Dr. Frei Slavko Barbaric, OFM, 1996
I
Sem dúvida, está claro que muitos dos grupos de oração que existem hoje no mundo foram fundados por peregrinos de Medjugorje. Isso aconteceu por um desejo explícito de Nossa Senhora de que fossem fundados os grupos. É difícil determinar seu número exato, mas já existem centenas (cf. R. Laurentin, Oito anos, 1989, The Riehle Foundation, Milford OH, p. 56).
O primeiro grupo de oração foi fundado no dia 04 de julho de 1982, um ano após o início das aparições de Nossa Senhora. Este grupo ainda está ativo até hoje. É um grupo de oração particular. Segundo relata o vidente Ivan, a Virgem pediu àqueles que assim o desejassem que se unissem e orassem, prometeu que estaria com eles de uma maneira especial e disse que desejava que se fundassem grupos de oração em todas as comunidades paroquiais, para ajudá-la, através da oração, a realizar os projetos que o Senhor Lhe havia confiado. Inicialmente, o grupo se reunia três vezes por semana na Colina das Aparições: às segundas, quartas e sextas-feiras. Durante os encontros de oração, Nossa Senhora aparece e dá breves mensagens. Vêem-na Ivan, Marija e Vicka. No entanto, nestas ocasiões, apenas Ivan pode falar-Lhe e ouvir Suas mensagens. Quando Ivan está ausente, Marija o substitui e, quando também ela está em algum outro lugar, é a vez de Vicka. Às vezes, as reuniões são reservadas ao grupo de oração, que conta com pouco mais de quarenta membros, e outras vezes são abertas a todos. Recentemente, as reuniões passaram a ser realizadas duas vezes por semana: às segundas e às sextas-feiras e, nos últimos tempos, às terças e sextas-feiras.
A estrutura dos encontros é muito simples: oração do rosário, cantos, leitura das Sagradas Escrituras e das mensagens. Na maioria das vezes, os encontros são realizados ao ar livre, no Podbrdo, e ocasionalmente no Monte da Cruz, independentemente das condições meteorológicas.
Certamente, estas reuniões são para a realização dos planos que o Senhor confiou a Maria, Sua humilde serva, mas também para o crescimento individual de cada membro do grupo.
Quando perguntei a Ivan: "O que significa para você a participação no grupo de oração?", ele respondeu: "Neste momento, participar das reuniões do grupo é muito importante para mim. Aprendo a orar no grupo e não consigo imaginar o meu crescimento espiritual sem o grupo de oração."
II
O segundo grupo de oração foi fundado por Jelena Vasilj, em março de 1983. Naquela época, ela era uma menina de dez anos que começou a ter, e ainda tem, a experiência de locuções interiores. Segundo ela afirma, Nossa Senhora lhe fala e lhe dá ensinamentos. Este grupo de oração geralmente se reunia no salão paroquial após a missa da noite. Durante a reunião, que consistia de orações simples e cantos, Nossa Senhora dava mensagens para o grupo através de Jelena, ensinando-os a rezar. Uma das duas reuniões semanais previstas era oferecida pelas intenções do Bispo local, enquanto a segunda era dedicada à partilha de experiências. Este grupo de oração se reuniu regularmente até 1987.
Inicialmente, Jelena relatou a seguinte mensagem:
Nossa Senhora disse: “Quero que se forme aqui um grupo de oração: Eu o guiarei e darei aos membros regras de consagração. Todos no mundo poderão consagrar-se de acordo com estas regras. Pensem nisso por um mês. Digo-lhes as minhas condições:
Em primeiro lugar, vocês devem renunciar a tudo e colocar-se a si mesmos completamente nas mãos de Deus. Cada membro deve renunciar a todo medo, porque, para quem se confia completamente a Deus, não há mais lugar para o medo. Todas as dificuldades que encontrarem serão para seu crescimento espiritual e para a glória de Deus. Eu convido em particular os jovens e os solteiros, porque aqueles que são casados têm obrigações, mas todos aqueles que desejarem poderão seguir este programa, ao menos parcialmente. Eu guiarei o grupo".
Além das reuniões semanais, Nossa Senhora pediu ao grupo uma adoração noturna por mês, que se realizava de preferência na noite do primeiro sábado, terminando com a Santa Missa dominical.
III
Após este breve resumo da história dos grupos de oração de Medjugorje, podemos agora tentar responder a uma simples pergunta: o que é um grupo de oração?
O grupo de oração é uma comunidade de fiéis que se reúnem para rezar uma ou mais vezes por semana ou por mês. É um grupo de amigos que rezam juntos o terço, lêem as Sagradas Escrituras, celebram a Missa, que se visitam uns aos outros e que partilham as suas experiências espirituais. É sempre aconselhável que o grupo seja conduzido por um sacerdote, mas, se isso não for possível, a reunião de oração do grupo se faz com grande simplicidade.
Os videntes sempre salientam que o primeiro e mais importante grupo de oração é, na verdade, a família, e que apenas a partir dela nós podemos falar de uma verdadeira educação espiritual que encontra a sua continuação em um grupo de oração. Cada membro do grupo de oração deve ser ativo, participar da oração e compartilhar suas experiências. Só desta forma um grupo pode viver e crescer.
IV
O fundamento bíblico e teológico dos grupos de oração se encontra, bem como em outras passagens, nas palavras de Cristo: "Em verdade vos digo: se dois de vós se puserem de acordo na terra para pedir qualquer coisa ao Pai, o meu Pai que está no céu a concederá. Porque onde dois ou mais estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18, 19-20).
O primeiro grupo de oração foi formado na primeira novena de oração depois da Ascensão do Senhor, quando Nossa Senhora permaneceu em oração com os Apóstolos enquanto esperava que o Senhor Ressuscitado cumprisse a Sua promessa e enviasse o Espírito Santo, o que se realizou no dia Pentecostes (At 2, 1-5). Esta prática foi continuada pela jovem Igreja, como relatado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos: "Eles eram assíduos em escutar o ensinamento dos apóstolos, na união fraterna, na fração do pão e nas orações" (At 2, 42) e "Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum: aqueles que tinham propriedade ou bens, os vendiam e dividiam o produto entre todos, segundo a necessidade de cada um. Dia após dia, unidos de coração, freqüentavam assiduamente o templo e partiam o pão em casa, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade aqueles que eram salvos” (At 2,44-47 ).
V
Certamente há também uma razão sociológica para a existência de um grupo de oração, particularmente nestes tempos. Cada pessoa deve observar pessoalmente o seu próprio crescimento espiritual, mas, por causa da estrutura psicológica da pessoa humana, a comunhão com os outros é indispensável para o crescimento espiritual. Isso é especialmente importante na nossa época, em que o ritmo de vida pode facilmente levar o indivíduo a se perder: o grupo representa uma ajuda, pois permite que os membros permaneçam mais facilmente fiéis ao ritmo da oração. O grupo favorece o crescimento espiritual, corrige esse crescimento, quando necessário, e o encoraja. A experiência de cada um enriquece e ilumina a dos outros. Quem permanece sozinho corre o perigo de caminhar sem nenhum controle! É mais fácil superar todas as dificuldades no grupo, e essas serão transformadas em ricas experiências espirituais. O grupo também favorece a descoberta e a orientação dos carismas.
VI
A relação que deve existir entre os grupos de oração marianos e as comunidades paroquiais pode ser facilmente definida. É claro que o grupo de oração não é o supervisor litúrgico-pastoral das atividades do pároco. E esta é uma grande tentação para o grupo que não é bem acolhido pelo conselho pastoral paroquial, caso que não é incomum. Na verdade, vários sacerdotes manifestam uma certa desconfiança nas relações com os grupos de oração em geral e em particular com os grupos de oração nascidos a partir de Medjugorje. Se não forem cuidadosos, esses grupos podem desenvolver um espírito negativo de crítica a qualquer iniciativa tomada pelo pároco. A consequência será que o grupo irá se distanciar e se colocar à margem da comunidade paroquial até o ponto de se expor ao risco de se excluir dela. Não quero aqui aprofundar a problemática das relações entre a comunidade paroquial e os grupos de oração, quero apenas salientar que um grupo de oração de espiritualidade mariana não deve nunca deixar-se provocar nem deve colocar-se à margem: correria o risco de ir longe demais à direita ou à esquerda, ou mesmo de tornar-se sectário, o que seria prejudicial tanto para o grupo quanto para a comunidade paroquial.
Outro perigo freqüentemente encontrado nos grupos de oração marianos é a criação de uma atmosfera apocalíptica e catastrófica. Parece que sabem tudo sobre acontecimentos futuros, catástrofes e cataclismas, e difundem um espírito de medo e de ansiedade. Seu “conhecimento” é sempre alimentado por correrem atrás de pessoas que transmitem mensagens deste tipo. Acontece facilmente que esses grupos acham que sabem mais sobre os acontecimentos futuros do que aquilo que Jesus nos disse no Evangelho. Um tal espírito "catastrófico-apocalíptico" é frequentemente alimentado por "segredos" que a imaginação, muitas vezes doentia, transforma em certeza sobre o futuro.
Se um grupo sucumbe a uma dessas pragas, já não está conforme ao espírito mariano. Maria é uma Mãe e uma mãe nunca difunde o medo e a ansiedade entre os seus filhos, mas educa-os para a paz e a confiança.
O grupo de oração não só deve estar em comunhão com as iniciativas da paróquia e do conselho paroquial, mas deve ser o coração e a alma de cada comunidade paroquial. Os grupos de oração marianos são, por natureza, as “células mãe" da sua comunidade paroquial, que vivem a sua vida de oração, desenvolvendo as atitudes maternais da paróquia. A partir dessas "células-mãe" nascem novos crentes convictos, as famílias são regeneradas e salvas da divisão, os jovens são educados, surgem muitas vocações religiosas, são desenvolvidas atividades de todo gênero: litúrgico-pastorais, de caridade, de serviço aos idosos, aos doentes, aos marginalizados, aos presos. Tudo isso pode ser resumido pelas palavras que João Paulo II escreveu na Encíclica "Evangelium Vitae": a vida deve ser “respeitada, defendida, amada e servida" (cf. “Evangelium Vitae", 1995, n. 5). Os grupos de oração marianos, como células-mãe da paróquia, agem segundo os critérios expressos por Jesus e registrados por São Mateus no capítulo 25, versículos 31 a 46 do seu Evangelho, onde uma só coisa é clara: a oração, o jejum, as Missas e as confissões devem desenvolver o amor por todos os homens e a coragem de servir cada um. Um espírito, um coração materno reconhece as necessidades de seus filhos e reage, incansável, para além de todas as leis e regulamentos.
Sem dúvida, estes grupos levarão a Igreja contemporânea a uma autêntica renovação da vida cristã e revelarão a sua verdadeira face, que hoje corre o risco de estar desfigurada.
VII
Resumindo aquilo que Nossa Senhora pediu aos grupos de oração de Medjugorje, podemos dizer que se trata fundamentalmente de uma firme decisão pela oração quotidiana, pela participação na Santa Missa, pela confissão mensal, pelo testemunho e pela colaboração com a paróquia. Uma vez, antes do Natal, Nossa Senhora pediu a todos os membros do grupo que fizessem boas ações e então eles saíram para ajudar os anciãos, visitaram os doentes e os enfermos, ajudaram a consertar as casas das famílias pobres, a preparar as casas para o inverno, etc.
A nível espiritual, a Virgem pediu-lhes, além dos encontros semanais de oração, que organizassem retiros de um ou mais dias, que tivessem contato com a natureza e que fizessem vários exercícios espirituais.
As regras para os grupos de oração de Medjugorje que podem ser extraídas das mensagens são as seguintes:
1. Renunciar a tudo e abandonar-se completamente nas mãos de Deus, acreditando que tudo o que acontece será para o bem;
2. O convite aos jovens para participarem dos grupos de oração;
3. Renunciar a todo medo e ansiedade, porque, no abandono a Deus, não há lugar para o medo;
4. Amar os inimigos e remover do coração toda malícia, rancor e julgamento;
5. Jejuar duas vezes por semana;
6. Reunir-se no grupo pelo menos uma vez por semana;
7. Decidir-se por três horas de oração por dia, incluindo a oração da manhã e a da noite, comparecer à Missa, recebendo a Comunhão, fazer Adoração e decidir-se a estender o espírito de oração ao trabalho diário;
8. Rezar pelos Bispos e por todos aqueles que exercem autoridade na Igreja;
9. Decidir-se a participar do grupo de oração pelo menos por quatro anos e usar esse tempo para seu amadurecimento pessoal; por essa razão, não fazer, durante esse tempo, nenhuma nova ou fundamental escolha de vida;
10. Ter um sacerdote em cada grupo.
Em 25 de abril de 1983, através de Jelena, Nossa Senhora deu a seguinte mensagem: "Diga aos meus filhos e às minhas filhas que o meu Coração arde de amor por eles. Peço apenas a conversão, apenas a conversão”.
VIII
Em seu testemunho sobre o seu grupo de oração, em Lima, Peru, Cecilia Batlle de Zavala escreve que:
- Todas as terças-feiras se reúnem para a oração do Rosário, a leitura das mensagens, o ensino, os testemunhos. P. Angelo Costa, seu guia espiritual, vai ao grupo uma vez por mês para acompanhá-lo espiritualmente;
- Entre eles existe um grupo de mulheres, que aumenta constantemente, que se dedica aos prisioneiros, rezando com eles, levando-lhes livros, visitando e assistindo suas famílias;
- Um grupo vai regularmente aos hospitais para visitar os doentes mais abandonados, para ajudá-los espiritual e materialmente;
- Um grupo vai às casas de repouso com o mesmo fim;
- Organizam retiros espirituais para as famílias e para os jovens;
- Durante o conflito entre Peru e Equador, eles organizaram um grande projeto: o “Rosário pelos militares”. Informaram disso todos os centros militares e receberam muitas cartas tocantes de oficiais e soldados (De um relatório feito no VI encontro dos centros marianos "Kraljica Mira", em Quito, Equador, em outubro de 1995).
IX
Gostaria de concluir com a mensagem que Nossa Senhora nos deu no dia 25 de novembro de 1994:
"Queridos filhos, hoje os convido à oração. Eu estou com vocês e amo todos vocês. Eu sou sua Mãe e desejo que seus corações sejam semelhantes ao meu Coração. Filhinhos, sem oração vocês não podem viver, nem dizer que são meus. A oração é alegria, a oração é aquilo que deseja o coração humano. Por isso, filhinhos, aproximem-se do meu Imaculado Coração e descobrirão Deus. Obrigada por terem respondido ao meu chamado”.
Frei Slavko Barbaric, 1996
I
Sem dúvida, está claro que muitos dos grupos de oração que existem hoje no mundo foram fundados por peregrinos de Medjugorje. Isso aconteceu por um desejo explícito de Nossa Senhora de que fossem fundados os grupos. É difícil determinar seu número exato, mas já existem centenas (cf. R. Laurentin, Oito anos, 1989, The Riehle Foundation, Milford OH, p. 56).
O primeiro grupo de oração foi fundado no dia 04 de julho de 1982, um ano após o início das aparições de Nossa Senhora. Este grupo ainda está ativo até hoje. É um grupo de oração particular. Segundo relata o vidente Ivan, a Virgem pediu àqueles que assim o desejassem que se unissem e orassem, prometeu que estaria com eles de uma maneira especial e disse que desejava que se fundassem grupos de oração em todas as comunidades paroquiais, para ajudá-la, através da oração, a realizar os projetos que o Senhor Lhe havia confiado. Inicialmente, o grupo se reunia três vezes por semana na Colina das Aparições: às segundas, quartas e sextas-feiras. Durante os encontros de oração, Nossa Senhora aparece e dá breves mensagens. Vêem-na Ivan, Marija e Vicka. No entanto, nestas ocasiões, apenas Ivan pode falar-Lhe e ouvir Suas mensagens. Quando Ivan está ausente, Marija o substitui e, quando também ela está em algum outro lugar, é a vez de Vicka. Às vezes, as reuniões são reservadas ao grupo de oração, que conta com pouco mais de quarenta membros, e outras vezes são abertas a todos. Recentemente, as reuniões passaram a ser realizadas duas vezes por semana: às segundas e às sextas-feiras e, nos últimos tempos, às terças e sextas-feiras.
A estrutura dos encontros é muito simples: oração do rosário, cantos, leitura das Sagradas Escrituras e das mensagens. Na maioria das vezes, os encontros são realizados ao ar livre, no Podbrdo, e ocasionalmente no Monte da Cruz, independentemente das condições meteorológicas.
Certamente, estas reuniões são para a realização dos planos que o Senhor confiou a Maria, Sua humilde serva, mas também para o crescimento individual de cada membro do grupo.
Quando perguntei a Ivan: "O que significa para você a participação no grupo de oração?", ele respondeu: "Neste momento, participar das reuniões do grupo é muito importante para mim. Aprendo a orar no grupo e não consigo imaginar o meu crescimento espiritual sem o grupo de oração."
II
O segundo grupo de oração foi fundado por Jelena Vasilj, em março de 1983. Naquela época, ela era uma menina de dez anos que começou a ter, e ainda tem, a experiência de locuções interiores. Segundo ela afirma, Nossa Senhora lhe fala e lhe dá ensinamentos. Este grupo de oração geralmente se reunia no salão paroquial após a missa da noite. Durante a reunião, que consistia de orações simples e cantos, Nossa Senhora dava mensagens para o grupo através de Jelena, ensinando-os a rezar. Uma das duas reuniões semanais previstas era oferecida pelas intenções do Bispo local, enquanto a segunda era dedicada à partilha de experiências. Este grupo de oração se reuniu regularmente até 1987.
Inicialmente, Jelena relatou a seguinte mensagem:
Nossa Senhora disse: “Quero que se forme aqui um grupo de oração: Eu o guiarei e darei aos membros regras de consagração. Todos no mundo poderão consagrar-se de acordo com estas regras. Pensem nisso por um mês. Digo-lhes as minhas condições:
Em primeiro lugar, vocês devem renunciar a tudo e colocar-se a si mesmos completamente nas mãos de Deus. Cada membro deve renunciar a todo medo, porque, para quem se confia completamente a Deus, não há mais lugar para o medo. Todas as dificuldades que encontrarem serão para seu crescimento espiritual e para a glória de Deus. Eu convido em particular os jovens e os solteiros, porque aqueles que são casados têm obrigações, mas todos aqueles que desejarem poderão seguir este programa, ao menos parcialmente. Eu guiarei o grupo".
Além das reuniões semanais, Nossa Senhora pediu ao grupo uma adoração noturna por mês, que se realizava de preferência na noite do primeiro sábado, terminando com a Santa Missa dominical.
III
Após este breve resumo da história dos grupos de oração de Medjugorje, podemos agora tentar responder a uma simples pergunta: o que é um grupo de oração?
O grupo de oração é uma comunidade de fiéis que se reúnem para rezar uma ou mais vezes por semana ou por mês. É um grupo de amigos que rezam juntos o terço, lêem as Sagradas Escrituras, celebram a Missa, que se visitam uns aos outros e que partilham as suas experiências espirituais. É sempre aconselhável que o grupo seja conduzido por um sacerdote, mas, se isso não for possível, a reunião de oração do grupo se faz com grande simplicidade.
Os videntes sempre salientam que o primeiro e mais importante grupo de oração é, na verdade, a família, e que apenas a partir dela nós podemos falar de uma verdadeira educação espiritual que encontra a sua continuação em um grupo de oração. Cada membro do grupo de oração deve ser ativo, participar da oração e compartilhar suas experiências. Só desta forma um grupo pode viver e crescer.
IV
O fundamento bíblico e teológico dos grupos de oração se encontra, bem como em outras passagens, nas palavras de Cristo: "Em verdade vos digo: se dois de vós se puserem de acordo na terra para pedir qualquer coisa ao Pai, o meu Pai que está no céu a concederá. Porque onde dois ou mais estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18, 19-20).
O primeiro grupo de oração foi formado na primeira novena de oração depois da Ascensão do Senhor, quando Nossa Senhora permaneceu em oração com os Apóstolos enquanto esperava que o Senhor Ressuscitado cumprisse a Sua promessa e enviasse o Espírito Santo, o que se realizou no dia Pentecostes (At 2, 1-5). Esta prática foi continuada pela jovem Igreja, como relatado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos: "Eles eram assíduos em escutar o ensinamento dos apóstolos, na união fraterna, na fração do pão e nas orações" (At 2, 42) e "Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum: aqueles que tinham propriedade ou bens, os vendiam e dividiam o produto entre todos, segundo a necessidade de cada um. Dia após dia, unidos de coração, freqüentavam assiduamente o templo e partiam o pão em casa, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade aqueles que eram salvos” (At 2,44-47 ).
V
Certamente há também uma razão sociológica para a existência de um grupo de oração, particularmente nestes tempos. Cada pessoa deve observar pessoalmente o seu próprio crescimento espiritual, mas, por causa da estrutura psicológica da pessoa humana, a comunhão com os outros é indispensável para o crescimento espiritual. Isso é especialmente importante na nossa época, em que o ritmo de vida pode facilmente levar o indivíduo a se perder: o grupo representa uma ajuda, pois permite que os membros permaneçam mais facilmente fiéis ao ritmo da oração. O grupo favorece o crescimento espiritual, corrige esse crescimento, quando necessário, e o encoraja. A experiência de cada um enriquece e ilumina a dos outros. Quem permanece sozinho corre o perigo de caminhar sem nenhum controle! É mais fácil superar todas as dificuldades no grupo, e essas serão transformadas em ricas experiências espirituais. O grupo também favorece a descoberta e a orientação dos carismas.
VI
A relação que deve existir entre os grupos de oração marianos e as comunidades paroquiais pode ser facilmente definida. É claro que o grupo de oração não é o supervisor litúrgico-pastoral das atividades do pároco. E esta é uma grande tentação para o grupo que não é bem acolhido pelo conselho pastoral paroquial, caso que não é incomum. Na verdade, vários sacerdotes manifestam uma certa desconfiança nas relações com os grupos de oração em geral e em particular com os grupos de oração nascidos a partir de Medjugorje. Se não forem cuidadosos, esses grupos podem desenvolver um espírito negativo de crítica a qualquer iniciativa tomada pelo pároco. A consequência será que o grupo irá se distanciar e se colocar à margem da comunidade paroquial até o ponto de se expor ao risco de se excluir dela. Não quero aqui aprofundar a problemática das relações entre a comunidade paroquial e os grupos de oração, quero apenas salientar que um grupo de oração de espiritualidade mariana não deve nunca deixar-se provocar nem deve colocar-se à margem: correria o risco de ir longe demais à direita ou à esquerda, ou mesmo de tornar-se sectário, o que seria prejudicial tanto para o grupo quanto para a comunidade paroquial.
Outro perigo freqüentemente encontrado nos grupos de oração marianos é a criação de uma atmosfera apocalíptica e catastrófica. Parece que sabem tudo sobre acontecimentos futuros, catástrofes e cataclismas, e difundem um espírito de medo e de ansiedade. Seu “conhecimento” é sempre alimentado por correrem atrás de pessoas que transmitem mensagens deste tipo. Acontece facilmente que esses grupos acham que sabem mais sobre os acontecimentos futuros do que aquilo que Jesus nos disse no Evangelho. Um tal espírito "catastrófico-apocalíptico" é frequentemente alimentado por "segredos" que a imaginação, muitas vezes doentia, transforma em certeza sobre o futuro.
Se um grupo sucumbe a uma dessas pragas, já não está conforme ao espírito mariano. Maria é uma Mãe e uma mãe nunca difunde o medo e a ansiedade entre os seus filhos, mas educa-os para a paz e a confiança.
O grupo de oração não só deve estar em comunhão com as iniciativas da paróquia e do conselho paroquial, mas deve ser o coração e a alma de cada comunidade paroquial. Os grupos de oração marianos são, por natureza, as “células mãe" da sua comunidade paroquial, que vivem a sua vida de oração, desenvolvendo as atitudes maternais da paróquia. A partir dessas "células-mãe" nascem novos crentes convictos, as famílias são regeneradas e salvas da divisão, os jovens são educados, surgem muitas vocações religiosas, são desenvolvidas atividades de todo gênero: litúrgico-pastorais, de caridade, de serviço aos idosos, aos doentes, aos marginalizados, aos presos. Tudo isso pode ser resumido pelas palavras que João Paulo II escreveu na Encíclica "Evangelium Vitae": a vida deve ser “respeitada, defendida, amada e servida" (cf. “Evangelium Vitae", 1995, n. 5). Os grupos de oração marianos, como células-mãe da paróquia, agem segundo os critérios expressos por Jesus e registrados por São Mateus no capítulo 25, versículos 31 a 46 do seu Evangelho, onde uma só coisa é clara: a oração, o jejum, as Missas e as confissões devem desenvolver o amor por todos os homens e a coragem de servir cada um. Um espírito, um coração materno reconhece as necessidades de seus filhos e reage, incansável, para além de todas as leis e regulamentos.
Sem dúvida, estes grupos levarão a Igreja contemporânea a uma autêntica renovação da vida cristã e revelarão a sua verdadeira face, que hoje corre o risco de estar desfigurada.
VII
Resumindo aquilo que Nossa Senhora pediu aos grupos de oração de Medjugorje, podemos dizer que se trata fundamentalmente de uma firme decisão pela oração quotidiana, pela participação na Santa Missa, pela confissão mensal, pelo testemunho e pela colaboração com a paróquia. Uma vez, antes do Natal, Nossa Senhora pediu a todos os membros do grupo que fizessem boas ações e então eles saíram para ajudar os anciãos, visitaram os doentes e os enfermos, ajudaram a consertar as casas das famílias pobres, a preparar as casas para o inverno, etc.
A nível espiritual, a Virgem pediu-lhes, além dos encontros semanais de oração, que organizassem retiros de um ou mais dias, que tivessem contato com a natureza e que fizessem vários exercícios espirituais.
As regras para os grupos de oração de Medjugorje que podem ser extraídas das mensagens são as seguintes:
1. Renunciar a tudo e abandonar-se completamente nas mãos de Deus, acreditando que tudo o que acontece será para o bem;
2. O convite aos jovens para participarem dos grupos de oração;
3. Renunciar a todo medo e ansiedade, porque, no abandono a Deus, não há lugar para o medo;
4. Amar os inimigos e remover do coração toda malícia, rancor e julgamento;
5. Jejuar duas vezes por semana;
6. Reunir-se no grupo pelo menos uma vez por semana;
7. Decidir-se por três horas de oração por dia, incluindo a oração da manhã e a da noite, comparecer à Missa, recebendo a Comunhão, fazer Adoração e decidir-se a estender o espírito de oração ao trabalho diário;
8. Rezar pelos Bispos e por todos aqueles que exercem autoridade na Igreja;
9. Decidir-se a participar do grupo de oração pelo menos por quatro anos e usar esse tempo para seu amadurecimento pessoal; por essa razão, não fazer, durante esse tempo, nenhuma nova ou fundamental escolha de vida;
10. Ter um sacerdote em cada grupo.
Em 25 de abril de 1983, através de Jelena, Nossa Senhora deu a seguinte mensagem: "Diga aos meus filhos e às minhas filhas que o meu Coração arde de amor por eles. Peço apenas a conversão, apenas a conversão”.
VIII
Em seu testemunho sobre o seu grupo de oração, em Lima, Peru, Cecilia Batlle de Zavala escreve que:
- Todas as terças-feiras se reúnem para a oração do Rosário, a leitura das mensagens, o ensino, os testemunhos. P. Angelo Costa, seu guia espiritual, vai ao grupo uma vez por mês para acompanhá-lo espiritualmente;
- Entre eles existe um grupo de mulheres, que aumenta constantemente, que se dedica aos prisioneiros, rezando com eles, levando-lhes livros, visitando e assistindo suas famílias;
- Um grupo vai regularmente aos hospitais para visitar os doentes mais abandonados, para ajudá-los espiritual e materialmente;
- Um grupo vai às casas de repouso com o mesmo fim;
- Organizam retiros espirituais para as famílias e para os jovens;
- Durante o conflito entre Peru e Equador, eles organizaram um grande projeto: o “Rosário pelos militares”. Informaram disso todos os centros militares e receberam muitas cartas tocantes de oficiais e soldados (De um relatório feito no VI encontro dos centros marianos "Kraljica Mira", em Quito, Equador, em outubro de 1995).
IX
Gostaria de concluir com a mensagem que Nossa Senhora nos deu no dia 25 de novembro de 1994:
"Queridos filhos, hoje os convido à oração. Eu estou com vocês e amo todos vocês. Eu sou sua Mãe e desejo que seus corações sejam semelhantes ao meu Coração. Filhinhos, sem oração vocês não podem viver, nem dizer que são meus. A oração é alegria, a oração é aquilo que deseja o coração humano. Por isso, filhinhos, aproximem-se do meu Imaculado Coração e descobrirão Deus. Obrigada por terem respondido ao meu chamado”.
Frei Slavko Barbaric, 1996
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