No livro "Ética a Nicômaco, de Aristóteles, que Santo Tomás de Aquino comentou, está escrito que “tanto as pessoas comuns quanto os sábios concordaram entre si ao afirmar que o principalbem do homem é a felicidade.” No mesmo livro conclui-se a questão afirmando-se que “a felicidade é a operação própria do homem segundo a virtude numa vida perfeita”.
Virtude é palavra derivada de “virtú”, que significa força. De onde ser possível dizer que virtudeé uma certa “força interior” presente na constituição do homem, a qual ele não só pode como deve exercitar para que se manifeste o fruto esperado: a felicidade.
Sendo o homem criatura inteligente, é naturalmente capacitado para o esforço de conhecer a origem, realidade e finalidade das coisas. Quando este esforço se coroa de êxito, diz-se que ele “percebeu o sentido das coisas”.
Mas cada homem é naturalmente inclinado a perceber o sentido de certas coisas e não de outras. Por exemplo, há pessoas que são capazes de perceber o sentido das coisas quando elas se referem à saúde ou doença do corpo, quando então se diz que são “vocacionadas à Medicina”; outras, quando se referem às estruturas que dão suporte às coisas, quando então se diz que são “vocacionadas à Engenharia”; outras, quando se referem ao deleite do paladar, quando então se diz que são “vocacionadas à Gastronomia ou à arte da cozinha”; outras, quando se trata de criar presença de coisas invisíveis capazes de atrair e prender a atenção do público, das quais são ditas “vocacionadas à Arte”, e assim por diante.
À inclinação natural de cada pessoa para perceber o sentido de certas coisas e, em resultado, serem felizes no exercício desta percepção, dá-se o nome de vocação.
O nome vocação, por sua vez, significa “chamamento”. De onde serem expressões sinônimas “o homem é vocacionado à felicidade” e “o homem é chamado ou convidado para uma vida feliz”. E isto é de tal modo assim que a medida da felicidade de cada pessoa é a coerência (ou não) de sua vida com sua vocação. Quanto mais a vida da pessoa esteja organizada em torno do que nela é vocacional, mais feliz ela é, o inverso sendo também verdadeiro: quanto mais distante da vocação esteja organizada a vida da pessoa, mais infeliz ela é. E não faz diferença que se trate de pessoa rica ou pobre: a medida da felicidade não é a riqueza ou a pobreza, mas a coerência da vida com a própria vocação. E parece não haver maior e melhor descrição da própria vocação do que a dada pelo próprio Cristo: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra”. De modo que a importância da vocação reside no fato de nela estar a base natural e sobrenatural da felicidade do homem, a natural capacitando o homem a viver de maneira razoável e justa, a sobrenatural dotando este mesmo homem do papel de servir ao próximo de maneira mais intensamente impactante e profunda.
Para êxito no esforço de tornar claros os procedimentos de investigação da própria (e alheia) vocação, rogo e conto com a assistência de Maria, Rainha da Paz e da Sabedoria, de quem sou escravo.
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