A IGREJA
CELEBRA HOJE , SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO – BISPO E DOUTOR DA IGREJA
Quando
contemplamos um céu estrelado, extasiamo-nos com as miríades de astros a cintilarem nas etéreas vastidões. Entretanto, outra constelação há, ainda mais
bela e reluzente que a fixada no firmamento: são os Santos da Igreja Católica, fulgurantes exemplos para todos os fiéis. Um desses grandes luminares do cristianismo é o extraordinário Santo Afonso Maria de Ligório
bela e reluzente que a fixada no firmamento: são os Santos da Igreja Católica, fulgurantes exemplos para todos os fiéis. Um desses grandes luminares do cristianismo é o extraordinário Santo Afonso Maria de Ligório
No dia 1º de agosto se comemora a festa de Santo
Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. Fundador da Congregação
do Santíssimo Redentor, é o tratadista por excelência da moral católica, e se
destacou por sua profunda devoção a Nossa Senhora, em louvor da qual escreveu
uma de escrita por Dom Guéranger: Afonso Maria de Ligório
nasceu de pais nobres, em Nápoles, a a 27 de setembro pouco depois uma
brilhante carreira de advogado. Mas nem seu sucesso, nem as instâncias de seu
pai, que o queria casado, o impediram de deixar o mundo. Diante do altar de
Nossa Senhora, fez o voto de se tornar sacerdote. Ordenado padre em 1726,
consagrou-se à pregação. Em 1729, uma epidemia permitiu-lhe que se dedicasse
aos doentes em Nápoles. Pouco depois retirou-se, com companheiros, a Santa
Maria dos Montes, e com eles se preparou para a evangelização dos campos. Em
1732, estabeleceu a Congregação do Santíssimo Redentor, que lhe deveria
acarretar numerosas dificuldades e perseguições. Mas enfim os postulantes
afluíram e o instituto se expandiu rapidamente. Em 1762 foi nomeado Bispo de
Santa Ágata dos Godos, perto de Nápoles. Empreendeu ato contínuo a visita à sua
diocese, pregando em todas as paróquias e reformando o clero. Ele continuava a
dirigir seu Instituto e o das religiosas que tinha fundado para servir de
apoio, por sua oração contemplativa, a seus filhos missionários. Em 1765,
demitiu-se do ministério episcopal e voltou a viver entre seus filhos. Dentro
em pouco uma cisão se produziu no Instituto dos Redentoristas, e Santo Afonso
se viu expulso de sua própria família religiosa. A provação foi muito grande,
mas ele não perdeu a coragem e predisse mesmo que a unidade se restabeleceria
depois de sua morte. Às suas doenças se acrescentaram sofrimentos morais que
lhe causaram longas crises de escrúpulos e diversas tentações. Porém, seu amor
a Deus não fez senão crescer. Enfim, no dia 1º de agosto de 1787, entregou sua
alma ao Senhor, na hora em que os sinos tocavam o Ângelus. Gregório XVI o
inscreveu no catálogo dos Santos em 1839, e Pio IX o declarou Doutor da Igreja . No meio de uma situação
eminente, o túnel escuro : Pela
descrição acima, percebe-se que a trajetória terrena de Santo Afonso teve um
determinado momento comparável a um túnel escuro, por onde ele foi obrigado a
passar. Não se trata de uma provação ou sofrimento, mas de uma espécie de
desengano pelo qual tudo quanto ele podia humanamente considerar como dando
significado à sua vida, parecia ruir. Ele se tornava privado de qualquer dom,
vantagem ou bem que não fosse a pura graça de Deus, atuando de um modo
provavelmente insensível no interior de sua alma. Era um advogado brilhante,
dotado de invulgar inteligência, nascido de família nobre, que abandonou uma
situação humana auspiciosa e capaz de lhe favorecer a carreira e as ambições,
para se dedicar apenas ao sacerdócio. Num passo seguinte, constitui uma
congregação religiosa. Esse instituto floresce, e seu fundador se torna um
homem bem visto pela Santa Sé. Escreve ótimos livros, difundidos por toda a
Europa, e é aclamado como um mestre de grande peso na vida intelectual católica
de seu tempo. Pouco depois é elevado ao episcopado. Sem dúvida, uma situação
eminente, com todos os aspectos de uma vocação bem sucedida: como padre, se fez
religioso; como religioso, fundador e superior geral; além disso, com a honra
do episcopado, percebendo que o bom odor de sua doutrina perfumava a Europa
inteira. Dir-se-ia, pois, que os anseios pelos quais se ordenara haviam se
realizado, e a sua vida tinha atingido o objetivo desejado pela Providência.
Nesse apogeu, ele poderia morrer e dizer a Deus, parafraseando São Paulo:
"Combati o bom combate, dai-me agora o prêmio de vossa glória!" Ora,
no momento em que tudo isso parecia alcançado, uma catástrofe. Bispo
resignatário, doutor e moralista, superior geral da congregação religiosa que
fundara, Santo Afonso é dela expulso por causa de intrigas, mal entendidos e
informações erradas. Imagine-se o que representa para um fundador, ser
despedido de sua instituição pela Santa Sé, vendo-se de um momento para outro
sem recursos e sem meios de subsistência . Destino
das almas amadas pela Providência : Acrescente-se
a esse revés outra provação: começam a lhe atormentar as doenças, que o acometeram até o fim da
vida. Entre elas, uma febre reumática que o paralisou por certo tempo e lhe
afetou a posição do pescoço, impedindo-o de permanecer ereto . Passou a viver
com a cabeça inclinada, atitude esta refletida em alguns retratos que dele
fizeram. Além das enfermidades, sobrevieram escrúpulos, tentações fortíssimas,
inclusive Porém, era este exatamente o prêmio máximo para coroar a sua
existência. Era a crucifixão depois de um longo apostolado e uma incansável
ação em benefício do próximo. Assim age, o mais das vezes, a Providência em
relação às almas que Ela ama. São certas situações em que todos os infortúnios
se congregam e há uma espécie de crepúsculo geral. Depois, a alma purificada,
lavada pelo sofrimento, volta a gozar da graça de Deus. Então ela respira,
sente-se outra, transformada. Naturalmente, essa foi a última nota da
santificação, o derradeiro esforço que Nosso Senhor exigiu de Santo Afonso de
Ligório. Lutas contra o jansenismo : Cumpre dizer que grande parte das perseguições sofridas por Santo Afonso
foram motivadas pelo jansenismo que grassava no seu tempo, e ao qual ele se
opunha com zelo e vigor intensos. A corrente jansenista, a pretexto de
severidade, acabava inculcando os preceitos morais tão erradamente que a pessoa
desanimava de se salvar, pois afinal de contas não podia cumprir aquela moral
de fariseus, como eles a apresentavam. O ponto mais desconcertante defendido
pelo jansenismodizia respeito à doutrina da predestinação. Segundo
esta, o homem deveria cumprir aquela moral tremendamente severa, pairando sobre
ele o olhar propenso à irritação e à vingança de um Deus, cuja santidade
consistia apenas em estar à espera do pecado para infligir o castigo . De outro
lado, entretanto, afirmavam os jansenistas que o Céu e o inferno não são dados
aos homens em razão de suas boas ou más obras, porque Deus predestina para este
ou aquele quem entende. De maneira que a pessoa pode passar a vida inteira
pecando e ir para o Céu, ou praticando bons atos e cair no inferno, conforme o
desejo divino. Ora, sendo assim, fácil é compreender como os homens perdiam
completamente o alento para praticar a virtude e também o motivo para não cair
no vício. Pois, em última análise, se eu acabo condenado embora passe a vida
inteira realizando atos de virtude, em suma não sou livre de fazer ou não fazer
algo, porque é Deus quem resolve não eu. Então, para que me esforçar em levar
uma vida santa? No fundo, era uma pregação da imoralidade. Por causa disso,
segundo muitos vislumbres históricos, os jansenistas tinham suas falsidades
ocultas. Por exemplo, jejuavam amiúde, mas eram grandes gastrônomos. E uma das
omeletes reputadas por mais saborosas no tempo era chamada de La Janseniste,
com a qual eles se regalavam escondidos durante seus "jejuns". Não
bastassem esses desvios, os jansenistas atacavam ainda as devoções mais
elevadas e recomendáveis como, por exemplo, o culto ao Sagrado Coração de
Jesus. Conta-se mesmo o caso de certo Bispo de Pistoia, Scipione de' Ricci, que
mandou pintar em sua residência um quadro representando uma devota lançando ao
fogo a estampa do Sagrado Coração de Jesus, como se fosse objeto supersticioso,
enquanto ele, Ricci, segura a cruz e o cálice com a Eucaristia, símbolos da
autêntica piedade (como a entendiam). Essa recusa se explica pelo fato de a
devoção ao Sagrado Coração de Jesus ser, de algum modo, o anti-jansenismo. Ela
inculca a bondade, a misericórdia, a paciência do Salvador, e demonstra a
verdade de que o homem, por meio de suas boas obras, pode agradar a Deus e
alcançar a salvação. ManifestaCompreende-se, portanto, que em face dessa corrente
jansenista Santo Afonso Maria de Ligório tenha tomado uma posição muito
enérgica nas suas obras de moral. E que haja sofrido, em conseqüência, toda
sorte de ataques e perseguições de seus oponentes, chegando ao auge dos reveses
e infortúnios acima mencionados. Lição de vida para os
católicos : Devemos considerar nessa existência de Santo Afonso,
laboriosa, semeada de provações mas coroada pelo triunfo da virtude, uma lição
de confiança e de perseverança para todos nós. Nos piores momentos das
tentações, nas dores e enfermidades, nas rudezas das perseguições, quando os
seus mais próximos lhe infligiram cruéis dissabores, ele jamais desanimou,
nunca flectiu no seu desejo de alcançar a santidade, crescendo em piedade e
devoção à medida que avultavam os sofrimentos. por si próprio, sendo conduzido
em cadeira de rodas por um irmão leigo redentorista. Então passeavam pelo
convento, percorrendo os jardins e os pátios internos, enquanto faziam suas
orações. Mais de uma vez aconteceu de Santo Afonso perguntar ao seu companheiro:
- Irmão, já rezamos tal Mistério do Rosário? O bom discípulo, igualmente
alquebrado pela idade, não se recordava ao certo, e respondia: - Sr. Bispo, não
me lembro muito bem, mas acredito que sim. Em todo o caso, já rezamos tantos terços, que Nossa
Senhora não se importará se não tivermos contemplado tal ou tal outro
Mistério.....E Santo Afonso replicava: - Oh! Meu caro Irmão, isso não! Se eu
passar um dia sem recitar o Rosário completo, posso perder a minha alma! com
ele, pode suceder na vida de qualquer um de nós. Quantas vezes já não teremos
passado por aflições e reveses semelhantes aos que atormentaram Santo Afonso?!
E, não raro, trazendo consigo a impressão de um desabamento, de algo que ruiu
por terra, de um caminho intransponível. Entretanto, após um período curto ou
longo de agruras, surge mais luz, mais amparo, outras vitórias, outras
alegrias. E assim, com sucessões de túneis e de estradas largas, Nossa Senhora
vai nos conduzindo para realizarmos os desígnios d'Ela e de seu Divino Filho a
nosso respeito. Imitemos, pois, Santo Afonso na sua perseverança, na sua
confiança humilde e profunda, compreendendo que em nossa vida espiritual
haveremos de nos deparar com túneis escuros, sem termos de nos aterrorizar com
eles. Para além dessa escuridão, a Providência nos traça uma via ainda mais luminosa
e mais bela que a anterior.Essas são algumas reflexões que nos sugerem a
extraordinária e edificante existência de Santo Afonso Maria de Ligório
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