De lagarta a borboleta

Às vezes, o homem sente a necessidade de transformação interior, de sair de seu cotidiano e do corre-corre da vida moderna para respirar uma nova esperança. Esperança de renascer para uma vida nova! É quando ele descobre que o mais profundo amor não está nas coisas materiais, no conforto e no status, e sim quando reconhece suas precariedades e fraquezas, querendo fazer um esforço de superação delas, e assim caminhar em busca de uma renovação íntima, que lhe concederá ir de lagarta a borboleta. Mas enquanto o homem viver a "fase da lagarta": frágil, solitário, rastejante, ele será alvo fácil de predadores, ao passo que, quando ele se recolhe dentro de seu íntimo à procura de Deus, o homem recebe a graça da transformação, da conversão e se liberta para uma vida nova.

Estamos num tempo especial de purificação e renovação cristã. Somos chamados à conversão e "morte do pecado" para que possamos ressurgir numa vida nova com Cristo na Páscoa. Portanto, a Páscoa também é nossa, pois temos o potencial de transformação e de mudança. Temos a oportunidade de cooperar com a morte do homem velho que atua em nós, de romper com o pecado que habita nos nossos corações e afastar de tudo aquilo que nos separa do Plano de Deus, e assim, caminhar em busca do nascimento de um novo homem, livre do pecado e purificado em Cristo. Para isso, é indispensável confiar no quanto somos amados por Deus, que continua confiando na humanidade e conta conosco para que seu projeto de Amor se realize plenamente na História.

Mesmo sabemos que a maldade existe entre nós e que, muitas vezes, nasce de nós próprios, temos que ter a consciência de que somos capazes de aprender a superar nossos limites, reconhecer nossos erros, nos redimir, e a partir daí, mudar de vida. Para isso, é preciso se precaver contra o mal e contra o pecado, de maneira que nossa consciência moral seja mais importante do que regras e normas estabelecidas pelo mundo. Ou seja, devemos lutar pela santidade e alimentar a moral cristã, abandonar definitivamente a vida egocêntrica, baseada na mentira existencial e assumir uma nova vida, em comunhão com o Senhor e com os irmãos que nos cercam.