domingo, 19 de setembro de 2010
Introdução a Matrologia
Matrologia é o estudo acerca das Madres do Deserto. Estaremos percorrendo o conhecimento de suas vidas, mulheres que renunciaram ao mundo para seguir o Senhor Jesus mais de perto. Porém é necessário que conheçamos ao menos um pouco o desenrolar histórico da vida religiosa e depois da vida monástica, e assim podermos adentrar no assunto das Madres do deserto.
A vida religiosa é caracterizada pelos votos evangélicos, vida comunitária. Brota do seio da Igreja porque ela está no mistério da igreja, portanto no mistério de Cristo. A vida religiosa deve ser estudada levando-se em conta a natureza da Igreja de Cristo, sua missão de convocação, de comunhão, de carismas e de vida. A Igreja como povo de Deus, que Ele escolheu para si, vista em todo o seu conjunto (povo de sacerdotes, profetas e reis), como corpo místico de Cristo, santuário do Espírito, e que confere a vida religiosa o seu verdadeiro sentido existencial, eclesiológico e carismático.
O objetivo da nossa reflexão em torno do fenômeno da vida religiosa é contemplar o mistério de Deus. A vida religiosa é gratuidade, é dom de Deus.
Apesar das ameaças interiores e exteriores, a vida religiosa morre e renasce, não é eliminada. A influência do poder temporal pode acabar com alguma comunidade. Mas quando morre, outra renasce por obra do Espírito.
O Monaquismo é uma experiência de vida cristã vivida sobre o exemplo da primitiva comunidade cristã de Jerusalém descrita nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos; é um reviver sobre o exemplo de Jesus e na recordação do Êxodo, a experiência do deserto destinado como lugar de reflexão e oração e, conseqüentemente, de escolhas religiosas radicais, feitas com espírito de fé, seguindo Jesus; é um repetir a experiência de Abraão que sai da sua terra e vai, para seguir a voz do Senhor, que ainda não conhece profundamente, e para realizar - na fé - os projetos de Deus com uma renúncia total aos seus projetos humanos.
A vida monástica começou sendo obediência escuta, ou seja, uma resposta à Palavra de Deus. Que vem do desejo ardente, apaixonante de viver a Palavra.
Tal obediência é ameaçada pela desobediência daquele que rejeitou a obedecer, o demônio. Por isso, o movimento monástico nos primeiros séculos emerge como luta pela obediência, pela fidelidade à Aliança um a sós com a Palavra de Deus retirar-se no deserto para entregar-se à contínua leitura e meditação da Sagrada Escritura encarnada em sua própria vida. O principal objetivo desta forma de vida é de viver em obediência à palavra de Deus. Trata-se de um estilo de vida ao mesmo tempo profético e evangélico. Retira-se no deserto para encontrar-se com Deus e lutar contra o demônio.
Nesta nossa civilização da ciência e da técnica, assim exaltante para ser considerada como capazes - sozinhas – de resolver todos os problemas do homem, reaparece prepotente exigência de dar um “senso” ao nosso viver cotidiano, ao nosso trabalho de cada dia; de buscar alguma coisa de verdadeiro, de “sempre” verdadeiro, isto é, de descobrir o Absoluto: Deus e os valores cristãos.
O homem de hoje, em meio à correria da vida moderna, sente a necessidade de parar em recolhimento, de encontrar lugares que o ajudam a reentrarem em si mesmos, a refletir sobre o que é mais importante para o homem, a fim de realizar plenamente a si mesmo como homem.
Que os mosteiros com seu ritmo de vida que une admiravelmente a oração e o trabalho (ora et labora) , possam assim tornarem-se - sobretudo hoje – lugares privilegiados e estimulantes de reflexões profundas, próprio nesta nossa sociedade em fase de avançada industrialização.
Sobre o plano existencial, a vida monástica mostra um duplo aspecto: de uma parte a renúncia de si mesmo e às coisas terrenas; de outra o desejo de tomar posse das realidades do Reino. Essa é ascética (mortificação e separação) e mística (imersão e união com Deus).
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