terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Células-tronco, o que são e para que servem?

Se fala muito de células-Tronco, mas o que são, para que seervem, o que se quer com elas? Você sabe?

Células-tronco são células indiferenciadas, ou seja, aquelas que por estarem presentes no embrião desde a sua primeiríssima fase, até seu estágio de mórula, ainda não receberam uma função específica para ser desempenhada no organismo. Estas células são como um “tronco”, do qual vão sendo originadas todas as células especializadas (hemácias, leucócitos, neurônios etc) e, portanto, diferenciadas. Neste sentido, toda linhagem celular e tecidos são originados pelas células-tronco. Elas são as responsáveis pelo desenvolvimento de todo o organismo. Atualmente, alguns cientistas desejam utilizar as células-tronco para salvar vidas. O problema moral está no fato de que para isto ocorrer será necessário interromper a gravidez e eliminar o embrião.

As células-tronco embrionárias (aquelas que se encontram no organismo desde a primeira fase do desenvolvimento do embrião) são consideradas totipotentes, porque juntas ou separadas têm um potencial para produzirem todo o desenvolvimento do organismo. Todavia, nas fases que sucederão a formação da mórula, as células vão se diferenciando e passam a ter potencialidades bem distintas, assumindo funções especializadas no organismo. Deste modo, elas perdem sua condição de totipotência e passam a ser pluripotentes. As células-tronco pluripotentes são as responsáveis pela formação dos tecidos presentes no organismo adulto, mas isoladas jamais podem dar origem ao organismo todo, o que só ocorre na qualidade de totipotência. O período de pluripotência é limitado. Pois do oitavo ao décimo quarto dia, vão se formando três camadas celulares (endoderma, ectoderma e mesoderma). Destas camadas são originados os tecidos, os órgãos internos, os órgãos externos e as células reprodutivas. Nesta fase, as células-tronco passam a ser multipotentes, ou seja, sua função dentro da formação do organismo já está determinada. As chamadas células-tronco adultas são multipotentes, podendo dar origem ao tecido celular onde residem. Em algumas regiões do organismo (medula óssea, placenta e sangue do cordão umbilical, por exemplo) é possível encontrar células-tronco especializadas com um bom potencial de adaptabilidade. Com a aplicação da técnica adequada, estas células podem servir na regeneração de tecidos celulares distintos. Este procedimento é eticamente aceitável, porque nele não se faz necessário à interrupção da gravidez e a morte do embrião.

As células-tronco embrionárias, por serem totipotentes, têm uma capacidade ilimitada de se tornarem qualquer tecido. Por outro lado, elas podem apresentar sérios problemas de compatibilidade. Já as células-tronco adultas estão presentes no organismo em pequena quantidade e nem sempre se proliferam in vitro, porém não apresentam as complicações decorrentes da rejeição, pelo fato de serem retiradas de um indivíduo para serem utilizadas nele próprio. Além disso, não há diferenças significativas entre elas para o uso terapêutico. A única diferença se dá no território da ética.

Todo o problema moral em torno do uso das células-tronco embrionárias (totipotentes) está no fato de que para sua obtenção é necessário que se interrompa o desenvolvimento do embrião, causando, assim, um aborto. Já as células-tronco adultas podem ser retiradas do ser humano sem a necessidade de destruir o embrião.

TEndo dito isto, gostaria de responder uma pergunta que recebi por e-mail de um dos leitores do nosso Blog:

Conforme a lei brasileira, FICA PERMITIDO: “O uso para pesquisa e terapia de células-tronco obtidas de embriões humanos de até cinco dias que sejam sobras do processo de fertilização in vitro, desde que sejam inviáveis para implantação e/ou estejam congelados há pelo menos três anos, sempre com o consentimento dos genitores”. Faça a sua avaliação ética-teológica desta lei!

Após ter lido a encíclica “Dignitas Personae”, em base nos parágrafos 18,19 e 31, posso concluir que do ponto de vista ético teológico, podemos primeiramente dizer que antes de se analizar a questão como uma questão religiosa, a vida é primeiramente um direito, desde a fecundação, assim o embrião é um ser humano desde o início do seu ciclo vital, e sendo ele uma vida humana já possui os direitos de ser humano, o direito a vida e a sua proteção. O uso da sobra da fertilização in vitro, é claramente utilitarista, uma vez que não consegue perceber que a fecundação tem como fim elementar e essencial o nascimento de um novo ser e não o de prover bancos de órgãos.

É necessário observar que a dignidade humana deve ser respeitada em qualquer etapa do desenvolvimento biológico. Afinal, não é possível estabelecer, através de critérios axiológicos, a etapa da vida humana que tem mais valor. Mesmo os padrões anatômicos e fisiológicos não são suficientes para definir a importância da vida humana, caso contrário, chegaríamos à absurda conclusão de que deficientes e doentes mentais possuem um valor menor do que aqueles seres ditos normais. A vida no estágio embrionário possui valor idêntico ao da vida humana no seu estágio adulto e terminal.

A questão que eu levanto a este ponto, é porque utilizar células tronco obtidas de embriões humanos, sobra de um processo de fertilização in vitro, quando se poderia utilizar para fins terapêuticos, células-tronco adultas, retiradas do próprio paciente? Este trabalho, já tem beneficiado um grande numero de pessoas, com os mais diversos tipos de tratamento de doenças degenerativas.

Acho uma hipocrisia estabelecer tempo e data sobre uma vida, para legalizar a pesquisa, padronizando critérios para manipular a vida, excluindo a dignidade dela presente no embrião. É mister ressaltar que ao contrário do que se tem vinculado na mídia, as células-tronco embrionárias não são o remédio para a cura de todos os males, e se fossem, não seria lícito, mas imoral, sacrificar vidas para salvar outras vidas.

Pe. Mateus Maria

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