
Ao falar das Madres do deserto vejo necessário escrever um simples conceito de deserto, pois temos uma visão muito limitada sobre isso. Então, hoje darei uma pequena explicação do que é o deserto.
O deserto é categoria bíblica e, desde que o desígnio de Deus quis que o povo hebreu passasse pelo deserto para chegar a ser seu povo, o caminho que conduz a Deus passa por este espaço geográfico ou místico. De ora em diante, o deserto estará sempre presente, seja como lugar de prova, seja como lugar de esponsais. É condição para que alguém lhe pertença. Do século IV em diante, homens e mulheres seguiram o movimento do Êxodo do Povo de Deus, atraídos pela experiência contada e recontada pela Escritura.
Uma leitura posterior percebe duas teologias que se cruzam. A primeira considera o deserto sob o signo da maldição, diante as obra criadora e fecunda de Deus. Se o dom de Deus é vida para uma terra antes informe e vazia, o deserto é uma terra que Deus não abençoou. Tornar deserta uma região equivale a fazê-la retornar ao caos, reduzi-la a habitação de demônios. É assim que o vemos nos Evangelhos, como lugar para onde Jesus se encaminha para enfrentar o demônio em seu terreno. No seguimento de Jesus, homens e mulheres de Deus entram pelo deserto para transformar a terra da maldição em lugar de bênção. Entram não sem medo dos perigos concretos. A fé era sua grande ajuda.
A segunda leitura, que prevalece, é mística, idealista. Agar encontra no deserto refúgio e proteção. A permanência do povo no deserto será lembrada como o tempo das maravilhas de Deus – maná, água, luz... – acentuando sua presença junto ao povo. A experiência do Sinai constitui o povo de Israel. Elias, Eliseu, os filhos dos profetas, os monges de Qumran, tentarão sem cessar recuperar o sopro primitivo do deserto e do Sinai, como locais da regeneração, do encontro amoroso com Deus, do diálogo contemplativo.
Duas teologias, duas tendências, duas realidades do deserto, a saber, o combate e a mística, cujo fruto é a “Hesychia”, pois o deserto cria as condições favoráveis para encontrar a paz e nela permanecer.
O deserto é a experiência dos limites humanos, assim, experiência de pobreza verdadeira porque tudo se espera de Deus.
Deserto é o não procurar uma posição segura e estável; é provisoriedade na certeza do melhor ao qual precisa voltar-se.
Deserto é viver sobre uma tenda móvel e precária porque a meta é sempre mais longe, sempre a alcançar.
Deserto é caminhar para a casa nupcial e no mesmo tempo é já experiência de amor; experiência de um amor constante, fiel, do qual tudo depende e nada faz faltar.
Deserto é a fuga da escravidão e no mesmo tempo e luta sofrimento.
O deserto é a terra do exílio e da espera; o tempo e o lugar da fé e da esperança. Naturalmente também da caridade, a qual, porém haverá a sua perfeição na eternidade.
Deserto é ausência de tudo que não é Deus para ser totalmente a Ele disponível.
Se quisermos aplicar o conceito a nós, devemos dizer que o deserto recorda sim a incompletude da nossa perfeição e daquela da Igreja. Não basta ter sido libertado da escravidão do Egito (mundo), ter prodigiosamente atravessado o Mar Vermelho (tentações), ter recebido a Lei de Deus sobre o Monte Sinai (Regra de Vida) e ter sido saciado com comidas e bebidas milagrosas. (Eucaristia); a salvação não é ainda estável e completamente realizada.
“É este o tempo e o lugar no qual devemos aplicar-nos – com temor e tremor – a nossa saúde espiritual. È o lugar e o tempo da paciência dos santos. Ou, se quer da santa insatisfação do cristão, que está com um pé neste século e com o outro naquele futuro.
Vemos então, que para viver o deserto não é necessário sermos monges, podemos viver o deserto como cristãos, batizados. Porém essa necessidade cresce na sociedade em que vivemos, onde o barulho é crescente e as pessoas se esquecem de sua alma, da vida espiritual.
O deserto é categoria bíblica e, desde que o desígnio de Deus quis que o povo hebreu passasse pelo deserto para chegar a ser seu povo, o caminho que conduz a Deus passa por este espaço geográfico ou místico. De ora em diante, o deserto estará sempre presente, seja como lugar de prova, seja como lugar de esponsais. É condição para que alguém lhe pertença. Do século IV em diante, homens e mulheres seguiram o movimento do Êxodo do Povo de Deus, atraídos pela experiência contada e recontada pela Escritura.
Uma leitura posterior percebe duas teologias que se cruzam. A primeira considera o deserto sob o signo da maldição, diante as obra criadora e fecunda de Deus. Se o dom de Deus é vida para uma terra antes informe e vazia, o deserto é uma terra que Deus não abençoou. Tornar deserta uma região equivale a fazê-la retornar ao caos, reduzi-la a habitação de demônios. É assim que o vemos nos Evangelhos, como lugar para onde Jesus se encaminha para enfrentar o demônio em seu terreno. No seguimento de Jesus, homens e mulheres de Deus entram pelo deserto para transformar a terra da maldição em lugar de bênção. Entram não sem medo dos perigos concretos. A fé era sua grande ajuda.
A segunda leitura, que prevalece, é mística, idealista. Agar encontra no deserto refúgio e proteção. A permanência do povo no deserto será lembrada como o tempo das maravilhas de Deus – maná, água, luz... – acentuando sua presença junto ao povo. A experiência do Sinai constitui o povo de Israel. Elias, Eliseu, os filhos dos profetas, os monges de Qumran, tentarão sem cessar recuperar o sopro primitivo do deserto e do Sinai, como locais da regeneração, do encontro amoroso com Deus, do diálogo contemplativo.
Duas teologias, duas tendências, duas realidades do deserto, a saber, o combate e a mística, cujo fruto é a “Hesychia”, pois o deserto cria as condições favoráveis para encontrar a paz e nela permanecer.
O deserto é a experiência dos limites humanos, assim, experiência de pobreza verdadeira porque tudo se espera de Deus.
Deserto é o não procurar uma posição segura e estável; é provisoriedade na certeza do melhor ao qual precisa voltar-se.
Deserto é viver sobre uma tenda móvel e precária porque a meta é sempre mais longe, sempre a alcançar.
Deserto é caminhar para a casa nupcial e no mesmo tempo é já experiência de amor; experiência de um amor constante, fiel, do qual tudo depende e nada faz faltar.
Deserto é a fuga da escravidão e no mesmo tempo e luta sofrimento.
O deserto é a terra do exílio e da espera; o tempo e o lugar da fé e da esperança. Naturalmente também da caridade, a qual, porém haverá a sua perfeição na eternidade.
Deserto é ausência de tudo que não é Deus para ser totalmente a Ele disponível.
Se quisermos aplicar o conceito a nós, devemos dizer que o deserto recorda sim a incompletude da nossa perfeição e daquela da Igreja. Não basta ter sido libertado da escravidão do Egito (mundo), ter prodigiosamente atravessado o Mar Vermelho (tentações), ter recebido a Lei de Deus sobre o Monte Sinai (Regra de Vida) e ter sido saciado com comidas e bebidas milagrosas. (Eucaristia); a salvação não é ainda estável e completamente realizada.
“É este o tempo e o lugar no qual devemos aplicar-nos – com temor e tremor – a nossa saúde espiritual. È o lugar e o tempo da paciência dos santos. Ou, se quer da santa insatisfação do cristão, que está com um pé neste século e com o outro naquele futuro.
Vemos então, que para viver o deserto não é necessário sermos monges, podemos viver o deserto como cristãos, batizados. Porém essa necessidade cresce na sociedade em que vivemos, onde o barulho é crescente e as pessoas se esquecem de sua alma, da vida espiritual.
Madre Rosa Maria de Lima, F.M.D.J
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