quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Teologia da Libertação - Marxismo?
Parte 1 e Parte 2 abaixo
A teologia da libertação surgiu, mais especificamente, na América Latina, na década de 60, e ganhou adeptos principalmente nas Comunidades Eclesiais de Base. A partir dos anos 80 pudemos sentir mais de perto a sua ação. Foi então que o Cardeal Ratzinguer, hoje o nosso amado Papa Bento XVI, escreveu um importante artigo intitulado “Eu vos explico a teologia da libertação” (Revista PR,n. 276, set-out, 1984, pp 354-365), onde deixou claro todo o seu perigo. Analisando este artigo, D.Estevão Bettencourt, afirma: "O autor mostra que a teologia da libertação não trata apenas de desenvolver a ética social cristã em vista da situação socioeconômica da América Latina, mas revolve todas as concepções do Cristianismo: doutrina da fé, constituição da Igreja, Liturgia, catequese, opções morais, etc.
Entre as afirmações, o então Cardeal Prefeito diz:
"A gravidade da teologia da libertação não é avaliada de modo suficiente; não entra em nenhum esquema de heresia até hoje existente; é a subversão radical do Cristianismo, que torna urgente o problema do que se possa e se deva fazer frente a ela". (os grifos são meus)
“A teologia da libertação é uma nova versão do Cristianismo, segundo o racionalismo do teólogo protestante Rudolf Bultmann, e do marxismo, usando "a seu modo", uma linguagem teológica e até dogmática, pertencente ao patrimônio da igreja, revestindo-se até de uma certa mística, para disfarçar os seus erros”.
O então Cardeal foi muito claro ao afirmar o perigo:
"Com a análise do fenômeno da teologia da libertação torna-se manifesto um perigo fundamental para a fé da Igreja. Sem dúvida, é preciso ter presente que um erro não pode existir se não contém um núcleo de verdade. De fato, um erro é tanto mais perigoso quanto maior for a proporção do núcleo de verdade assumida".
E o Cardeal vai explicando esta teologia "nova":
"Essa teologia não pretende constituir-se como um novo tratado teológico ao lado dos outros já existentes; não pretende, por exemplo, elaborar novos aspectos da ética social da Igreja. Ela se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão do Cristianismo na sua totalidade. Por isso mesmo muda todas as formas da vida eclesial; a constituição eclesiástica, a Liturgia, a catequese, as opções morais..."
"A teologia da libertação pretende dar nova interpretação global do Cristianismo; explica o Cristianismo como uma práxis de libertação e pretende constituir-se, ela mesma, um guia para tal práxis. Mas, assim como, segundo essa teologia, toda realidade é política, também a libertação é um conceito político e o guia rumo à libertação deve ser um guia para a ação política".
A libertação, para a teologia da libertação, é conquistada pela via política, e não pela Redenção de Jesus, o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo1,29). Jesus veio para "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mt 1,21), e disse a Pilatos que “o seu Reino não é deste mundo”. O pecado, para a teologia da libertação, se resume quase que só no "pecado social", mas este, não será "arrancado" com a conversão e com os Sacramentos da Igreja, mas com a “libertação” do povo, pela luta política. Daí o fato de haver um laxismo moral e espiritual em muitos adeptos dessa teologia. Muitos não valorizam a celebração da Missa, a não ser como uma "celebração de mobilização política" do povo oprimido. Não se valoriza suficientemente a oração, a Confissão, a Eucaristia, o santo Rosário, a adoração ao Santíssimo Sacramento, e a todas as práticas de espiritualidade tradicionais, que são, então, consideradas superadas e até alienantes.
Conheço várias jovens sacerdotes que se formaram em seminários fortemente influenciados pela teologia da libertação, e que hoje deixaram o sacerdócio, ficaram esvaziados espiritualmente... Noto que nem se realizaram no campo social e nem no campo religioso.
O então Cardeal Ratzinguer mostrou que é difícil enfrentar esse perigo, pois, como afirma:
"Os teólogos da libertação continuam a usar grande parte da linguagem ascética e dogmática da Igreja em chave nova, de tal modo que aqueles que lêem e escutam, partindo de outra visão, podem ter a impressão de reencontrar o patrimônio antigo com o acréscimo apenas de algumas afirmações um pouco estranhas..."
conforme a definiu o ex-frei Boff, é marxismo na Teologia. O ex-Frei Boff fez a seguinte declaração, num artigo. no Jornal do Brasil, em 6 de Abril de 1980:
"O que propomos não é Teologia dentro do marxismo, mas marxismo (materialismo histórico) dentro da Teologia".
E ainda: "O método da Teologia da Libertação... é o método dialético." (Leonardo e Clodovis Boff, Teologia da Libertação no Debate Atual, Vozes, Petrópolis, p. 22).
"A teologia da libertação arranca deste tipo de leitura da realidade social, crítico radical e dialético estruturalista" (L. e Clodovis Boff, Da Libertação, Vozes, Petrópolis, 4a edição , p,17).
E ele explica qual a conseqüência disso: "Na Teologia da Libertação, a questão de fundo não é a Teologia, mas a Libertação" (L. Boff e Clodovis Boff , Teologia da Libertação no Debate Atual, Vozes, Petrópolis, 1985, p.17).
Michael Löwy assim resume a doutrina e fins da Teologia da Libertação:
"1- Um implacável requisitório moral e social contra o capitalismo dependente, seja como sistema injusto, iníquo, seja como forma de pecado estrutural".
"2- A utilização do instrumental marxista para compreender as causas da pobreza, as contradições do capitalismo e as formas da luta de classes".
"3 - Uma opção preferencial em favor dos pobres e da solidariedade com a sua luta pela auto libertação".
"4 - O desenvolvimento de comunidades cristãs de base entre os pobres, como uma nova forma da Igreja e como alternativa ao modo de vida individualista imposto pelo sistema capitalista".
"5 - Uma nova leitura da Bíblia, voltada principalmente para as passagens como o Êxodo -- paradigma da luta de libertação de um povo escravizado".
"6 - A luta contra a idolatria (e não o ateísmo) como inimigo principal da religião -- isto é, contra os ídolos da morte, adorados pelos novos faraós, os novos Césares e os novos Herodes: Mamon, a Riqueza, o Poder, a Segurança Nacional, o Estado, a Força Militar, a "Civilização Ocidental".
"7 -- A libertação humana histórica como antecipação da salvação final em Cristo, como Reino de Deus".
* 8 -- Uma crítica da teologia dualista tradicional como produto da filosofia platônica grega e não da tradição bíblica -- nas quais as histórias humana e divina são distintas mas inseparáveis" (Michael Löwy, Marxismo e Teologia da Libertação, Cortez ed. São Paulo, 1991, pp. 27-28. Itálicos são do original).
Teologia da libertação não é um estilo de teologia, mas uma metodologia marxista!
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