segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Madres do Deserto – Santa Macrina, a jovem Parte I



INTRODUÇÃO
Iniciaremos hoje a ver a vida de Santa Macrina, e como na vida de Santa Maria Egípicia, estarei dividindo em partes sua história, por ser um pouco longa. Acredito que ela tem-nos muito que ensinar, esta família poderia tornar-se exemplo para nossas famílias de hoje. A vida cristã vivida no seio da família é o remédio para tantos males que hoje estão “matando” a nossa sociedade. Espero que possam a companhar a cada semana o relato desta santa madre do deserto.

Santa Macrina foge aos exemplos anteriores, seja pela origem familiar, seja pelo ambiente cultural em que viveu. Macrina concretiza os ensinamentos do irmão Basílio, profundamente evangélicos. São três os maiores princípios que norteiam o monaquismo basiliano: a observância dos preceitos evangélicos, amor de Deus e do próximo; a necessidade de se separar do mundo e de guardar o coração pela recordação contínua de Deus e o desejo de agradar-lhe; a busca de uma comunidade animada pelo mesmo espírito. A vida der Santa Macrina é a primeira biografia cristã dedicada a uma mulher. Gregório de Nissa a escreve nove anos após o seu Tratado sobre a Virgindade, como um manifesto do monaquismo feminino. Pretendo oferecer um modelo prático de encorajamento para os cristãos consagrados. Para Gregório, a dimensão fundamental da virgem é a de mestra da vida espiritual. O bispo porta-se como discípulo ansioso por ouvir a voz da mestra. Ele nos relata o lamento das virgens após a morte da mãe, que expressa sua presença e atividade de mãe espiritual. “Eis, que se extinguiu, diziam elas, a claridade de nossos olhos; foi retirada a luz que guiava nossas almas; aniquilada a segurança de nossa vida, roubado o selo da imortalidade, desfeito o laço da nossa concórdia! Está quebrado o sustentáculo das que não têm coragem, desapareceu a solicitude das fracas! Contigo, a própria noite era para nós iluminada, como o dia, por tua vida pura. Agora, o próprio dia foi mudado em trevas”.

Macrina nasceu em uma família profundamente cristã no ano de 327. Aos doze anos de idade prometeram-na a um jovem capadócio de nobre cultura, porém a morte tirou a vida deste jovem prematuramente.

Macrina tomou a determinação de permanecer fiel a recordação de seu prometido e consagrou sua virgindade ao Esposo imortal. Deus a dotou de um caráter firme e resoluto, “capaz de harmonizar muito perfeitamente a contemplação interior e a atividade externa, dotada de uma formação requintada, com a qual do mesmo modo penetrava os mistérios dos livros sapienciais que selecionava os salmos mais próprios para cada ação do dia ou trabalhava manejando a roca de fiar a lã. Sobre tudo, ungida com o bálsamo de uma piedade profunda e de uma grande ascese, Macrina tinha sido uma ajuda providencial para sua mãe, santa Emélia, na educação de seus irmãos menores. Em todos eles haveria de marcar sua impressão vigorosa e austera. Três de seus irmãos: Basílio de Cesaréia, Gregório de Nissa e Pedro de Sabaste, foram santos ou bispos. O outro irmão destacou-se por sua piedade foi Naucrácio, consagrado na vida ascética, morreu muito jovem. No total foram quatro homens e cinco mulheres, destas, excetuando Macrina, todas casaram-se.
Gregório de Nissa comenta a vida de Macrina com um estilo que recorda a Sagrada Escritura: “O nome da virgem era Macrina. Houve antes dessa outra Macrina ilustre: a mãe do nosso pai. ” Por sua parte, São Basílio a recorda com ternura: “ Que maior prova pode haver de nossa fé, que o testemunho de ter sido educado por aquela bem-aventurada mulher, nossa irmã”.

A mãe optou por dar-lhe uma educação não profana. A menina deu prova de possuir grandes dotes naturais, e a mãe aproveitou esta terra boa para semear nela aquelas coisas que a Sagrada Escritura inspirada por Deus, dá e são mais acessíveis nas primeiras idades, especialmente a sabedoria de Salomão. Já vimos como ela recitava os Salmos ao longo da jornada.

Macrina se tornou a memória de sua família e esse aspecto é importante: a história de uma família e a história da igreja da Capadócia são aqui indissociáveis.

“Ela começou a nos contar a sua vida como tinha sido desde a juventude. Expôs por ordem todos os fatos como numa história. Contava também os acontecimentos da vida de nossos pais, dos quais guardava lembrança, tanto dos que haviam ocorrido antes do meu nascimento, como os dos anos posteriores. A finalidade da narrativa era chegar à ação de graças para com Deus.”

Macrina celebra, pois, a existência de três gerações cristãs mencionando pouco depois seus avôs. Ela tem o sentimento de vidas plenamente realizadas; e por contraste, o relato que Gragório faz de suas próprias infelicidades no capítulo seguinte suscita as exortações e reprovações de Macrina: “Não deixarás, disse-me ela então, de desconhecer os dons de Deus?”. Essa atitude esclarece a posteriori o papel de Macrina junto a Basílio, Naucrácio e Pedro. No plano psicológico como no plano espiritual, todo o relato opõe a maturidade de Macrina às tentações mundanas de Basílio e às inquietações de Gregório. Com a aproximação da morte, ela continua a realizar o estado que já era o seu desde a juventude: ela está “acima da natureza”, “como um anjo”.

Continuemos na próxima semana...
Fiquem na paz!

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