Hoje conheceremos a história de Santa Tecla, esta que é considerada uma das seguidoras de São Paulo. Com sua vida simples e de entrega nos ensina que para entregar-se ao Senhor é necessário uma adesão com o coração, tornando-se um com Ele.
São Metódio afirma que santa Tecla é a primeira das virgens cristãs, cuja influência foi notória em suas seguidoras, das que mais tarde marcharam para o deserto.
O ápice da virgindade começou a desenrolar-se, em torno dos mesmos Apóstolos, embora haja muita lenda em torno da figura de santa Tecla, ela existiu realmente. Seu nome significa, segundo a etimologia grega, virgindade e virtude.
Na história de Tecla acontece o mesmo que na história de Maria Madalena, várias santas entrelaçam suas vidas com a desta. Nossa protagonista, segundo a tradição, é a primeira mulher protomártir processada por sua fidelidade ao Evangelho.
Temos testemunhos de alguns Santos Padres esboçando as virtudes e heroísmo de Tecla. Santo Agostinho em seu livro contra Fausto. Santo Ambrósio em De virginibus, São João Crisóstomo, etc. Santo Isidoro de Damieta escreve a um mosteiro não identificado de Alexandria: “Depois do exemplo de Judite, Susana, não podeis negar a debilidade da nossa natureza. Porém se quiser ainda mais, adiciono a generosa Tecla, tão célebre e tão famosa por todo o mundo.
Tecla natural de Icônio, cidade da província da Cilícia, estava noiva em sua adolescência com Tamiris, herdeiro de uma das mais nobres famílias da Ásia, porém nas vésperas do matrimônio, encontra São Paulo pregando o Evangelho. As palavras do Apóstolo converteram a Tecla.
Renuncia a Tamiris, consagrando-se a Jesus Cristo. A partir desse momento é vítima de violenta perseguição por parte de sua família e do mesmo Tamiris.
É valioso o testemunho de São Metódio:
“Conosco sua prudência por belos discursos que pronunciou as provas de amor transbordante que deu a Cristo e os primeiros e árduos combates dos mártires, mostrando um zelo apenas comparável a seu ardor e uma fortaleza de corpo igual à energia de seus antecessores."
Segundo dados cronológicos, podemos dizer que a virgem Tecla tinha dezoito anos quando foi condenada a fogueira e as feras em Antioquia; depois destes martírios frustrados viveu outros setenta e dois anos. Muito provavelmente passou todo este tempo em uma gruta como penitente.
Entre os historiadores especializados nos primeiros séculos cristãos, não há nenhum que ponha em dúvida a existência da virgem Tecla. “A recordação de Tecla possui perfis tão reais que sua pessoa se converte em modelo vivo de virgindade para as esposas de Cristo, e seu nome é o supremo louvor que tanto no Oriente, na boca de Gregório Niceno, como no Ocidente, na de Jerônimo, sabem aplicar àquelas glórias da santidade femininas chamadas Macrina e Melânia: são outras Teclas”.
Sem necessidade de apelar a observações profundas, o recurso contemplativo e ensinamentos místicos se impõe, sobretudo na estrutura ascética de Tecla, modelo das virgens. Através de seus olhos, seus ouvidos e seus lábios se escapam o fluído sobrenatural de sua alma, deixando o corpo em segundo plano. Algumas vezes será persistência imóvel diante da ventania, como uma aranha presa em sua teia; outras seu arrebatamento aos pés de Paulo, com irresistível fascínio pela Palavra Divina; mais tarde com os beijos ardentes com que acalentava as grades da porta da prisão enquanto se sente acorrentada pelo Amor de Deus.
Este espírito será perpetuado para sempre nas esposas de Cristo e se mostrará no gesto místico de uma Inês diante do fogo, de uma Cecília em suas expressões de amor para com Cristo, de uma Egéria em sua atração apaixonada para os lugares bíblicos, de uma Eustaquia nas peregrinações noturnas de seu aposento. Em todas elas vemos que quando uma alma põe-se frente a frente com a divindade, perde o opaco da matéria, se desprende do peso morto das afeições deste mundo e se transfigura no flamejar oscilante, porém sempre acesso, de uma chama, que anseia as alturas.
Supomos que santa Tecla deixou uma herança espiritual muito importante para a sua posteridade. Ela acreditava firmemente que o caráter e os frutos da caridade perfeita é o possuir a Deus, o desejar ser possuído por Ele. Adverte que a virgindade vem a ser o mesmo que “para Deus”, com isto indica que basta desejarmos ser possuídos por Ele para tornamo-nos incorruptíveis e semelhantes à divindade.
Que santa Tecla interceda em nosso favor, para que um dia possamos chegar a contemplar a face do Pai, e que esta união inicie já nesta vida.
Fiquem na paz!
Me. Rosa Maria de Lima, F.M.D.J
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