quarta-feira, 18 de maio de 2011

CHEGARAM OS TEMPOS FINAIS? (Parte VI)



A IMPOSTURA SUPREMA
Até aqui seguimos muito de perto os textos bíblicos, sobre os quais, ao longo dos séculos, se exerceu a reflexão da Igreja. Agora seria oportuno ver a leitura que o Catecismo da Igreja Católica faz sobre isso, oferecendo idéias de grande interesse sobre o assunto. As palavras-chave do Novo Testamento que descrevem a ação satânica contra a Igreja ao longo de toda a sua história, mas de modo especial no fim dos tempos, são a “perseguição” e a “sedução”. A estes dois aspectos da atividade do dragão vermelho correspondem as duas bestas do Apocalipse. O Catecismo da Igreja Católica dá uma importante contribuição para o aprofundamento destes dois elementos. Em quê consistirá a sedução que encontrará sua expressão máxima na aparição do Anticristo?


Sabemos que, a este respeito, o Novo Testamento faz referência aos falsos profetas que apresentam a mentira sob a forma de verdade, negando de modo particular que Jesus é Cristo, o Filho de Deus (1 Jo 2,22). O Catecismo da Igreja Católica, com uma terminologia original, fala de “uma impostura religiosa que oferece aos homens uma solução aparente aos seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem se glorifica a si mesmo em lugar de Deus e do seu Messias que veio na carne” (n. 675). O significado deste texto é amplamente aprofundado no romance de Benson e este é certamente um bom mérito do autor. Trata-se de uma rejeição radical não só da Igreja e de Cristo, mas de Deus mesmo. O homem se põe no lugar de Deus, juiz da própria vida, do bem e do mal, do seu destino; isto é, o homem quer construir um mundo sem Deus, resolvendo todos os problemas fundamentais da existência com as próprias forças. Neste contexto, o Anticristo é aquele que encarna o espírito e o projeto de um mundo que, tendo eliminado Deus, deifica a si mesmo e coloca a si mesmo como absoluto.


É de se perguntar quais as raízes bíblicas desta interpretação da sedução final à qual a Igreja será sujeita. Naturalmente, em primeiro lugar estão os textos de Paulo, que descreve o fim dos tempos como aqueles nos quais o mundo pensará ter conseguido dar-se paz e segurança (1 Tess 5,3) graças ao homem iníquo que, pelos êxitos obtidos com a força de Satanás, se sentará no templo de Deus, apresentando-se a si mesmo como se fosse Deus (2Tess 2,4). No fundo, porém, há uma exata semelhança entre as provas que o próprio Cristo precisou suportar e aquelas que a Igreja deverá necessariamente enfrentar ao longo da sua história, de modo particular nos últimos tempos.


Os Evangelhos nos referem que, desde o início, o tentador tentou levar Cristo a um caminho de falso messianismo, baseado sobre a capacidade de transformar as pedras em pão, de encantar as multidões com o poder dos milagres e de dominar o mundo com as ferramentas do poder político. Esta tentação, que Cristo rejeitou abraçando a cruz, será proposta novamente à Igreja ao longo de sua peregrinação e, de modo particular, no fim dos tempos. Quantos resistirão ao poder de encanto deste messianismo secularizado, que já o Papa Pio XI havia considerado intrinsecamente mau? Muitos certamente serão seduzidos, perdendo a fé e deixando-se esfriar na caridade sobrenatural.

Não se pode negar que “a impostura religiosa” de que fala o Catecismo da Igreja Católica seja uma característica distintiva do nosso tempo. Os últimos séculos viram a construção de uma religião humanitária e a tentativa do homem de realizar a salvação através de formas políticas de messianismo secularizado. A ilusão de construir o “paraíso na terra”, sem Deus e com as próprias forças, é difícil de desaparecer. Superado o messianismo de cunho político, outros surgirão, não menos traiçoeiros, que enganam o homem com a ilusão de ser capaz de se tornar o senhor do mundo e da vida.


Por outro lado, pela primeira vez na história da humanidade o ateísmo se tornou um fenômeno de massa e os homens pensam que podem construir o futuro com os próprios meios, independentemente de Deus e da lei moral. Quantos abandonam o comportamento e a fé cristã na ilusão de encontrar no mundo a solução dos problemas da própria existência!

Estamos então no clima característico dos últimos tempos? Impossível dizer. De fato, a do nosso tempo pode ser uma manifestação relevante da sedução anticristã, mas como podemos ter certeza de nos encontrarmos diante da “suprema impostura religiosa”, a do Anticristo? No fundo, não é tão importante saber se o tempo da vinda do Filho do homem já chegou. Ninguém poderá sabê-lo com certeza senão no momento em que aparecer como que um “relâmpago que parte do Oriente e ilumina até o Ocidente” (Mt 24,27). Somente quando o virmos vir sobre as nuvens do céu com grande poder e glória e os anjos com uma grande trombeta reunirem todos os seus eleitos dos quatro ventos, só então teremos a certeza de que o momento chegou. Antes serão necessários o discernimento da fé e a força do testemunho até o martírio.

Muitos no passado, a começar pelos primeiros cristãos, pensaram que a prova que estavam enfrentando fosse a final; mas não foi assim. Ninguém jamais poderá saber com certeza se a tribulação à qual uma geração é chamada a viver é a tribulação final. (a ser continuado)

Traduzido do italiano para o português por Tania.

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