Queridos irmãos, queridas irmãs, a paz! Nem todos gostam de ouvir falar em jejum e muitos têm dificuldade em praticá-lo. Penso que, depois de lermos o que o Pe. Slavko nos diz sobre o assunto, teremos mais facilidade em realizar este desejo de nossa Mãe.
JEJUM: UM CAMINHO PARA A PAZ
No dia 14 agosto de 1984, Nossa Senhora deu a seguinte mensagem: “Eu quero que as pessoas rezem comigo nestes dias e que rezem o mais possível! E que também jejuem na quarta e na sexta-feira; que recitem o Rosário todos os dias: os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos...”.
Não se trata de dias em que se deva morrer de fome, mas de um convite para viver dois dias só de pão. O pão é sempre um símbolo de vida. Também a água é um símbolo, o da purificação. Acredito que Nossa Senhora deseja que nós, usando essas duas coisas, redescubramos a vida, purificando-a também.
Jejuar a pão e água seria o ideal. Mas o que deve fazer quem pensa que não vai conseguir, embora querendo seguir Nossa Senhora? Acredito que nestes dois dias de jejum, o pão deva ser o alimento principal, mas que frutas, chá ou café sejam legítimos, se não for possível satisfazer completamente o desejo de Nossa Senhora.
Jesus também falou do jejum e Ele mesmo jejuou. Os apóstolos também jejuaram, e certamente Nossa Senhora. Ela, enquanto filha do povo de Israel, ainda antes de se tornar a Mãe de Jesus jejuava duas vezes por semana. nas segundas e quintas-feiras. A seguir, a Igreja continuou jejuando duas vezes por semana, nas quartas e sextas-feiras. Assim, pode-se supor que Nossa Senhora, como uma boa cristã, jejuasse nestes dois dias.
Todos sabem o motivo pelo qual devemos jejuar na sexta-feira. Neste dia da semana os cristãos desejam recordar, de uma forma particular, a paixão e morte de Jesus. Mas por que jejuamos nas quartas-feiras? De acordo com a tradição eclesiástica, na quarta-feira da Semana Santa, Judas foi ter com os fariseus por combinar com eles quando e por quanto dinheiro iria trair Jesus.
Hoje a Igreja reduziu a obrigação do jejum a duas vezes por ano, na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. Mas Nossa Senhora sabe que a Igreja não proibiu o jejum, por isso nos convida a praticá-lo. Deve-se, porém, observar que se trata de um convite, e não de uma regra!
POR QUE JEJUAR?
Podemos encontrar três motivações profundas para o jejum, que representam, ao mesmo tempo, a chave para a paz. Essas razões são, respectivamente, a nível físico, psicológico e espiritual.
Em primeiro lugar, a nível físico: Antes de começar a falar com as pessoas de jejum, eu discuti o assunto com vários médicos. Todos disseram que o jejum faz bem. Quando, de acordo com os padrões ocidentais, se come normalmente, ingere-se cerca de um terço a mais do que o necessário. Esta parte, da qual nosso corpo não precisa, torna-se um peso para o nosso organismo e inclusive o coração pode perder o seu ritmo. Também podem ser enfraquecidas as defesas do nosso corpo contra doenças, e assim por diante. Comer demais prejudica o nosso organismo de várias maneiras. Os médicos declararam que os dias de jejum são também dias de purificação do nosso organismo. Notei que muitas pessoas têm medo de jejum. Pelo contrário, deveríamos ter mais medo de comer, porque isso representa o maior perigo para o organismo. Trata-se, porém, apenas de um convite ao jejum, e assim ficamos sempre livres para escolher.
Em segundo lugar, a nível psicológico: No mundo ocidental, as pessoas não têm só o que precisam, mas ainda mais. Com este excesso, corremos o risco de sufocar as nossas almas e a nossa vida psíquica. Sufocando a nossa vida espiritual, nos tornamos cegos e gananciosos a respeito daquilo que temos, porque temos a sensação de precisar de um número cada vez maior de coisas. Não vendo o que temos, e sempre querendo mais, surgem conflitos na nossa alma: não enxergamos mais o essencial, mas só o que nós não temos. Quando se vive assim, se perde a força do Espírito.
O que é esta força do Espírito? Por exemplo, não se desesperar imediatamente se você encontrar em situações difíceis. Há jovens que caem em depressão ou até mesmo cometem suicídio por não ter passado num exame. Muitos começam, por exemplo, a usar drogas porque não têm a força psíquica para resistir à tentação das drogas.
Ou então o divórcio: ninguém se casa com alguém que não ama. Mas há muitos divórcios. Por quê? Talvez, em algum momento, não se consiga suportar o próprio parceiro. Não se tem a força de ficar ao seu lado e perdoá-lo: assim, a família é destruída.
Em outras palavras, se temos tudo, (ou, ainda pior, em excesso), não aprendemos o que é realmente importante para nossas vidas: a esperar, a ser pacientes com os outros e com as coisas materiais. Isto é muito perigoso, especialmente para os jovens que estão acostumados a ter imediatamente tudo que querem. A única coisa que precisam fazer em casa para conseguir algo para comer e beber é colocar um eletrodoméstico em funcionamento. Corremos assim o risco de não sermos capazes de viver com coisas sem tocá-las. Deste modo, facilmente nos tornamos egoístas: “Eu preciso de tudo. Sou proprietário”. Quando depois eles encontram dificuldades na vida, na família, no trabalho, não têm força para superá-las.
O que então o jejum quer-nos ensinar? A viver dois dias, com todas as coisas que temos, sem tocá-las. E a dizer, na quinta-feira de manhã: “Olha, estou vivo”. E a dizer também no sábado: “Ontem eu não comi nada, nem chocolate nem biscoitos, mas ainda estou vivo”. Não é fácil viver com as coisas e não tocá-las. Mas aqueles que começam a jejuar começam a aprender esse comportamento. Desenvolve-se assim uma nova força para superar as dificuldades e lidar com os problemas. Esta é a força do Espírito!
Não queiramos ter tudo.
Uma moça que tinha começado a jejuar me disse: “Toda vez que eu volto de Medjugorje, sinto vergonha de mim mesma quando abro o meu armário, porque vejo muitas coisas das quais eu absolutamente não preciso. Um vestido, principalmente, provocou uma guerra em minha casa com meu pai e minha mãe. Eu o desejava, embora eles tivessem dito que não tinham dinheiro suficiente para comprá-lo. Mas não havia nada a fazer, eu o queria e o obtive. E agora descobri que o usei talvez duas ou três vezes e depois o coloquei de lado. Percebi que não precisava mais dele. Senti vergonha e pedi desculpas aos meus pais”.
E quanto às crianças? Elas certamente não podem viver só de pão por dois dias. Mas sabemos que muitas crianças comem muitos doces. Se os pais começarem a jejuar, poderão dizer a seus filhos: “Olha, na quarta-feira e na sexta-feira você não vai ter essas coisas supérfluas”. Os pais devem ser os primeiros a começar o jejum, e depois certamente as crianças os seguirão.
A este nível, aprendemos a compartilhar com os outros. Vejam, existem muitas pessoas no mundo que ficariam felizes de viver apenas com aquilo que nós comemos no nosso jejum. Podemos escolher o pão, mas essas pessoas morrem se não têm este pedacinho de pão. O que podemos fazer neste momento, se sabemos que o nosso irmão ou a nossa irmã na África estão agora morrendo de fome? Nós não poderemos fazer tudo, mas certamente muito. Pode-se muito bem desenvolver a paz tendo olhos para os outros, ajudando-os e aprendendo a compartilhar com eles.
Em terceiro lugar, a nível espiritual: Quando você jejua, você reza melhor. Há um provérbio latino que diz: “Um estômago cheio não estuda de boa vontade”. Podemos corrigir este provérbio, sem com isso ofender os latinistas, dizendo: “Um estômago cheio não reza nem mesmo com boa vontade”. Quando jejuamos, penetramos mais facilmente no fundo do nosso coração, da oração. Com efeito, ficamos menos distraídos nos dias de jejum. Se queremos rezar melhor, devemos começar a jejuar.
Se jejuamos rezando, esta oração ajuda o jejum. E com o jejum aumenta o nosso anseio por Deus. Se vivemos de pão, descobriremos também o Pão Eucarístico e crescerá o nosso amor por Jesus no Santíssimo Sacramento. Nós poderíamos falar longamente sobre o nível espiritual do jejum. Compreende-se isso quando se começa a jejuar. Quando jejuamos, também nosso espírito se abre para o Senhor porque vemos que não vivemos só de pão, como disse Jesus, mas também da palavra que penetra no coração aberto e que é capaz de amar.
P.Slavko Barbaric
Foi muito bom ter lido esta matéria. Tenho 61 anos e desde que conheci Jesus, há 19 anos, aprendi a jejuar e amar esta prática que nos eleva o espírito. Mas agoran tomo alguns remédios e acabo por não ser tão fiel aos jejuns semanais. Lendo este artigo, descobri o que me tem faltado para voltar a ter aquela intimidade com meu Senhor, que eu tinha no começo da caminhada: Jejuns. Agradeco a Deus pelos Seus ensinamentos a todos que o amam.
ResponderExcluir