domingo, 14 de novembro de 2010

Madres do Deserto- Uma mulher adúltera






Em sua carta apostólica sobre a dignidade da mulher, Mulieris Dignitatem o papa João Paulo ll disse:
...uma mulher a sós com seu pecado e designada diante da opinião pública, enquanto por trás deste pecado seu, se oculta um homem pecador, culpável do pecado de outra pessoa, mais, corresponsável do mesmo. E sem embargo, seu pecado escapa da atenção, passa em silêncio... Quantas vezes, a mulher pelo próprio pecado (pode suceder que seja ela, em certos casos, culpável pelo pecado do homem como pecado do outro), porém somente paga ela, e paga sozinha.
Na realidade a mulher foi um instrumento para desacreditar Jesus. No caso da adúltera, Ele não contestou aos ataques; escrevia no chão... Pensamos pouco na fortaleza que se precisar para conter a irritação diante da maligna acusação. De qualquer maneira, isto não é fruto do autocontrole, mas vem deste olhar amoroso que Jesus tinha para o homem. Este domínio de si não se alcança sem um constante exercício da vontade e elevada visão da vida. Responder com silêncio e com palavras adequadas a uma provocação, não é comum, mas tem uma eficácia fascinante. Curiosamente, ali vemos a Jesus e a adúltera sentados ambos, juntos no “banquinho dos acusados”. Ela cala e se coloca à sombra de Jesus. Não custa imaginá-la, olhando para Jesus desesperadamente, como único ponto que se pode segurar e sentindo que junto àquele homem tão distinto dos demais, se sente segura.
Diante da negativa de Jesus de condenar a mulher, os fariseus se crescem pensando que o tinham atrapalhado com a Lei de Moisés. Porém conhecedor do que tem no coração de cada um deles, e pensando no valor real de todas as circunstâncias que acompanham a uma ação, Cristo ilude a questão, isso que não era freqüente para Ele. Eles interpretam mal seu silêncio, como se Ele não soubesse o que responder, e pensam terem conseguido atrapalhá-lo e sentem-se seguros de sua vitória. Então, Jesus diz-lhes à queima-roupa, intuímos a inflexão da voz do Senhor, ao dizer: Aquele que de vós estiver sem pecado atire a primeira pedra... Conseguiu o propósito. Suas palavras golpearam o coração daqueles homens que em um instante vieram arrancadas as máscaras de suas vidas, haviam sido consumidas pelo fogo da consciência ressuscitada.
Ao ir embora um após outro os acusadores, “começando pelos mais velhos”, Jesus ficou sozinho com a mulher e iniciou com ela um diálogo histórico. Jesus sabia chegar a essa terra virgem do coração humano e extrair o mais puro e inocente. Disse Jesus: “Mulher, onde estão? Ninguém te condenou? Ela respondeu: “Ninguém Senhor”. Disse-lhe Jesus: “Tampouco eu te condeno. “Vai e não tornes a pecar.”
Jesus protege esta mulher da acusação feita por um grupo de fanáticos e hipócritas, e perdoa seu pecado e a incita, de a não mais pecar, e se esforce para levar uma vida pura. Apalpa-se aqui a verdade daquelas suas palavras: “Não necessitam de médicos os são, mas os enfermos. Não vim para chamar os justos, mas os pecadores para que se convertam (Lc 5, 31-31); misericórdia quero e não sacrifício (Mt 9, 13)”.
Somente nos cabe fechar os olhos e ver a cena: Jesus olha para a mulher. Ela sente-se lavada, restaurada por esse olhar. Nunca ninguém a olhou assim nem a tratou assim. Ele é distinto. No coração da mulher resoa como um eco as palavras de Deus a Israel: “Com amor eterno te amei...”
De fato o agir de Jesus surpreendeu os seus acusadores, mas também surpreende e interroga a cada um de nós na nossa vivência cristã, pois muitas vezes desviamos o olhar e acusamos “os grandes pecadores” e não reconhecemos que muitas vezes a nossa pseuda justiça é hipócrita e cheia de egoísmo e orgulho.
Na próxima semana continuaremos a seguir os passos desta pecadora que nos ensina uma lição da verdadeira conversão do coração, pois se sentindo amada ela correspondeu ao amor do Senhor Jesus.
Peçamos ao Senhor que inicie conosco esta conversão, permanece conosco Senhor!

Madre Rosa maria de Lima, F.M.D.J

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