domingo, 17 de outubro de 2010

Madres do Deserto - A Herança de Lia


Nesta Imagem vemos Lia e Raquel, hoje veremos a herança que nos deixou Lia, e na próxima semana veremos a de Raquel, ambas espelham um traço particular na vivência do amor ao Senhor Deus. Entremos nesta escola de simplicidade na concreteza do nosso dia-a-dia.


A Herança de Lia

Dentre as quatro matriarcas, sou eu, Lia, a que menos interesse e simpatias desperta, como se meu nome continuasse marcado pelo desamor de Jacó, meu esposo, que sempre preferiu Raquel. Nunca o senti atraído por mim, talvez porque meus olhos fossem lânguidos e não flamejantes como os de minha irmã. Contudo, nunca me deixei vencer ou abater por não conseguir o seu amor, mas lutei incansavelmente por encontrar uma saída que não me encerrasse na amargura nem no desânimo; deve ter sido por me negar a render-me ao fracasso ou porque, êxito não é um dos nomes de Deus. Seja como for a realidade é que Ele me tornou fecunda.

Não tenham medo pensando que vou deixar-lhes como herança gerar uma prole numerosa: inclino-me a pensar que não estão especialmente interessadas nisso, algumas por sua opção celibatária e outras por causas que não me cabe julgar... O que desejo entregar-lhes como um legado precioso é a sabedoria de administrar o fracasso e o êxito, essas realidades humanas que revelam o melhor e o pior de cada homem ou mulher. Diante das vozes que vinculam êxito com riqueza, eficácia, honra e poder, e ao invés, fracasso com o contrário, proponho-lhes um caminho alternativo; o que relaciona vida bem-sucedida com agradecimento e com amor recebido e dado, chamando fracasso somente a solidão e o egoísmo e não a falta de resultados obtidos.

Não consegui o amor preferencial de Jacó, mas o desamor não me derrotou e minha maneira de obter a vitória foi deixar que o Senhor me concedesse a fecundidade e que meu êxito não me levasse a apropriar-me do dom recebido, mas que se convertesse em agradecimento e louvor dirigidos Àquele que é a fonte de toda bênção. Em cada um dos meus filhos reconheci um dom especial de Deus e quis que em seus nomes aparecesse essa referência que nos vinculava, a mim e a eles, com o Senhor. Com Ruben, declarei: “Deus escutou minha oração”; com Simeão proclamei: “O Senhor me ouviu”; no nome de Judá estava a marca de minha ação de graças; e no de Dã, a da justiça de Deus (houve um engano: Dã é filho de Bala, escrava de Raquel); a Zabulon chamei-o assim para que todos soubessem o dom que Deus me havia feito; e com Isaacar reconheci que Ele me recompensava com juros. (Gn 23, 6.20.23.32).


Asseguro-lhes minha decisão de desejar-lhes, de todo coração, a resistência ante os fracassos e que, quando conseguirem feitos e triunfos não os retenham com avidez buscando fazer nome, mas como Maria, Débora ou Judite, tudo isso se conAlinhar à direitaverta em canção e hino à gloriosa generosidade de nosso Deus.

Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J

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