domingo, 12 de junho de 2011

Madres do Deserto – Santa Sinclética – Parte VII


Continuando com os ensinamentos de Santa Sinclética...

Boa e má tristeza
Existe uma tristeza boa e uma tristeza má. A primeira consiste em chorar os próprios pecados e lamentar a ignorância em que se encontram nossos próximos, que por negligência não se apartam de sua vida viciosa não desejando a perfeição. A tristeza má procede do inimigo e se chama acídia, que é um desgosto e uma relutância irracional por praticar a virtude e o bem. É uma espécie de tristeza por viver nossa consagração. Temos que espantá-la especialmente pela oração e a salmodia.

Não nos deixemos seduzir pela miragem da acídia nem pela ilusão de que os que vivem no mundo estão livres de preocupações. Se fizermos sinceramente uma comparação, eles vivem mais oprimidos que nós.

Outros assaltos do inimigo
Minhas palavras não são na verdade para todo mundo, senão para aquelas que abraçaram a vida monástica. Muito diferente é a comida dos que se saciam na contemplação, dos que se alimenta, com a ascese e a ação, e põe todo seu empenho em praticar a justiça. Entre os animais, uns vivem na terra, outros na água, outros no ar. Assim ocorre entre os homens: uns se mantêm no médio, outros se lançam às alturas, outros se afundam nas águas lamacentas do pecado... Por isso, nós que iniciamos a ter assas como águias, lancemo-nos às alturas e pisoteemos leões e dragões. Dominemos aquilo que em outro tempo foi nosso dano. Isto o conseguiremos se nos entregarmos de todo coração ao Salvador.

Não há porque estranhar que o inimigo se encolerize quando nos elevamos para o bem. É preciso armar-se contra ele. Nos ataca exteriormente e nos perturba interiormente. A alma é como um barco que navega umas vezes pelas tormentas, outras por ter água no seu interior. Vigiemos os apegos, as ninharias que gostamos as pequenas coisas que sem darmos conta nos prendem. O inimigo sabe realizar do pequeno ao desastroso.

Necessidade de vigilância contínua
Navegamos na obscuridade. E neste mar têm lugares cheios de artifícios e rochas cortantes, outro lugar está cheio de monstros marinhos, e em alguma outra parte do mar, tem uma calma aparente. Parece-me que nós navegamos pelos lugares em calma e as pessoas do mundo navegam em meio de mil perigos, porém ocorre que as pessoas do mundo, no meio da tormenta e da noite, salvam seu barco por seus chamados de auxílio e sua vigilância, enquanto nós, no mar em calma, naufragamos por nossa negligência e por haver abandonado o timão da justiça.

E o que crer estar de pé, cuide para não cair; quem caiu, queira somente uma coisa: levantar-se; porém o que está em pé tenha cuidado para não cair; as quedas são distintas. Quando um cai, sofre por não seguir de pé, porém uma vez em terra não há nada para perder. Quem está de pé não deve rir daquele que caiu, senão temer uma queda daquela que podia ser ele mesmo vítima e cair em uma maior, muito mais profunda.



Na próxima semana continuamos...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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