domingo, 18 de setembro de 2011

Madres do Deserto – Santa Sinclética – Parte XIV


Continuando com os ensinamentos de Santa Sinclética...

A prova da enfermidade
O demônio têm muitas armas. Não consegue turbar uma alma pela extrema pobreza? Apresenta-te a riqueza como isca. Não tem alcançado nada com injúrias e opróbios? Põe em vanglória e os louvores. Foi superada por uma virgem que goza de boa saúde? Envia-te a enfermidade. Não poder perder uma alma pelos prazeres? Trata por meio de sofrimentos não buscados, arrastando-a aos extravios que não elegeu nem quis. Por permissão divina pode ferirnos com enfermidades graves para tornar as almas negligentes e frias no amor de Deus.
Porém quando teu corpo está torturado, abrasado pela febre, atormentado por uma sede que não pode desligar nem acalmar, se suportar tudo isso tu que és pecador, pensa na Eternidade, pensa nas penas que te podem aguardar, e não caíras na negligência. Alegra-se com que o Senhor te fez sofrer e lembre-se destas palavras: “Castigou-me, me castigou o Senhor, porém não me entregou à morte. Eras como o ferro, mas o fogo tirou a ferrugem”.
Não nos entristeçamos com a idéia de que o cansaço ou a debilidade de nosso corpo nos impeçam de rezar ou cantar salmos a pé firmes: tudo isso nos leva à purificação de nossas ambições. A enfermidade obstaculiza as caídas mortais. É a maior ascese: fazer-nos pacientes nas enfermidades e entoar hinos de ação de graças ao Todo Poderoso. Tornamo-nos cegas? Não nos desesperemos, perdemos os órgãos de uma curiosidade sempre insatisfeita, porém com os olhos do coração contemplamos a glória do Senhor. Tornamo-nos surdas? Agradeçamos ao Senhor o haver perdido definitivamente a possibilidade de ouvir vãs palavras. A enfermidade aperta nossas mãos? Não importa, trazemo-las dentro de nós prontas para lutar contra o inimigo. Se por fim, a enfermidade está em todo o corpo, a saúde do homem interior será cada vez melhor.
A justa medida da ascese
Se vivemos em um mosteiro de cenobitas devemos preferir a obediência que a ascese: esta faz crescer o orgulho, com aquela a humildade. Existe uma ascese mal que provêm do inimigo e que vemos a praticarem seus adeptos. Como distinguir a ascese divina e real da ascese tirânica e diabólica? Por sua moderação. Tem como regra um jejum uniforme e contínuo e não jejuas três ou quatro dias para perder suas forças no dia seguinte; este é um gozo para o inimigo porque a falta de moderação é sempre prejudicial.
Não joga mão de um só golpe a todas as tuas armas; se te encontras desarmada no mais rude do combate, será uma presa fácil. Nossaas armas são: o corpo com seus membros; e a alma é o sodado. Cuida dos dois para que te sirvas deles quando tenhas necessidade. Se ainda és jovem e tens boa saúde, jejue. Na velhice virá com todas as suas dores. Teu jejum deve ser razoável e observado com correção. Jejuas? Não digas que está enferma para abandoná-lo. Os que não jejuam caem nas mesmas enfermidades. Não te desvies quando o inimigo cruzar o teu caminho.
Pela paciência chegarás à meta. Não nos desanimemos, nem percamos o bom ânimo, quando os ventos nos são contrários, tenhamos a Cruz como vela para navegar pelo mar embravecido, e chegaremos ao bom porto.
Desta forma exortava Santa Sinclética às suas discípulas, e suas palavras pareciam abundante semente que logo davam ótimas culturas naquelas almas, porque pregava mais com o exemplo que com as palavras.


Na próxima semana continuamos...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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