domingo, 31 de outubro de 2010

A vinda de Jesus fez novas as ressonâncias bíblicas






Hoje, iniciamos a ver a situação bíblica da mulher no Antigo testamento e a intervenção de Jesus neste contexto, é interessante observar as posturas do Antigo testamento e depois aos poucos, ir entrando nesta nova visão, dada por Jesus, à figura da mulher.
Assim, poderemos entender melhor o caminho de fé das santas mulheres que nos precederam e que ainda hoje buscam uma vida de união com Nosso Senhor.
No Antigo Testamento recai sobre a mulher o peso de uma cultura de dolorosas conseqüências para ela.
No Novo Testamento, é Jesus quem rompe e renova com sua força divina e seu mandamento novo as tradições que há séculos e séculos elaboram e praticam os homens.
O judaísmo no tempo de Jesus trata com desprezo a mulher. Prova disso encontramos em certas expressões coletivas que aludem à exclusão de mulheres, escravos e crianças. Todos em conjunto e cada um separadamente constituem o denominado grupo dos “ínfimos”.
A tradição hebréia recitava e ainda recita uma oração de glorificação a Deus que diz assim:
“Louvado sejas, Senhor, que não me fizeste pagão. Louvado sejas, Senhor, que não me fizeste mulher. Louvado sejas, Senhor, que não me fizeste ignorante”.
Segundo esta tradição que supõe uma regressão respeito ao Antigo Testamento como anteriormente expus, a mulher também aparece renegada no âmbito religioso. Todos os mandamentos relativos a determinados preceitos, só obrigavam aos homens enquanto as mulheres estavam livres deles.
A mulher é excluída das peregrinações a Jerusalém. Também estavam isentas de recitar o Shemá. A obrigação da ação de graças não afeta às mulheres. Contudo, o conjunto de proibições da Lei, ela é obrigada a guardar. Nos seus juízos, segundo a Lei, sua palavra não tinha força alguma. Não podiam comparecer diante do tribunal.
Considerava-se a mulher um ser suspeito. E quando em casa havia um banquete, não tomava parte nele. Bem é verdade que nos círculos mais profanos, leigos e entre as pessoas mais acomodadas, prevalecia uma mentalidade mais liberal.
É neste mundo que Jesus se moverá, e sabemos de como ele foi acolhedor e solícito com a mulher. Tratou-a considerando-a como pessoa plena diante de Deus e diante dos homens. Jesus não se empenha a falar diante desta injustiça social de revolução, senão, oferece sua palavra aos oprimidos e humilhados; quer chegar ao coração do homem convertendo-o.
Recordemos as passagens do Evangelho. Ante nossos olhos passam um grande número de mulheres de diversas idades e condições, com situações de dor, sofrimento, enfermidade, calúnia, etc., a todas atende Jesus, cura e renova.
A mensagem de Jesus para a mulher é totalmente oposta à do mundo pagão e judeu de sua época. Esta atitude, Jesus a revela mais com seus gestos que com suas palavras, como fez também com a situação política e violenta de seu país frente a Roma, pois como ninguém conhecia o coração humano, em suas parábolas Jesus esboça a figura feminina com simpatia e delicadeza.
Vemos como Jesus se comporta com as mulheres que vem ao seu encontro, despertam de sua indigência social, e expressa sem medos sua ternura, solicitude e agradecimento, como a viúva de Naim, a hemorroísa, a samaritana e tantas outras. Jesus as cobre com manto de misericórdia. Desde os relatos do Novo testamento, aparece um novo horizonte de restituição, de dignidade e de grandeza.
Em resumo, vemos como Jesus abre novos espaços de reconhecimento, se criam âmbitos inéditos, dignifica o corporal, emotivo, histórico, social e religioso que superam os códigos antigos. Jesus faz possível para elas o que as normas e os valores de seu tempo as negavam. A solidariedade misturada com sua dor inaugura caminhos não transitados de libertação. Vislumbra-se uma nova ética corporal, mais íntegra e mais potenciada da identidade feminina. A procura amorosa de Jesus para com elas tornou visível a dor e a exclusão das mulheres pelo que Ele fez. A relação de Jesus com as mulheres denuncia por si mesma o silêncio a que estavam submetidas e reivindicava para elas, uma presença significativa em sua realidade concreta. As mulheres abrem-se a uma nova dinâmica histórica, social e religiosa, que desfaz o sentido das velhas condutas assinadas, as palavras alienantes e os silêncios obedientes.


Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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