunidade, porque são palavras pessoais, exclusivas,
de Cristo. É somente no Sacramento, no poder sacramental que o Senhor mesmo
confere, que isso se pode dar, e é só assim que o seu Nome pode continuar a
estar presente neste mundo
"Ponho as
minhas palavras na tua boca": em última análise, isso é também o que
nos torna livres. Não precisamos reinventar nós a Igreja, a sua eficácia não
depende da nossa eficácia, da nossa piedade, da nossa limitada capacidade de
amar. "Ponho as minhas palavras na tua boca". Por isso, Deus aceitou
que Jeremias tentasse contradizê-lo, afirmando: "Ah, Senhor, eu não sei
falar, ainda sou criança (Jer 1,6). Quantas vezes não teimaremos dessa forma
com o Senhor, embora a sua resposta permaneça sempre a mesma: "Mas se não
és tu quem fala! Ponho as minhas palavras na tua boca". Assim
serás livre e poderás falar, anunciar o Nome de Jesus, com toda a paz. É
precisamente por falarmos no seu Nome que podemos ter essa grande serenidade
interior, essa paz e essa liberdade sem as quais semelhante ministério seria
insustentável. O que não significa, evidentemente, que possamos por assim dizer
permanecer alheios ao que dizemos, como simples alto-falantes indiferentes. O
sentido do nosso ministério só se realiza plenamente quando realmente começamos
a pensar por nós mesmos os pensamentos de Cristo e assim a participar das suas
palavras
Com isto chegamos
ao que nos diz o Evangelho de hoje. Há nele duas frases de Jesus relacionadas
entre si: "Simão, filho de João, amas-me?" e "Apascenta
os meus cordeiros" (Jo 21,15-17). Segundo estas palavras admiráveis do
Senhor, amar e apascentar são a mesma coisa. Porque o "apascentar" -
isto é, cuidar do bem das almas - só se realiza por meio do "amar",
por um amar com o amor de Jesus Cristo. A eficácia dos Sacramentos não depende
de nós e a Palavra não deixa de ser verdadeira mesmo quando nos acusa (e muitas
vezes essas realidades hão de servir-nos de consolo). Mas só poderemos ser
pastores de almas se apascentarmos, isto é, se nos tornarmos homens que amam,
que amam com Cristo. Temos, pois, de voltar-nos para Ele: "Senhor, Tu que
queres que eu fale por ti: dá-me esse Nome! Dá-me ao teu Nome, e dá-me o teu
Nome!"
(...) Apascentar
significa amar. Cuidar das almas significa amar com o amor de Jesus Cristo, o
que por sua vez significa amá-lO e ser amado por Ele. Porque é assim que Ele
nos apascenta
Este amor a Jesus
Cristo nada tem de adocicado, barato ou cômodo. Afinal, é este amor que nos
conduz, como diz o Evangelho, ao cumprimento destas outras palavras:
"outro te cingirá e te levará pra onde não queres ir" (Jo 21,18).
Precisamos encontrar a amizade com Jesus, ouvir e reconhecer o pulsar do
coração divino na Sagrada Escritura, para que, quando Ele nos cingir e nos
levar para onde não queiramos ir, continuemos a reconhecer nEle o Amigo, o
Coração de Deus, e saibamos que, por mais que nos custe, Ele está a
conduzir-nos para o amor, a salvação e a liberdade” - HOMILIA DO CARDEAL JOSEPH RATZINGER
POR OCASIÃO DE UMA ORDENAÇÃO SACERDOTAL NA CADETRAL DE NOSSA SENHORA DE
FREISING, 27.06.1981
LITURGIA DO DIA 28 DE JUNHO DE 2013
PRIMEIRA LEITURA: GÊNESIS 17, 1.9-10.15-22
SANTO
IRINEU , BISPO E MÁRTIR - (VERMELHO, PREF. COMUM DOS SANTOS - OFÍCIO DA MEMÓRIA) - LEITURA DO LIVRO
DO GÊNESIS - 1Abrão tinha noventa e nove
anos. O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: "Eu sou o Deus Todo-poderoso.
Anda em minha presença e sê íntegro; 9Deus disse ainda a Abraão:
"Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e tua posteridade nas gerações
futuras. 10Eis o pacto que faço entre mim e vós, e teus
descendentes, e que tereis de guardar: Todo homem, entre vós, será
circuncidado. 15Disse Deus a Abraão: "Não chamarás mais tua
mulher Sarai, e sim Sara. 16Eu a abençoarei, e dela te darei um
filho. Eu a abençoarei, e ela será a mãe de nações e dela sairão reis." 17Abraão
prostrou-se com o rosto por terra, e começou a rir, dizendo consigo mesmo:
"Poderia nascer um filho a um homem de cem anos? Seria possível a Sara
conceber ainda na idade de noventa anos?" 18E disse a Deus:
"Oxalá que Ismael viva diante de vossa face!" 19Mas Deus
respondeu-lhe: "Não, é Sara, tua mulher que dará à luz um filho, ao qual
chamarás Isaac. Farei aliança com ele, uma aliança que será perpétua para sua
posteridade depois dele. 20Eu te ouvirei também acerca de Ismael. Eu
o abençoarei, torná-lo-ei fecundo e multiplicarei extraordinariamente sua
descendência: ele será o pai de doze príncipes, e farei sair dele uma grande
nação. 21Mas minha aliança eu a farei com Isaac, que Sara te dará à
luz dentro de um ano, nesta mesma época." 22Tendo acabado de
falar com ele, retirou-se Deus de Abraão - Palavra
do Senhor
SALMO
RESPONSORIAL(127)
REFRÃO:
SERÁ ASSIM ABENÇOADO TODO AQUELE QUE RESPEITA O SENHOR
1. Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem! -R.
2. A tua esposa é uma videira bem fecunda no coração da tua casa; os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor de tua mesa. -R.
3. Será assim abençoado todo homem que teme o Senhor. O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida. -R.
1. Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem! -R.
2. A tua esposa é uma videira bem fecunda no coração da tua casa; os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor de tua mesa. -R.
3. Será assim abençoado todo homem que teme o Senhor. O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida. -R.
EVANGELHO: MATEUS 8, 1-4
PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO DE JESUS CRISTO, SEGUNDO MATEUS
- Naquele tempo, 1Tendo Jesus descido da montanha, uma grande
multidão o seguiu. 2Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se
diante dele, dizendo: Senhor, se queres, podes curar-me. 3Jesus
estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero, sê curado. No mesmo instante, a
lepra desapareceu. 4Jesus então lhe disse: Vê que não o digas a
ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés
em testemunho de tua cura - Palavra da
salvação
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM MEDJUGORJE – “Hoje
os convido o viverem a paz em seus corações e em suas famílias. Não existe paz,
filhinhos, onde não se reza e não existe amor onde não existe fé. Por isso,
filhinhos, convido todos vocês a decidirem-se, hoje novamente, pela conversão.
Eu estou perto de vocês, filhinhos, e convido-os a virem todos para os meus
braços, para ajudá-los, mas vocês não querem e assim Satanás os tenta e, mesmo
nas coisas mais pequenas, a fé de vocês enfraquece. Portanto, filhinhos, rezem
e através da oração terão a bênção e a paz” – MENSAGEM DO DIA 25.03.95
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