domingo, 27 de março de 2011

Madres do Deserto Santa Eufrásia - Parte IV



Morreu aos trinta anos. Não foram as mortificações a matá-la, mas o amor místico a consumá-la. Os jejuns, as vigílias, os trabalhos aos quais se dedicava, tinham enfraquecido muitos outros. Ela, devagarzinho, saindo da adolescência, ficava mais bela à vista dos olhos: tinha estatura alta, maneiras graciosas, um belo rosto, era mais robusta que magra. Deus queria mostrar, com tal exemplo vivo que aquilo que é feito por amor ao seu nome não se perde jamais, e que a graça pode, cada vez que ele decide suprir a natureza.

Aquela boa saúde deixava supor a todas que a jovem irmã iria ficar ainda por muito tempo no meio delas, para a alegria e edificação da comunidade. Mas uma noite, a abadessa teve um sonho: viu a Virgem Maria pegar pela mão irmã Eufrásia e introduzi-la na glória do Reino eterno. E uma voz se fez ouvir: “Isto acontecerá em dez dias.” Acordando, a abadessa, não obstante o seu espírito sobrenatural sentiu-se um pouco triste. Por nove dias, as irmãs a viram serena, com dores, mais pálida que de costume, incapaz de conter as lágrimas. E cada uma se perguntava qual seria o segredo daquela pena. No nono dia, a abadessa reuniu a comunidade: “Filhas minhas, sei por revelação do céu, que amanhã a irmã Eufrásia nos deixará para a eternidade.” Foi um concerto de lamentos. Eufrásia jogou-se aos pés da superiora: “Madre, te suplico – exclamou – peça ao Senhor que me conserve ainda um ano em vida, para que possa expiar os meus pecados.” A abadessa sorriu diante daquele sinal de santa ingenuidade. O decreto do céu não era definitivo? Todas podiam constatá-lo, porque Eufrásia iniciou a tremer e soar, tomada por uma febre altíssima. A abadessa ordenou de levá-la para a igreja, diante do Santíssimo Sacramento.

Depois só a superiora e Júlia ficaram perto dela, em contemplação de inefável verdade. No dia seguinte, ao amanhecer, todas se reuniram em torno daquela que morria, e cada uma foi autorizada a dizer adeus à irmã, confiando-lhe os próprios pedidos ao céu. E depois, que passaram uma a uma, Santa Eufrásia morreu.

Irmã Julia passou três dias em sua sepultura, em orações e lágrimas. No quarto dia, voltou ao mosteiro toda alegre. “Madre, disse à abadessa, Eufrásia me obteve do céu de ir juntar-me a ela!” À noite, se pôs a abraçar as irmãs com rosto todo iluminado. E no dia seguinte estava morta.
Era muito para a abadessa, que tinha assistido a todos aqueles acontecimentos. É difícil ser uma superiora de santas durante a vida, mas é ainda mais duro ficar sem elas depois da morte. Considerando tudo, a abadessa de Eufrásia e de Júlia, julgou que as próprias filhas tinham escolhido a melhor parte. Um mês depois da morte da mestra de noviças, ela reuniu a comunidade: “Devo eu partir agora, disse ela, eleja outra abadessa!” Com dor, as monjas escolheram para superiora uma religiosa chamada Teogrina. A abadessa saindo dirigiu uma última vez a palavra às filhas, para recomendá-las de imitarem Eufrásia. Depois se retirou em sua cela. Quando entraram no dia seguinte, a santa mulher era adormentada por sua vez, no sono eterno.

Os ocidentais ignoram que da Grécia saiu àquela flor maravilhosa chamada Eufrásia, monja com sete anos e modelo de perfeição religiosa aos doze. As monjas do oriente, de sua parte, não a esqueceram: quando professam os votos religiosos, o sacerdote que os recebe pede a Deus onipotente de fazer descer sobre elas as graças das quais derramou a Santa Tecla, virgem e mártir do I século, Santa Eufrásia, e também Santa Olímpia, viúva, morta ela também em 410.
Terminamos aqui o relato da vida de Santa Eufrásia, peçamos a ela que interceda por nós, mas também pelos adolescentes, que muitas vezes buscam respostas em lugares errados, buscam saciar a sede de amor de seus corações em fontes que são ilusórias.

Fiquem na paz!

Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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