sábado, 28 de maio de 2011

Cáritas deve estar em sintonia com a Santa Sé e o Magistério da Igreja, afirma o Papa


Ao receber  os participantes da assembléia geral da Cáritas Internacional, o Papa Bento XVI destacou que esta instituição deve estar sempre em sintonia com a Sé Apostólica e com o Magistério da Igreja.

Em seu discurso ante a assembléia que celebra o 60º aniversário da organização, o Papa disse que "a partir do momento em que Caritas Internationalis tem um perfil universal e está dotada de personalidade jurídica canônica pública, a Santa Sé tem o dever de acompanhar sua atividade e de vigiar para que, tanto sua ação humana e de caridade quanto o conteúdo dos documentos que difunde, estejam em plena sintonia com a Sé Apostólica e com o Magistério da Igreja, e para que se administre com competência e de modo transparente".

"Essa identidade distintiva é a força da Caritas Internationalis, e é o que faz a sua atividade particularmente eficaz ", precisou.

Desta forma, os membros da Cáritas e toda a organização poderão ser "porta-vozes diante da comunidade internacional de uma sadia visão antropológica, alimentada pela doutrina católica e comprometida na defesa da dignidade de cada vida humana".

"Sem um fundamento transcendente, sem uma referência a Deus criador, sem a consideração de nosso destino terreno, corremos o risco de cair em mãos de ideologias daninhas", alertou.

Bento XVI recordou logo que Cáritas Internacional foi fundada pelo venerável Papa Pio XII depois dos horrores da Segunda guerra mundial para demonstrar "a solidariedade e a preocupação de toda a Igreja diante de tantas situações de conflito e emergência no mundo".

Por sua parte, o Beato João Paulo II estreitou ainda mais os laços entre as diversas associações nacionais do Cáritas e a Santa Sede concedendo personalidade jurídica ao Cáritas Internationalis.

"Como conseqüência disto, Cáritas Internationalis adquiriu um papel particular no coração da comunidade eclesiástica, e foi chamada a compartilhar, em colaboração com a hierarquia eclesiástica, a missão da Igreja de manifestar, através da caridade vivida, esse amor que é Deus mesmo".

Com este trabalho, "a Igreja chega a milhões de homens e mulheres, fazendo possível que reconheçam e percebam o amor de Deus, que é sempre próximo a toda a pessoa necessitada. Para nós, os cristãos, Deus mesmo é a fonte da caridade, e a caridade deve-se entender não somente como uma filantropia genérica, mas como dom de si, inclusive até o sacrifício da própria vida em favor dos demais, imitando o exemplo de Cristo".

Cáritas Internationalis, explicou o Papa, "é distinta de outras agências sociais porque é um organismo eclesial, que compartilha a missão da Igreja. Isso é o que os Pontífices quiseram sempre e isso é o que a vossa Assembleia Geral deve afirmar com força".

"Nesse sentido, deve-se observar que Caritas Internationalis está constituída fundamentalmente por várias Caritas nacionais. Diferentemente de tantas instituições e associações eclesiais dedicadas à caridade, as Caritas possuem uma característica distintiva: apesar da variedade de formas canônicas assumidas pelas Caritas nacionais, todas são um auxílio privilegiado para os bispos em seu exercício da caridade".

"Isso comporta uma especial responsabilidade eclesial: a de deixar-se guiar pelos Pastores da Igreja", ressaltou o Santo Padre.

Cáritas Internacional é uma "organização que tem o papel de favorecer a comunhão entre a Igreja universal e as Igrejas particulares, como também a comunhão entre todos os fiéis no exercício da caridade. Ao mesmo tempo, está chamada a oferecer sua própria contribuição para levar a mensagem da Igreja à vida política e social no plano internacional".

" Na esfera política – e em todas aquelas áreas que se referem diretamente à vida dos pobres – os fiéis, especialmente os leigos, gozam de una ampla liberdade de ação. Ninguém pode, em matérias abertas à discussão livre, pretender falar "oficialmente" em nome de todos os leigos ou de todos os católicos”.

“Por outro lado, cada católico, na verdade cada homem, está chamado a atuar com consciência purificada e com coração generoso para promover de maneira decidida aqueles valores definidos continuamente como "não negociáveis", afirmou.

Em estreita colaboração com os pastores da Igreja, indicou Bento XVI, "as Caritas nacionais estão chamadas a continuar seu fundamental testemunho do mistério do amor vivificante e transformador de Deus manifestado em Jesus Cristo".

"Igualmente pode-se dizer também da Caritas Internationalis, que com vistas a executar a própria missão, pode contar com a assistência e o apoio da Santa Sé, particularmente através do Dicastério competente, o Pontifício Conselho Cor Unum", concluiu.

Um dos temas tratados na assembléia foi o dos novos estatutos da instituição para destacar sua identidade católica. Do mesmo modo, os delegados reelegeram o Presidente da instituição, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, e escolheram a Michel Roy como novo Secretário Geral, em substituição de Leslie Ann Knight, a quem a Santa Sé decidiu não considerar para o cargo nos quatro anos seguintes.

No dia 22 de maio, ao iniciar a assembléia, o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Robert Sarah, assinalou em entrevista concedida à ACI Prensa que a Cáritas Internacional deve desenvolver um trabalho "não meramente filantrópico" e formar parte da missão da Igreja respeitando sua identidade católica.

Também disse que "uma Cáritas que não seja uma expressão eclesiástica não teria sentido ou não existiria. A Igreja não pode ser considerada como sócia de organizações católicas. São as organizações (membros do Cáritas) as que fazem parte de sua missão".

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