CARDEAL CATÓLICO CRITICA SERMÕES “INSOSSOS E CANSATIVOS”
O CARDEAL GIANFRANCO RAVASI, MINISTRO DA CULTURA DO VATICANO, RESOLVEU BOTAR O DEDO NAQUELA QUE É, ENTENDO, UMA DAS CHAGAS ABERTAS DA IGREJA CATÓLICA, QUE É A MINHA IGREJA. LEIAM O QUE INFORMA A FRANCE PRESSE
OS SERMÕES FEITOS POR MUITOS PADRES CATÓLICOS TORNARAM-SE “INSOSSOS”, DENUNCIOU NESTA SEXTA-FEIRA O CARDEAL GIANFRANCO RAVASI, MINISTRO DA CULTURA DO VATICANO, PEDINDO A ELES QUE NÃO TEMAM DIZER PALAVRAS QUE “PERTURBEM, QUESTIONEM E CAUSEM PREOCUPAÇÃO”. O CARDEAL FALOU SOBRE O ASSUNTO DURANTE UM CICLO DE CONFERÊNCIAS ORGANIZADO EM ROMA PELO INSTITUTO FRANCÊS –CENTRO SÃO LUÍS, ABERTO NA QUINTA-FEIRA NA UNIVERSIDADE DOS JESUÍTAS, A GREGORIANA. O CARDEAL ITALIANO CONVIDOU OS SACERDOTES A LEVAREM EM CONTA AS NOVAS LINGUAGENS PARA ATRAIR A ATENÇÃO DOS FIÉIS, ALÉM DE NÃO TEMEREM O “ESCÂNDALO” CAUSADO PELAS PALAVRAS DA BÍBLIA
“DEVEMOS REENCONTRAR ESTA DIMENSÃO DA PALAVRA QUE OFENDE , QUE INQUIETA, QUE JULGA”, AFIRMOU O PRELADO. É PRECISO NOTAR QUE A BÍBLIA PODE “PREOCUPAR E, ÀS VEZES, DESCONCERTA” O QUE, SEGUNDO ELE, É “INDISPENSÁVEL”. O CARDEAL TAMBÉM CONVIDOU OS PADRES A ACOMPANHAREM A “REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO”. “A INFORMAÇÃO TRANSMITIDA PELA TELEVISÃO E A INFORMÁTICA, EXPLICOU O MINISTRO DA CULTURA DO VATICANO , DEMANDA SER INCISIVO , RECORRER AO ESSENCIAL , À COR, À NARRAÇÃO”
AS CRÍTICAS DE MONSENHOR RAVASI A HOMILIAS ‘MORNAS” DOS PADRES E A VONTADE DE ENCONTRAR UMA LINGUAGEM ADAPTADA AO MUNDO MODERNO REPRESENTAM UMA PREOCUPAÇÃO DO PAPA BENTO 16 DE REVITALIZAR A MENSAGEM DO CRISTIANISMO, NUMA ÉPOCA DE DESCRISTINIZAÇÃO EM MASSA
AS PALAVRAS DE RAVASI SÃO OPORTUNAS. E ESTÃO CERTÍSSIMAS. SEMPRE É BOM IR COM CUIDADO, CLARO!, PARA NÃO SE TER A TENTAÇÃO DE ENSINAR A UMA INSTITUIÇÃO DE MAIS DE DOIS MIL ANOS COMO ELA DEVE SE COMPORTAR. MAS A CRÍTICA É, OBVIAMENTE, PROCEDENTE.
TODO CATÓLICO SABE QUE O RITUAL DA MISSA É MAIS OU MENOS O MESMO EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO: NO ANO PASSADO, NUM INTERVALO DE MENOS DE 30 DIAS, ASSISTI A CELEBRAÇÕES QUASE IDÊNTICAS, LÍNGUA À PARTE, NUMA IGREJINHA ONDE CABIAM 30 PESSOAS, NUMA VILA AQUI NO BRASIL, E NA ST. PATRICK’S CATHEDRAL, EM NOVA YORK. ISSO ESPELHA A EXISTÊNCIA DE UMA HIERARQUIA E DE UM COMANDO, QUE PARTE DO VATICANO. É UM DADO POSITIVO.
A LITURGIA DA PALAVRA JÁ COMPREENDE HOJE O MOMENTO DA “HOMILIA”, QUE É, VAMOS DIZER, O ESPAÇO CRIATIVO DO SACERDOTE — DENTRO, É EVIDENTE, DOS PRINCÍPIOS DA FÉ QUE ELE ABRAÇA. É NESSE PONTO QUE AS COISAS VÃO MUITO MAL NOS RITUAIS CATÓLICOS. OS PADRES, A EXEMPLO DE BOA PARTE DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS QUE ANDAM POR AÍ — TUDO, AFINAL DE CONTAS, É MAGISTÉRIO! —, SÃO, NO GERAL, DE UMA TRISTE MEDIOCRIDADE, COM UMA FORMAÇÃO INTELECTUAL PRECÁRIA . A MENSAGEM CATÓLICA SOFRE, DE UM LADO, O ASSÉDIO DOS HERDEIROS DA ESCATOLOGIA DA LIBERTAÇÃO, QUE QUER SE PASSAR POR TEOLOGIA, E, DE OUTRO, DOS QUE CONFUNDEM A MISSA COM ESPETÁCULO CIRCENSE
“DEVEMOS REENCONTRAR ESTA DIMENSÃO DA PALAVRA QUE OFENDE, QUE INQUIETA, QUE JULGA”, AFIRMA RAVASI. É ISSO! O “PROVOCA” CERTAMENTE TRADUZ MELHOR O PENSAMENTO DO CARDEAL DO QUE O “OFENDE” . OS SACERDOTES CATÓLICOS , NO GERAL , SE CONTENTAM COM A GESTÃO QUASE BUROCRÁTICA DA PALAVRA DE DEUS , IGNORANDO QUE ELA PODE E DEVE SER “PALAVRA APLICADA” , A SER VIVIDA
CONVÉM NÃO CONFUNDIR ISSO COM “MODERNIZAÇÃO DA IGREJA”. AO CONTRÁRIO: EU DIRIA QUE ELA DEVE VOLTAR A SEUS PRIMÓRDIOS, COM UMA PERSPECTIVA REALMENTE MILITANTE, DE DEFESA INCONDICIONAL DE SEUS PRINCÍPIOS, SEM ABRIR MÃO, OBVIAMENTE, DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO CONTEMPORÂNEOS
POR REINALDO AZEVEDO
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