quarta-feira, 20 de abril de 2011

CHEGARAM OS TEMPOS FINAIS? (cont.)



TEMPOS DE MISERICÓRDIA E DE PERDÃO
Um outro aspecto fundamental da última etapa da história da humanidade é que sobre ela se derramam os rios de água viva do amor de Deus. Com a ascensão de Cristo ao céu é derramado sobre o mundo o Espírito Santo. Não se trata de um acontecimento limitado ao início da história da Igreja, mas de um Pentecostes permanente que se estende até o fim do mundo, quando Cristo entregará o Reino ao Pai e Deus será tudo em todos. Assim como no início da sua missão Cristo viu os céus se abrirem e descer sobre Ele o Espírito, assim no início da missão da Igreja os céus se abrem e Deus derrama o seu infinito amor mediante o dom do Espírito Santo. Trata-se de uma efusão que continua através dos sacramentos da Igreja e que não cessará, porque o amor de Deus pelo mundo é irrevogável.


Devemos ter sempre presente esta perspectiva, sobretudo diante dos cenários apocalípticos típicos de muitas auto-proclamadas revelações privadas sobre o fim dos tempos. Não poucas falam de tremendos castigos, de novos dilúvios de fogo, de hecatombes atômicas, etc. Ninguém nega que Deus permita aqueles castigos que o homem se inflinge com as próprias mãos, como, por exemplo, a guerra, e aquelas situações sofridas da vida que são causadas pelas desordens morais. Até mesmo os cataclismas naturais podem ser vistos sob esta luz. Todavia, não se pode esquecer que vivemos no tempo da misericórdia e do perdão e que eventuais castigos têm, em última análise, a finalidade de purificar a humanidade e de reconduzi-la a Deus. Ele, na Sua sabedoria e no Seu amor, deixa que o homem prove o cálice amargo do mal, para que se liberte do engano da sedução e retorne ao Pai celeste, que o ama.


Não poucos cristão se esquecem que o verdadeiro dilúvio do tempo presente é o da caridade de Deus, que envolve o mundo inteiro nas águas refrescantes do seu amor. No céu temos o Verbo Encarnado, Deus e Homem, nosso amigo e irmão, que intercede continuamente por nós e pelo mundo. Como podemos alimentar perspectivas terrificantes em relação ao futuro se o mundo é amado por um amor infinito, perene e fiel e Cristo mesmo o rege com cetro de ferro?


A PRESENÇA DO MAL
O cristão não pode de nenhuma maneira esquecer um dado fundamental de sua fé: este mundo foi redimido por um alto preço pelo qual resplandece o sol da divina misericórdia. Esta perspectiva otimista de fé não fecha os olhos à presença do mal. Todos os textos do Novo Testamento concordam em afirmar que, ainda que este mundo tenha sido subtraído ao Maligno, satanás conserva, por permissão divina, a capacidade de agir e de causar-lhe danos.


De fato, o Reino de Cristo ainda não está realizado com grande poder e glória (Lc 21,27), como acontecerá na segunda vinda. As potências demoníacas continuam a insidiá-lo, como afirma Paulo na célebre passagem da Segunda Carta aos Tessalonicenses, em que faz alusão ao mistério da iniqüidade que já está em ação (II Tess 2,7). Elas foram derrotadas pela Páscoa de Cristo, mas não param de iludir, seduzir e perseguir os crentes. Os textos e as imagens do Novo Testamento sobre a ação de satanás não inspiram tranqüilidade. Pedro o retrata como um leão que ruge, à constante procura de quem devorar I Pe 5,8). João o compara a um enorme dragão vermelho que, precipitado do céu, se lança contra a Mulher, o Filhos dela nascido e a sua descendência, isto é, contra aqueles que observam os mandamentos de Deus e estão de posse do testemunho de Jesus (Apoc 12,1-17).


Daqui resulta que os tempos em que vivemos são tempos de espera, de vigilância e de combate. A este respeito, o cristão deve evitar duas atitudes opostas entre si, mas que não correspondem a uma visão de fé. A primeira é a de quem não se dá conta desta força perversa e perversora, que foi subjugada por Cristo e à qual foi subtraído o poder sobre o mundo, mas que Deus, na sua sabedoria, deixa que continue agindo até que no fim da história seja lançado no lago de fogo e de enxofre (Apoc 20,10). Negar a ação de satanás na última etapa da história que estamos vivendo significa afastar-se radicalmente do ponto de vista do Novo Testamento e do Magistério da Igreja. A atitude oposta e igualmente errada é a de quem exagera a força e a ação do Maligno, como se o mundo não estivesse sob o poder de Cristo e o cristão não o pudesse vencer com o testemunho da fé. A este respeito, mesmo os cenários mais sombrios descritos na Palavra de Deus, sobretudo onde estão descritos os combates dos últimos tempos, terminam todos com a vitória de Cristo e dos crentes. O cristão, portanto, não subestima os trabalhos, as lutas, as seduções e as tentações que marcam o seu caminho e o da Igreja neste mundo, mas sabe que Cristo já venceu e que o futuro está em Suas mãos.



Traduzido do italiano para o português por Tania

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...