domingo, 13 de fevereiro de 2011

Madres do Deserto – Santa Macrina– Parte IV




Continuando, eis que Gregório e seus acompanhantes voltam à presença de santa Macrina...
Uma vez em sua presença, não permitiu que se passasse o tempo inutilmente. Recordou-nos muitas coisas do passado, da sua vida familiar.

Ela recordou-me de tantas injustiças que havíamos passado, mas em que nenhum modo eu deveria cair no vício da ingratidão, mas saber reconhecer os dons que Deus concedeu-me através de tudo e não esquecer-me da fonte.

Neste colóquio passou-se a noite...

Apenas clareou o dia, ela me diz que aquele dia seria já o último de sua existência; a febre a tinha consumido toda. E para advertir a inutilidade de nossas preocupações quis iniciar de novo a falar; e enquanto respirava com muita dificuldade, esforçava-se para animar nossos corações.
Agonia admirável. Nada de ansiedade; nada de perturbação. A absorvia a idéia de que sua peregrinação havia terminado e estava já para chegar à sua pátria. Ao ouvi-la filosofar, cria-me ver-me não diante de um ser humano, mas sim diante de um anjo que por providência de Deus havia tomado forma humana. Não parecia ter parentesco com quanto se diz terra e vida mortal.

Seu corpo gozava de imperturbável serenidade, sem desejo humano; sua alma estava absorta em Deus, como se não estivesse ainda ligada à carne.

Para mim era evidente: o único que ali atuava era o amor puríssimo que tinha para seu Esposo Jesus, sempre escondido no mais secreto sacrário do seu ser, porém, isso saía e rompendo o véu do coração, manifestava-se ao exterior em ânsias de voar para aquilo que eram as delícias de sua alma; seu único desejo era chegar quanto antes ao seu amor. Completa em toda virtude, como poderia interessar-lhe o ter seus olhos em alguma coisa fora Dele?

Avançando o dia, o sol que desaparecia. Enquanto que ela conservava muito viva a atividade de sua alma. Quanto mais se aproximava o seu fim, mais despertavam suas ânsias de voar para Deus. Parecia contemplar cada momento, com maior claridade, a beleza de seu Amado, com o qual seu coração pulsava para estar em seus braços, e assim, sem já falar com os presentes tinha seus olhos cravados somente n´Aquele a quem dirigia suas súplicas. Sem dirigir-nos mais suas palavras, entretia-se somente com Deus. Sua oração era tal que evidentemente subia ao mesmo Deus, e o Senhor a escutava.

ORAÇÃO DE SANTA MACRINA

“Tu, Senhor, dizia ela, nos quitastes o medo da morte.

Tu fizeste que o fim desta vida fosse o começo da vida verdadeira.

Tu mandaste que entregássemos nossos corpos ao seio do sepulcro, até que soe a trombeta e subam os ressuscitados.

Como argila somos plasmados por suas mãos. Agora a confias ao depósito da terra, porém voltarás a chamá-la, fazendo que o que em nós é atualmente mortal e deformado, seja harmonizado com a imortalidade e com a tua graça.

Tu, Deus eterno, deste aos que vos temem, para a destruição do inimigo e segurança de nossa vida verdadeira, o sinal da cruz; essa cruz a que pertenço desde as entranhas de minha mãe, a qual tenho amado com todas as forças do meu coração e à qual tenho desde a minha infância tenho consagrado minha alma e meu corpo.

Se em algo te ofendi por debilidade, em palavra, obra ou desejo, Senhor, tem piedade de mim.

Tu, que tens na terra o poder de perdoar os pecados, fazes que minha alma tenha alívio e não se encontre indigna de apresentar-se diante de Ti, assim, sem mancha nem culpa, seja recebida em teus braços como incenso de holocausto.”

Continuamos na próxima semana...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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