O livro sério e científico, do médico legista
americano Dr. Frederick Zugibe, um dos mais conceituados peritos criminais em
todo o mundo e professor da Universidade de Columbia, dissecou a morte de Jesus
com a objetividade científica da medicina para tentar responder a pergunta do título deste texto.
Ele foi patologista-chefe do Instituto Médico Legal
de Nova York durante 35 anos. As suas conclusões estão no livro “A crucificação
de Jesus – as conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um
investigador criminal” (Editora Idéia e Ação, 455 págs.).
Dr. Frederick, de 76 anos, é católico convicto, e
realizou suas pesquisas com amor, devoção e respeito a Jesus Cristo, durante
meio século de sua vida estudou a verdadeira “causa mortis” de Jesus. Escreveu
três livros e mais de dois mil artigos sobre o assunto, todos publicados em
revistas especializadas, nos quais revela como foi a crucificação e quais as
consequências físicas, do ponto de vista médico, dos flagelos sofridos por
Cristo durante as 18 horas de sua paixão.
O legista afirma que a “causa mortis” de Jesus foi
parada cardiorrespiratória decorrente de hemorragia e perda de fluidos
corpóreos (choque hipovolêmico), isso combinado com choque traumático
decorrente dos castigos físicos a ele infligidos.
Para seus estudos Dr. Zugibe utilizou uma cruz de
madeira construída nas medidas que correspondem às informações históricas sobre
a cruz de Jesus (2,34 metros por 2 metros), selecionou voluntários para serem
suspensos, monitorou eletronicamente cada detalhe.
Os seus estudos sobre a morte de Jesus começam no
Jardim das Oliveiras, quando Jesus passa por sua agonia mortal; em seguida
condenação, açoitamento e crucificação. O médico analisou o suor de sangue de
Jesus no Horto das Oliveiras; segundo o legista, com o fenômeno da hematidrose,
raro na literatura médica, mas que pode ocorrer em indivíduos que estão sob
forte stress mental, medo e sensação de pânico. As veias das glândulas
sudoríparas se comprimem e depois se rompem, e o sangue mistura-se então ao
suor que é expelido pelo corpo.
Jesus foi vítima de extrema angústia mental e isso
drenou e debilitou a sua força física até a exaustão total. Para descrever com
precisão os ferimentos causados pelo açoite, Dr. Zugibe pesquisou os tipos de
chicotes que eram usados no flagelo dos condenados. Em geral, eles tinham três
tiras e cada uma possuía na ponta pedaços de ossos de carneiro ou outros
objetos pontiagudos. A conclusão é que Jesus Cristo recebeu 39 chibatadas (o
previsto na Lei Mosaica), o que equivale a 117 golpes, já que o chicote tinha
três pontas. As consequências médicas são hemorragias, acúmulo de sangue e
líquidos nos pulmões e possível laceração no baço e no fígado. A vítima também
sofre tremores e desmaios, reduzida a uma massa de carne destroçada, ansiando
por água, diz o legista.
Ao final do açoite, uma coroa de espinhos foi
cravada na cabeça de Jesus, causando sangramento no couro cabeludo, na face e
na cabeça. Os espinhos atingiram ramos de nervos que provocam dores terríveis
quando são irritados. É o caso do nervo trigêmeo, na parte frontal do crânio, e
do grande ramo occipital, na parte de trás. As dores do trigêmeo são descritas
como as mais difíceis de suportar e há casos nos quais nem a morfina consegue
amenizá-las.
Em busca de precisão científica, Dr.Zugibe foi a
museus de Londres, Roma e Jerusalém para se certificar da planta exata usada na
confecção da coroa. Entrevistou botânico e em Jerusalém conseguiu sementes de
duas espécies de arbustos espinhosos. Ele as cultivou em sua casa. O
pesquisador concluiu então que a planta usada para fazer a coroa de espinhos de
Jesus foi o espinheiro- de-Cristo sírio, arbusto comum no Oriente Médio e que
tem espinhos capazes de romper a pele do couro cabeludo.
Após o suplício dessa coroação, amarraram nos
ombros de Jesus a parte horizontal de sua cruz (cerca de 22 quilos) e
penduraram em seu pescoço o título, placa com o nome e o crime cometido pelo
crucificado, em latim, INRJ – Jesus Nazareno Rei dos Judeus. Jesus caminhou com
a cruz, segundo Dr. Zugibe, oito quilômetros. Segundo ele, Cristo não carregou
a cruz inteira, a estaca vertical costumava ser mantida fora dos portões da
cidade, no local onde ocorriam as crucificações.
Ao chegar ao local de sua morte, as mãos de Jesus
foram pregadas à cruz com pregos de 12,5 centímetros de comprimento. Esses
objetos perfuraram as palmas de suas mãos, pouco abaixo do polegar, região por
onde passam os nervos medianos, que geram muita dor quando feridos. Preso à
trave horizontal, Cristo foi suspenso e essa trave, encaixada na estaca
vertical. Os pés de Jesus foram pregados na cruz, um ao lado do outro, e não
sobrepostos mais uma vez, ao contrário do que a arte e as imagens representaram
ao longo de séculos. Os pregos perfuraram os nervos plantares, causando dores
lancinantes e contínuas.
Preso à cruz, Cristo passou a sofrer fortes
impactos físicos. Para conhecê-los em detalhes, o médico legista reconstituiu a
crucificação com voluntários assistidos por equipamentos médicos. Os
voluntários tinham entre 25 e 35 anos e o monitoramento físico incluiu
eletrocardiograma, medição da pulsação e da pressão sanguínea. Todos os
voluntários observaram que era impossível encostar as costas na cruz. Eles
sentiram fortes cãibras, adormecimento das panturrilhas e das coxas e arquearam
o corpo numa tentativa de esticar as pernas.
Dr. Zugibe analisou três teorias principais sobre a
causa da morte de Jesus: asfixia, ruptura do coração e choque traumático e
hipovolêmico. Ele afirma que a teoria mais propagada é a da morte por asfixia,
mas ela jamais foi testada cientificamente. O cirurgião francês Pierre Barbet
defende que Jesus morreu por asfixia, Zugibe classifica essa tese de
indefensável sob a perspectiva médica.
Quanto à hipótese de Cristo ter morrido de ruptura
do coração ou ataque cardíaco, Zugibe alega ser muito difícil que isso ocorra a
um indivíduo jovem e saudável, mesmo após exaustiva tortura: Arteriosclerose e
infartos do miocárdio eram raros naquela parte do mundo. Só ocorriam em
indivíduos idosos. Ele descarta a hipótese por falta de provas documentais.
Para ele a causa da morte foi o choque causado pelos traumas e pelas
hemorragias. A isso somaram-se as terríveis dores provenientes dos nervos
medianos e plantares, o trauma na caixa torácica, hemorragias pulmonares
decorrentes do açoitamento, as dores da nevralgia do trigêmeo e a perda de mais
sangue depois que um dos soldados lhe perfurou o peito, abrindo o átrio direito
do coração.
Dr. Zugibe diz que os seus estudos aumentaram a sua
crença em Deus: Depois de realizar os meus experimentos, eu fui às escrituras.
É espantosa a precisão das informações. Ao final dessa viagem ao calvário,
Zugibe faz o que chama de sumário da reconstituição forense. E chega à
definitiva “causa mortis” de Jesus, em sua científica opinião: Parada cardíaca
e respiratória, em razão de choque traumático e hipovolêmico, resultante da
crucificação.
Fonte: Prof. Felipe Aquino
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