domingo, 11 de setembro de 2011

Papa em Ancona para a conclusão do Congresso Eucaristico Nacional Italiano




Prosseguindo uma tradição inaugurada por Paulo VI em 1977, Bento XVI deslocou-se neste domingo a Ancona, localidade costeira 300 quilómetros a nordeste de Roma para a conclusão do congresso eucarístico nacional italiano a decorrer desde sábado dia 3 de Setembro.
Esta 24 viagem do Papa, na Itália, coincide com o decimo aniversario dos atentados de 11 de Setembro e aos quais Bento XVI fez uma referencia antes da recitação do Angelus no final da celebração eucarística .
Constelada de santos e santas, a historia bimilenária da Igreja é sinal eloquente de como precisamente da comunhão com o Senhor, a Eucaristia, nasce uma nova e intensa assunção de responsabilidade a todos os níveis da vida comunitária, nasce portanto um desenvolvimento social positivo que tem ao centro a pessoa especialmente aquela que é pobre, doente, ou se encontra em dificuldade. Esta a reivindicação de Bento XVI na homilia da Missa celebrada na área dos Estaleiros Navais de Ancona no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional, recordando aos católicos italianos - representados pelos cerca de 100 mil fiéis que participaram na celebração – que uma espiritualidade eucarística é a alma de uma comunidade eclesial que supera divisões e contraposições e valoriza as diversidades de carismas e ministérios colocando-os ao serviço da unidade da Igreja, da sua vitalidade e da sua missão.
Na sua homilia o Papa salientou a necessidade de empenhar-se no sentido de restituir dignidade aos dias do homem e portanto ao seu trabalho, na procura da sua conciliação com os tempos da festa e da família e no empenho no sentido de superar a incerteza do trabalho precário e o problema do desemprego.. Bento XVI indicou precisamente na redescoberta da espiritualidade eucarística o caminho a seguir para contribuir para o saneamento social.
“Alimentar-se de Cristo é o caminho para não permanecer estranhos ou indiferentes á sorte dos irmãos, mas entrar na mesma lógica de amor e de dom do Sacrifício da Cruz; quem sabe ajoelhar-se diante da Eucaristia, quem recebe o Corpo do Senhor não pode deixar de estar atento, no dia a dia ás situações indignas do homem e sabe inclinar-se em primeira pessoa sobre as necessidades, sabe partir o próprio pão com o faminto, dividir a água com o sedento, revestir que está nú, visitar o doente e o preso

Portanto uma espiritualidade eucarística é verdadeiro antídoto ao individualismo e ao egoísmo que muitas vezes caracterizam a vida quotidiana, leva á redescoberta da gratuidade, da centralidade das relações, a partir da família, com particular atenção a sarar as feridas daquelas desagregadas.
Uma espiritualidade eucarística – prosseguiu – ajudar-nos-á também a aproximarmo-nos das varias formas de fragilidade humana conscientes de que elas não ofuscam o valor da pessoa, mas exigem proximidade, acolhimento e ajuda.

“Muitas vezes confundimos a liberdade com a ausência de vínculos, com a convicção de podermos fazer tudo sozinhos, sem Deus, que é visto como um limite à liberdade”, assinalou.
Para o Papa, esta é “uma ilusão que não tarda a converter-se em desilusão, gerando inquietação e medo, levando, paradoxalmente, a retomar as cadeias do passado”.
Bento XVI criticou “certas ideologias” que deixaram Deus “de lado” ou que o toleram “como uma escolha privada”, referindo que “a história mostra, dramaticamente, como o objetivo de assegurar a todos desenvolvimento, bem-estar material e paz prescindindo de Deus e da sua revelação se resumiu a dar aos homens pedras em vez de pães”.
A homilia incluiu ainda apelos por uma “renovada capacidade educativa, pronta a testemunhar os valores fundamentais da existência, do saber, do património espiritual e cultural”, bem como pela “construção de uma sociedade mais equitativa e fraterna”

No final da celebração eucarística e antes da recitação do Angelus Bento XVI recordou as vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos da América, convidando a “recusar sempre a violência” e a resistir à “tentação do ódio”.
“Hoje o nosso pensamento vai para o 11 de setembro de há dez anos. Ao recordar ao Senhor da Vida as vítimas dos atentados perpetrados naquele dia e os seus familiares, convido os responsáveis das nações e os homens de boa vontade a recusar sempre a violência como solução dos problemas”..
Várias cerimónias assinalam, em diversos países, assinalam o décimo aniversário dos ataques terroristas do 11 de setembro, para lembrar as quase 3000 vítimas de mais de 90 nacionalidades, em particular os ataques às torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, EUA.

Bento XVI apelou a “resistir à tentação do ódio e a trabalhar na sociedade, inspirando-se nos princípios da solidariedade, da justiça e da paz”.

Após a missa, Bento XVI almoçou com bispos, uma representação de operários em lay-off e um grupo de pobres acolhidos pela Caritas no Centro Pastoral de Colle Ameno.
O programa desta 24ª viagem do atual Papa em solo italiano, desde abril de 2005, quando foi eleito, incluiu ainda, esta tarde, um encontro com famílias das72 paroquias da arquidiocese de Ancona e os sacerdotes na catedral de São Ciríaco.
A visita conclui-se com um encontro com jovens noivos na Praça do Plebiscito de Ancona.


Radio Vaticano

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