segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Madres do Deserto – Santa Sinclética – Parte XVII


Continuando com os ensinamentos de Santa Sinclética...

A grande prova dos três últimos anos
Vendo o demônio todos os esforços da santa contra ele, a odiou mais. Ridicularizado em todos seus artifícos, lhe preparou novos ardis. A atacou paralisando-lhe a lingua, pensando assim, dar fim àquelas reuniões em torno da Santa de virgens sedentas da palavra de Deus. Porém ocorreu todo o contrário. Querendo impedir o proveito espiritual de seus ensinamentos, saiu frustrado. Diante dos sofrimentos da virgem, se vigorizava a vontade de quantas estavam presentes. Os sofrimentos fisícos de Sinclética, a grandeza de sua alma e sua resignação, curavam as almas feridas, preservando e sanando as que estavam junto dela.
O último mal com que a infligiu o inimigo, apresentou-se da seguinte maneira: começou uma dor de dente, que rapidamente as gengivas se infectaram, depois caiu o dente, mais tarde o mal extendeu-se por todo o maxilar, corropendo todos os órgãos mais fechados, para que ao término de quarenta dias a parte óssea ficou completamente ulcerada. Dois meses depois se perfurou e todo o seu redor ficou negro. A gangrena atacou o eixo que em pouco tempo ficou totalmente podre.
Seu corpo estava como pútrido e exalava um odor tão nauseante e insuportável que as que a atendiam sofriam mais que ela. Às vezes tinham que ir não podendo suportar tão fedorento odor. Sem embargo, quando era preciso, se aproximavam, não sem queimar fortes perfumes e andavam de novo incapazes de aguentar aquele odor. Santa Sinclética via claramente o demônio e não aceitava nenhum alívio humano. Mesmo assim mostrava sua fortaleza de ânimo. As que se aproximavam a incitavam a ungir com aromas as partes afetadas, ao menos em consideração a elas, porém a santa não queria nem ouvir falar de tal coisa, pensando que todo auxílio exterior a privava da glória do último combate.
Então suas irmãs lhe enviaram um médico para que a persuadisse se pudesse, de que se cuidasse um pouco. Porém, de novo, recusou.
“Porque, dizia ela, quereis livrar-me deste combate? Porque buscar o que está à vista e ignorar o que está escondido? Porque fazeis tanto caso aos efeitos e não à causa?” O médico lhe dizia: “Nossa intenção não é dar-te uma série de remédios para curar e aliviar vossas dores. Sem embargo desejamos que ao dar terra ao que está morto e decomposto, as pessoas que estão presentes não caiam contaminadas. O que é usado habitualmente com os mortos vamos utilizá-los desde agora: vou te ungir com uma mescla de aloés e mirra.” Santa Sinclética consentiu não mais que por consideração às irmãs. Assim o mau odor se fez um pouco mais suportável.
Quem não se maravilhará a vista de tal prova! Quem não se sentirá edificado ao ver a paciência e a resignação da santa e reconhecer que havia derrotado o inimigo? A feriu no lugar de onde brotava a fonte dulcíssima das palavras de salvação e em sua maldade, sem limite, impediu qualquer alívio. Como uma fera sanguinária procurou trabalhar no declínio do zelo das virgens que estava ao seu lado, para recuperar sua derrota. Porém, o que tratava de regalar-se com o pasto, se fez pasto. Picado na debilidade do corpo de sua vítima como num gancho. Não via mais que um corpo enfermo e cego, não distinguia a fortaleza daquela alma. Santa Sinclética esteve empenhada neste combate durante três meses; uma força divina sustentava todo seu corpo. O sono havia fugido de seus olhos pelo muito que padecia.

A morte gloriosa
Próxima de alcançar a vitória e receber a coroa foi recreada com visões, assistida pelos anjos, e animada pelas santas virgens que a convidavam a sair deste mundo. Contemplou também o resplendor da luz infalível e o Paraíso. Entre estas visões e como se de volta em si, exortou as que a rodeavam a que fossem valorosas e não desanimassem nas adversidades. Depois disse: “Dentro de três dias morrerei.” E predisse a hora de sua morte. Chegado o momento, Santa Sinclética foi ao encontro do Senhor a receber o Reino dos Céus, como recompensa de seus trabalhos.
Para o louvor e a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo, do Pai e do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.
Aqui terminam os relatos da vida de Santa Sinclética, tal como foi recebido do bem-aventurado Arsênio de Pégades e na ordem que está no original. A bem-aventurada contava oitenta e quatro anos.
Agradeço a paciência de todos que acompanharam estes relatos, que foram longos, porém acredito, de grande valia. Existem ainda Apoftegmas de Santa Sinclética, que não estarei postando, porém aqueles que se interessarem pode me escrever que passarei à parte, sendo que alguns já foram citados no decorrer dos relatos.

Obrigada pela paciência. Que Deus vos abençoe!
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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