Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz!
Na semana passada, começamos a ler as memórias da Ir. Lúcia de Fátima sobre sua
priminha Jacinta. É muito tocante ver até que ponto chegou o amor desta criança
pela humanidade pecadora.
Como já vimos, no dizer de Ir. Lúcia “a Jacinta tomou tanto a peito os
sacrifícios pela conversão dos pecadores, que não deixava escapar ocasião
alguma. Havia algumas crianças, filhos de duas famílias da Moita (pequena
povoação distante cerca de 1 km do local das Aparições), que andavam pelas
portas a pedir.
Encontrámo-las, um dia, quando íamos com o
nosso rebanho. A Jacinta, ao vê-los, disse-nos:
–
Damos a nossa merenda àqueles pobrezinhos, pela conversão dos pecadores?
E
correu a levar-lha. Pela tarde, disse-me que tinha fome. Havia ali algumas
azinheiras e carvalhos. A bolota estava ainda bastante verde, no entanto
disse-lhe que podíamos comer dela. O Francisco subiu a uma azinheira para
encher os bolsos, mas a Jacinta lembrou-se que podíamos comer da dos carvalhos,
para fazer o sacrifício de comer a amarga. E lá saboreámos, aquela tarde,
aquele delicioso manjar! A Jacinta tomou este por um dos seus sacrifícios
habituais. Colhia as bolotas dos carvalhos ou a azeitona das azinheiras.
Disse-lhe um dia:
–
Jacinta, não comas isso, que amarga muito.
–
Pois é por amargar que o como, para converter os pecadores.
Não foram só estes os nossos jejuns.
Combinámos, sempre que encontrássemos os tais pobrezinhos, dar-lhes a nossa
merenda; e as pobres crianças, contentes com a nossa esmola, procuravam encontrar-nos
e esperavam-nos pelo caminho. Logo que os víamos, a Jacinta corria a levar-lhes
todo o nosso sustento desse dia, com tanta satisfação, como se não lhe fizesse
falta. Era, então, o nosso sustento, nesses dias: pinhões, raízes de campainhas
(é uma florzinha amarela que tem na raiz uma bolinha do tamanho duma azeitona),
amoras, cogumelos e umas coisas que colhíamos na raiz dos pinheiros, que não me
lembro agora como se chamam; ou fruta, se a havia perto, em alguma propriedade
pertencente a nossos pais.
A
Jacinta parecia insaciável na prática do sacrifício. Um dia, um vizinho
ofereceu a minha mãe uma boa pastagem para o nosso rebanho; mas era bastante
longe e estávamos no pino do verão. Minha mãe aceitou o oferecimento feito com
tanta generosidade e mandou-me para lá. Como havia perto uma lagoa, onde o
rebanho podia ir beber, disse-me que era melhor passarmos lá a sesta, à sombra
das árvores. Pelo caminho, encontrámos os nossos queridos pobrezinhos e a
Jacinta correu a levar-lhes a esmola. O dia estava lindo, mas o sol era
ardente; e naquela pregueira (regionalismo que significa pedregoso e
improdutivo) árida e seca, parecia querer abrasar tudo. A sede fazia-se sentir
e não havia pinga d’água para beber! A princípio, oferecíamos o sacrifício com
generosidade, pela conversão dos pecadores, mas passada a hora do meio-dia, não
se resistia.
Propus, então, aos meus companheiros, ir a um lugar, que ficava cerca,
pedir uma pouca de água. Aceitaram a proposta e lá fui bater à porta duma velhinha
que, ao dar-me uma infusa com água, me deu também um bocadinho de pão que
aceitei com reconhecimento e corri a distribuir com os meus companheiros. Em
seguida, dei a infusa ao Francisco e disse-lhe que bebesse.
–
Não quero beber – respondeu.
–
Por quê?
–
Quero sofrer pela conversão dos
pecadores.
–
Bebe tu, Jacinta!
–
Também quero oferecer o sacrifício pelos
pecadores.
Deitei então a água em a cova duma pedra, para que a bebessem as ovelhas
e fui levar a infusa à sua dona. O calor tornava-se cada vez mais intenso. As
cigarras e os grilos juntavam o seu cantar ao das rãs da lagoa vizinha e faziam
uma grita insuportável. A Jacinta, debilitada pela fraqueza e pela sede,
disse-me, com aquela simplicidade que lhe era habitual:
–
Diz aos grilos e às rãs que se calem!
Dói-me tanto a minha cabeça!
Então, o Francisco perguntou-lhe:
– Não queres sofrer isto pelos pecadores?
A
pobre criança, apertando a cabeça entre as mãozinhas, respondeu:
–
Sim, quero. Deixa-as cantar.
JACINTA foi um exemplo tenho muita fé nela,eu ja fiz uma novena em 1996 da oração dos pastorinhos e consequir alcançar uma graça.
ResponderExcluirNossa, que lindo este testemunho de fé. Estes 2 irmãozinhos certamente estão no céu rezando por nós pecadores.
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