A herança de Macrina
Sua mãe que gozava de uma feliz ancianidade, emigrou para Deus, expirando nos braços de Macrina e Pedro.
Sem dúvida santa Macrina deixou uma herança monástica feminina, modelo para aquelas que a seguiram mais tarde. Em sua casa, convertida em mosteiro, se praticou com grande espírito a vida cenobítica: desprendimento total de todo desejo mundano; carência absoluta do supérfluo ou vão; pobreza no mobiliário e no vestuário, que consistia em uma em uma única túnica, que servia de proteção da honestidade em vida e em mortalha na morte; austeridade na comida, e que como temos visto, era vínculo de união e comunhão entre as mais antigas senhoras e servas; canto contínuo dos salmos, que elevava as almas ao céu em sublime arrebatamento de amor, e trabalho manual moderado.
Com toda segurança Macrina deu a seu irmão Basílio a semente de seu monaquismo, vivido muito antes por ela e suas discípulas. Por influência de sua santa irmã, Basílio renunciou às pompas e a glória do mundo e abraçou a vida monástica. Também, quando morre Basílio em 379, Macrina vende quanto lhe restava do patrimônio familiar e o dá aos pobres. Diz-se que santa Macrina viveu e cultivou a ternura e a delicadeza de serviço que vivia a Virgem na casa de Nazaré.
A morte de Macrina
A morte desta santa a descreve seu irmão Gregório de Nissa, que antes de encontrá-la havia tido um forte pressentimento: algo grave havia de ocorrer à sua irmã tão querida...
Segue a narração...
“Entrei no mosteiro onde ela habitava, tinha muito avançada a doença e vi-a deitada sobre o leito, mas não sobre uma cama, mas no solo, tinha uma tábua de saco, e ao modo de uma almofada, um pedaço de madeira que sustentava elevada sua cabeça. Ao notar que eu estava na porta para entrar, apoiando o corpo, fez o possível para erguer-se, coisa que não pôde fazer pela intensidade da febre. E como não conseguia a tomei em meus braços e a coloquei em seu leito normal.
Aqui foi quando, levantando as mãos ao céu exclamou: GRAÇAS A TI MEU DEUS E SENHOR, QUE ME CONCEDEU ISSO E SATISFEZ O QUE TANTO ANSIAVA EM MEU CORAÇÃO, MOVENDO O TEU SERVO PARA QUE FIZESSE ESTA VISITA A TUA ESCRAVA.
E enquanto dizia isso, para evitar molestar os demais, suavizava a força do sufucamento procurando dissimular a dificuldade que sentia na respiração. Fazia transparecer alegria ao seu redor, introduzindo, ela mesma, conversações gostosas e fazendo-me mil perguntas para dar matéria a essa conversação.
Porém, quando no curso destas conversas começamos a falar de Basílio (que havia falecido com 49 anos, em 1 de janeiro do ano de 379), já não pude mais conter a emoção: uma grande tristeza cobriu meu rosto, e as lágrimas começaram a correr por meus olhos.
Ela, serena, tomando precisamente a ocasião da morte de nosso irmão, aproveitou para remontar uma magnífica exposição das causas e dos acontecimentos humanos ocultos na providência divina, aquilo que se tem por desgraça entre os homens. Como inspirada por luz celestial, falou largamente sobre os bens da vida futura; e fez isto de modo que ao influxo de suas palavras, minha alma, diante do que ouvia de seus lábios, transportou-se à região mais altas, saindo tudo o que era humano.
A febre a tinha consumido, e sem força, seu corpo parecia como envolvido em um orvalho congelado, que acelerava a sua morte; porém sua cabeça, lúcida, parecia ilesa de toda enfermidade, que voava sem obstáculo à mais elevada contemplação...
A deixei um pouco sozinha, porque havia me pedido, e fui descansar um pouco. Porém, foi um inútil empenho, pois meu coração pesava por causa da tristeza e eu partilhei meus sentimentos com aqueles que me acompanhavam. Todos sentiam esse pesar.
Ela sabendo disso, mandou-nos dizer que tivéssemos ânimo, pois se sentia melhor... A tão boa notícia nos levantamos e fomos ficar com ela...
Continuamos na próxima semana...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J
Sua mãe que gozava de uma feliz ancianidade, emigrou para Deus, expirando nos braços de Macrina e Pedro.
Sem dúvida santa Macrina deixou uma herança monástica feminina, modelo para aquelas que a seguiram mais tarde. Em sua casa, convertida em mosteiro, se praticou com grande espírito a vida cenobítica: desprendimento total de todo desejo mundano; carência absoluta do supérfluo ou vão; pobreza no mobiliário e no vestuário, que consistia em uma em uma única túnica, que servia de proteção da honestidade em vida e em mortalha na morte; austeridade na comida, e que como temos visto, era vínculo de união e comunhão entre as mais antigas senhoras e servas; canto contínuo dos salmos, que elevava as almas ao céu em sublime arrebatamento de amor, e trabalho manual moderado.
Com toda segurança Macrina deu a seu irmão Basílio a semente de seu monaquismo, vivido muito antes por ela e suas discípulas. Por influência de sua santa irmã, Basílio renunciou às pompas e a glória do mundo e abraçou a vida monástica. Também, quando morre Basílio em 379, Macrina vende quanto lhe restava do patrimônio familiar e o dá aos pobres. Diz-se que santa Macrina viveu e cultivou a ternura e a delicadeza de serviço que vivia a Virgem na casa de Nazaré.
A morte de Macrina
A morte desta santa a descreve seu irmão Gregório de Nissa, que antes de encontrá-la havia tido um forte pressentimento: algo grave havia de ocorrer à sua irmã tão querida...
Segue a narração...
“Entrei no mosteiro onde ela habitava, tinha muito avançada a doença e vi-a deitada sobre o leito, mas não sobre uma cama, mas no solo, tinha uma tábua de saco, e ao modo de uma almofada, um pedaço de madeira que sustentava elevada sua cabeça. Ao notar que eu estava na porta para entrar, apoiando o corpo, fez o possível para erguer-se, coisa que não pôde fazer pela intensidade da febre. E como não conseguia a tomei em meus braços e a coloquei em seu leito normal.
Aqui foi quando, levantando as mãos ao céu exclamou: GRAÇAS A TI MEU DEUS E SENHOR, QUE ME CONCEDEU ISSO E SATISFEZ O QUE TANTO ANSIAVA EM MEU CORAÇÃO, MOVENDO O TEU SERVO PARA QUE FIZESSE ESTA VISITA A TUA ESCRAVA.
E enquanto dizia isso, para evitar molestar os demais, suavizava a força do sufucamento procurando dissimular a dificuldade que sentia na respiração. Fazia transparecer alegria ao seu redor, introduzindo, ela mesma, conversações gostosas e fazendo-me mil perguntas para dar matéria a essa conversação.
Porém, quando no curso destas conversas começamos a falar de Basílio (que havia falecido com 49 anos, em 1 de janeiro do ano de 379), já não pude mais conter a emoção: uma grande tristeza cobriu meu rosto, e as lágrimas começaram a correr por meus olhos.
Ela, serena, tomando precisamente a ocasião da morte de nosso irmão, aproveitou para remontar uma magnífica exposição das causas e dos acontecimentos humanos ocultos na providência divina, aquilo que se tem por desgraça entre os homens. Como inspirada por luz celestial, falou largamente sobre os bens da vida futura; e fez isto de modo que ao influxo de suas palavras, minha alma, diante do que ouvia de seus lábios, transportou-se à região mais altas, saindo tudo o que era humano.
A febre a tinha consumido, e sem força, seu corpo parecia como envolvido em um orvalho congelado, que acelerava a sua morte; porém sua cabeça, lúcida, parecia ilesa de toda enfermidade, que voava sem obstáculo à mais elevada contemplação...
A deixei um pouco sozinha, porque havia me pedido, e fui descansar um pouco. Porém, foi um inútil empenho, pois meu coração pesava por causa da tristeza e eu partilhei meus sentimentos com aqueles que me acompanhavam. Todos sentiam esse pesar.
Ela sabendo disso, mandou-nos dizer que tivéssemos ânimo, pois se sentia melhor... A tão boa notícia nos levantamos e fomos ficar com ela...
Continuamos na próxima semana...
Fiquem na paz!
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J
Nenhum comentário:
Postar um comentário